segunda-feira, 26 de julho de 2010

A TRADIÇÃO DE RENÚNCIAS DE SERRA E O SEU ATERRADOR VICE



Serra tem em seu histórico a renúncia de seus mandatos na busca de situações mais vantajosas para ele. Mesmo assumindo por escrito e em cartório o compromisso de não renunciar, caiu em tentação e renunciou quando era prefeito e governador de São Paulo. A egoísta ambição sempre lhe falou mais alto. A grave irresponsabilidade e tragédia seria, no caso de eleito, novamente renunciar na busca de outro benefício e deixar o Brasil nas mãos do medíocre e perigoso Índio da Costa.

O VICE DE SERRA

Mário Augusto Jakobskind

“O emergente da Barra, Índio da Costa, imposto pelo Demo como vice de José Serra, em pouco mais de uma semana já mostrou em que time joga. É jovem para a política, mas velho no ideário, pois está sintonizado na linguagem da Guerra Fria, que tanto mal causou ao Brasil. Resta agora saber exatamente que setores o instruíram para lançar as baboseiras que anda dizendo. Este Índio inclusive envergonha a etnia indígena, porque o seu nome associa negativamente a esse grupo que faz parte da nacionalidade brasileira. E depõe também contra o Rio de Janeiro.

Na verdade, a cria de Cesar Maia é um exemplo concreto da mediocridade da direita brasileira, que quando se vê em momento de aperto, no caso em função da campanha eleitoral, apela para tudo, inclusive a mentira e a manipulação da informação, imaginando que com isso obterá dividendos eleitorais.

Os argumentos levantados pelo (tiremos o índio em homenagem aos indígenas) da Costa são oriundos do manancial programático da CIA na América Latina e que Serra também encampou. Na verdade o candidato do PSDB começou com a história de narcotráfico tentando envolver o governo boliviano. Não colou, apenas demonstrou o perigo para a integração latino-americana que representa o ideário tucano.

Associar a esquerda na América Latina com o narcotráfico, como fez da Costa em relação ao PT e as Farcs, faz parte do jogo de queimar a imagem de grupos que não aceitam o ideário da potência hegemônica. É o que fez o deputado da Costa, o que não chega a ser propriamente uma novidade. No mesmo diapasão da direita se insere o recente pronunciamento do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alejandro Aguirre. Este dirigente máximo da entidade que representa o patronato midiático das Américas gratuitamente destilou ódio contra o Presidente Lula, considerando-o um dos “falsos democratas” da região. Aguirre também se valeu do linguajar da Guerra Fria para atacar o Presidente brasileiro.

Na verdade, os integrantes da SIP, responsáveis pelo jornalismo de mercado que se lê, vê e ouve na região, andam muito preocupados com ampliação dos debates sobre a mídia na região e que o Brasil começa a dar os primeiros passos, sobretudo depois da realização da I Confecom (Conferência Nacional de Comunicação).

O setor impresso vive uma crise de graves proporções, que se manifesta com o fim de publicações seculares. No Rio de Janeiro, o exemplo mais recente foi o Jornal do Brasil, que acabou de anunciar o fim do impresso a partir de 1 de setembro próximo.

Nos últimos dez ou 20 anos, antes mesmo da internet, o panorama não tem sido diferente. No ano passado, por exemplo, um jornal do município fluminense de Campos, o Monitor Campista, dos Diários Associados, fechou depois de 175 anos de existência. Com a Gazeta Mercantil em São Paulo aconteceu o mesmo e assim sucessivamente.

Mas o senhor Aguirre não está nem aí para essas coisas e só faz criticar quando em vários países o tema mídia entra em debate e são questionadas as facilidades concedidas ao setor.

Agora, mais do que lamúrias de sempre, o importante é aprofundar o debate sobre o tema e enfrentar a crise no setor impresso, pensar na criação de impressos que contribuam para romper com o esquema do pensamento único, cada vez mais acentuado no jornalismo de mercado. Uma das teses já surgidas e que tem por objetivo enfrentar a situação adversa é a criação de uma Fundação do Jornalismo Público, impresso. Na área audiovisual, em dezembro de 2007, foi criada a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que se consolida. É claro que a idéia enfrenta resistência exatamente nos setores conservadores alinhados com a SIP, que temem a possibilidade do contraponto. Não percam por esperar, vão usar a velha e surrada cantilena de sempre, ou seja, de que a proposta vai acarretar restrições à liberdade de imprensa, quando é exatamente o contrário que acontecerá se for incrementada.

A discussão deve ser aprofundada. Não se pode esquecer que neste momento o Rio necessita de um jornal impresso diário, até para enfrentar a monopolização representada pelas Organizações Globo, por sinal proprietária numa mesma região de rádio, televisão e jornal, uma prática impedida de acontecer pela legislação de muitos países. Que grupo privado está disposto a criar um novo jornal concorrente de O Globo? Nenhum, em princípio.

E porque não o Estado brasileiro impulsionar a criação de uma mídia pública impressa, sob o controle da sociedade? Nada a ver com jornalismo chapa branca, que muitas vezes quem faz é exatamente a mídia de mercado que se ajoelha para receber publicidade do Estado. Com isso se estará matando vários coelhos em uma só cajadada, ou seja, se enfrentará o pensamento único e se ampliará o mercado de trabalho. Afinal, é dever do Estado zelar para que os brasileiros tenham direito à informação, um direito humano reconhecido em fóruns internacionais, sem imposições financeiras de nenhuma espécie. E isso resultará, sem dúvida, no avanço do processo democrático.

Em tempo: a denúncia (o certo é entre aspas) de Uribe segundo a qual a Venezuela abriga integrantes das Farcs em seu território remete às armas de destruição em massa que precederam a invasão e ocupação do Iraque. São as tais mentiras históricas que depois de “cumprida a missão” caem no esquecimento ou são simplesmente desmentidas.

Aspas para Hugo Chávez: as Farcs deveriam procurar outro caminho, pois o da luta armada, que foi uma opção nos anos 60, não serve mais para alcançar as transformações sociais. Aí está o Presidente do Uruguai, Jose Mujica, que pegou em armas e nos tempos atuais percorreu o caminho político institucional até se eleger em novembro do ano passado, depois de passar pelo Senado e ser Ministro. “

FONTE: escrito por Mário Augusto Jakobskind, jornalista, correspondente do semanário uruguaio Brecha, e publicado no site "Direto da Redação [título, imagem e 1º parágrafo colocados por este blog].

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