terça-feira, 3 de maio de 2011

BIN LADEN JÁ ESTAVA MORTO HÁ DEZ ANOS?


Por Rodrigo Vianna

“A política é terreno fértil para teorias conspiratórias. O mesmo vale para a política internacional. Quem nunca ouviu a tese de que o papa João Paulo Primeiro foi assassinado por adversários internos na Igreja? Pura teoria conspiratória, dizem alguns. Quanto a mim, bem… Confesso que as teorias conspiratórias às vezes fazem sentido.

Em 1964, dizia-se que os EUA tinham apoiado diretamente o golpe militar. E que agentes da CIA ajudaram a preparar o terreno para o avanço militar. Conspiração pura? Abertos os arquivos nos EUA, provou-se que a teoria conspiratória estava do lado da verdade: os EUA ajudaram a dar o golpe contra Jango e contra a democracia em 1964.

Agora, na esteira da morte anunciada de Bin Laden, surgem duas novas teorias: uma, defendida pelo garçon do restaurante onde almocei, diz que Bin Laden não morreu. Tudo invenção. “Se morreu, cadê o corpo?” Vários leitores escrevem perguntando o mesmo: “cadê o corpo? Ou a foto do corpo?”. Analistas que ouvi hoje dizem que os EUA estão receosos de mostrar as fotos e acirrar ainda mais os ânimos entre os árabes. O rosto desfigurado de Bin Laden morto viraria emblema na mão dos que pretendem protestar contra os EUA: um símbolo poderoso.

A outra teoria conspiratória é ainda mais curiosa: Bin Laden morreu, sim! Mas não agora: teria morrido em 2001, logo após os ataques às torres gêmeas. A notícia foi garimpada por um dos pioneiros do blogueirismo sujo no Rio: Antônio Mello. A “Fox News” é quem diz! Osama morreu há dez anos! Teria sido empalhado por Bush?

Pode parecer bobagem, certo? A maior potência do Planeta não tentaria enganar o mundo inteiro, fingindo que matou um sujeito já morto… Parece evidente.

Mas Bush, logo após o 11 de setembro, não disse que era preciso invadir o Iraque porque Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa, e era um aliado da Al-Qaeda? A informação não tinha pé nem cabeça. Mas a imprensa dos EUA comprou a tese. Saddam foi morto [e um milhão de iraquianos também morreram], e as armas de destruição em massa nunca foram encontradas. E o Iraque (com todo seu petróleo) hoje é um protetorado dos EUA.

A mentira das armas em destruição em massa ajuda a inocular entre o público planetário a impressão de que há outras mentiras, muitas outras, nessa “guerra contra o terrorismo”.

Nos EUA, o público delira, vai às ruas, comemora de forma constrangedora a ação fora da lei do governo de Obama. Sim, fora da lei: afinal, lembremos, comandos dos EUA entraram em ação num país estrangeiro. Por que não podem fazer o mesmo na Venezuela? Na Bolívia? Há muito tempo, os Estados Unidos agem em desacordo com as leis internacionais. A ação no Paquistão –se é que ocorreu como se noticia– foi apenas mais um exemplo.

Bin Laden era um fora da lei, um assassino. Mas e o governo dos Estados Unidos?

A ação ordenada por Obama lembra-me a frase daquele personagem de Dostoiévski, em “Crime e Castigo”: ”se a história absolveu Napoleão, que matou milhões em nome de um projeto econômico, por que eu, Rodion Románovitch Raskólnikov, não posso acabar com uma decrépita, que repete na microestrutura o que o sistema bancário faz na macroestrutura?”.

Como disse o jornalista e professor da USP Laurindo Leal Filho, um dos entrevistados com quem conversei ao vivo na noite dessa segunda, na Record News: “os impérios normalmente se mantêm pela força, mas também pela política, pelo convencimento, pela cultura; os EUA são um Império que se mantém cada vez mais só na base da força bruta”.

Força bruta e mentiras misturadas aos fatos. Caldeirão perfeito pra que prosperem mais e mais teorias conspiratórias. Algumas, convenhamos, podem se provar verdadeiras com o passar dos anos.”

FONTE: escrito pelo jornalista Rodrigo Vianna em seu blog “Escrivinhador”  (http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/obama-ja-estava-morto-ha-dez-anos.html#more-7840) [entre colchetes adicionados por este blog].

4 comentários:

isaac disse...

Vou começar sorrindo :D, pra cima e mim, Bin laden está morto a muito tempo, antes mesmo do 11 de setembro, essa midia não vale nada, se deixa manipular, tenho minha opinião, bin ladem e o famoso bode espiatorio americano, sem ele os americanos não conseguiriam por seus planos em pratica, eles sabem fazer duas coisas muito bem feita, manipular atraves do dinheiro do poder e do medo, e Guerra, bin laden, como um Homem morto pode fazer tantas coisas terriveis, não tem como, trama americana manter osama vivo mesmo ele estando morto. pra assim ter motivos para atacar e matar inocentes, lucrar com a guerra, não estepero outra coisas dos EUA a não ser mas uma Guerra, agora quero ver em quem eles vão por a culpa, pois osama morreu pela segunda vez neste seculo. Isaac Nascimento. Recife.

Unknown disse...

Isaac,
Creio que seus conceitos e desconfianças estão próximos da verdade.
Maria Tereza

Fluxo disse...

Bin Laden não está morto, estará sempre vivo, muito embora trocando de nome de acordo com as conveniências. Bin Laden proporcionou aos EUA: a expulsão dos soviéticos do Afeganistão; a atualização tecnológica de suas FFAA que estava em compasso de espera devido à distensão mundial, por causa da queda da URSS e ao comércio internacional. Outros objetivos atingidos foram: A invasão do Iraque e a construção de um fortim, que é o Pentágono do OM, em Bagdá - sua nova embaixada, avaliada em mais de US$ 700 milhões; a manutenção, sob o seu poder, de reservas estratégicas de petróleo, que será utilizado ainda durante muitos anos, como energético ou como matéria-prima para a petroquímica e daí para outros setores da economia. Não há como abandonar o petróleo. A "morte" de Bin Laden facilitará a saída de tropas do Afeganistão e do Iraque, onde ficarão tropas de pronto emprego e as companhias de segurança privada.

Unknown disse...

Fluxo,
Perfeito. Nada a retocar nos seus entendimentos. Somente adiciono que a eventual 'saída' de tropas norte-americanas do Iraque e do Afeganistão será apenas para melhorar a relacão custo/benefício, sem abrir mão dos mesmos dolosos objetivos lá atingidos.
Maria Tereza