quinta-feira, 19 de maio de 2011

CIÊNCIA E TECNOLOGIA, EIXOS CENTRAIS NO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS


“Marco da institucionalização das políticas públicas para o setor, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) completou 60 anos no mês passado. A data serve de mote para um balanço sobre o papel, o peso e os horizontes da ciência brasileira. Apesar de ser preocupação recente no país, o setor tem conquistado avanços importantes, mas muitos desafios ainda se impõem. Entre eles, transformar conhecimento em riquezas e benefícios para a sociedade.

Se, na década de 30, o Brasil era país exportador de matéria prima, hoje se transformou em nação capaz, por exemplo, de extrair petróleo em águas profundas, implementar empresas de ponta e liderar áreas de conhecimento, como agricultura tropical, parasitologia e geofísica.

Esse salto foi dado graças a esforço de longo prazo do Estado brasileiro de colocar a ciência a serviço do desenvolvimento. E o CNPq é símbolo dessa decisão de construir sistema institucional voltado para o avanço científico e tecnológico do país, que hoje é 12º no ranking de produção científica e produz 2,7% do conhecimento científico no mundo.

Fundado em 17 de abril de 1951, o CNPq foi responsável pela sistematização do apoio à pesquisa científica e tecnológica no país. Induziu o nascimento do sistema de pós-graduação no Brasil, sendo um grande incentivo às ciências básicas, na época, pouco evoluídas.

Se, naquela época, o país possuía pouquíssimos cientistas, agora, somente em 2010, formou cerca de 12 mil doutores e 41 mil mestres e possui comunidade científica e tecnológica com 1,7 milhão de currículos na plataforma Lattes do CNPq.

DESAFIOS

Apesar dos bons indicadores no quesito ciência, o Brasil continua gerando pouca tecnologia e investindo pouco em inovação. Um indicador disso é o número de registros de patentes, um dos dados usados para mostrar o nível de desenvolvimento de uma nação. No ranking das patentes, o Brasil ocupa, ainda, a modesta 36ª posição.

“Há no Brasil imenso vale entre a ciência e o mercado, ou seja, ainda existe grande dificuldade para transformar o conhecimento gerado em riquezas e serviços úteis à sociedade. Nesse sentido, é preciso aproximar mais as universidades das empresas brasileiras, para que estas se tornem mais competitivas no mercado externo”, avalia o presidente do CNPq, Glaucius Oliva.

Especialistas apontam que o país precisa superar o fato de ter sua força econômica muito concentrada na produção de commodities, produtos que não incorporam grande volume de conhecimento tecnológico e não têm, portanto, muito valor agregado. Isso tem reflexo não apenas na economia, mas também tem peso na questão social, uma vez que os setores que utilizam maior conteúdo tecnológico, em geral, oferecem melhores condições aos seus trabalhadores.

Segundo Glaucius Oliva, é imprescindível disseminar a cultura da inovação nas cadeias produtivas, diminuir a burocracia e os custos para registros de patentes e estimular ainda mais empreendedores tecnológicos.

Para conseguir mais avanços, também são necessários mais investimentos. O ‘Plano de Ação Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional’ prevê que o investimento em pesquisa e desenvolvimento salte do atual índice de 1,13% do PIB para 1,9%, até 2014.

Hoje, o principal entrave está menos no investimento público e mais no investimento privado, ainda muito incipiente se comparado a outros países. Isso porque a inovação demanda comprometimento de longo prazo, recursos e disposição ao risco, coisa que o empresariado brasileiro, historicamente, tem rejeitado.

A origem da resistência ao risco tem relação com a política adotada no Brasil de substituição de importações, com mercado nacional fortemente protegido, que fez com que o país fabricasse similares dos produtos antes importados, sem que fosse preciso colocar esforços em pesquisa e desenvolvimento.

Mas a culpa pela falta de inovação também não deve recair apenas sobre as empresas, dizem estudiosos. Um fator que emperra a transformação do conhecimento em tecnologia no Brasil é a baixa interação da academia com as empresas e a adequação dela às demandas da sociedade.

O presidente do CNPq destaca a necessidade de garantir educação de qualidade, uma vez que a baixa escolaridade e a falta de mão-de-obra qualificada ainda são entraves ao desenvolvimento do país.

Uma das áreas que tem sofrido com a falta de profissionais é a das engenharias. Hoje, o Brasil forma 30 a 35 mil engenheiros por ano, mas a demanda é bem maior. E muitos deles ainda migram para outras profissões, por falta de estímulo. De acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), o país tem déficit anual de formação de 20 mil novos engenheiros.

Para evitar “apagão” de mão de obra qualificada, o CNPq elaborou programa que tem como objetivo dobrar a formação de engenheiros em cinco anos, garantindo a permanência dos alunos nos cursos da área.

Segundo Glaucius Oliva, "não há como o país avançar para a quinta posição entre as economias do planeta se não provermos educação básica de qualidade e, em particular, em matemática e ciências". A declaração do presidente do CNPq apenas reforça que o domínio da Ciência e da Tecnologia se torna, cada dia mais, componente central do desenvolvimento econômico e social do país.”

FONTE: escrito por Joana Rozowykwiat com informações do site do CNPq. Publicado no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=154486&id_secao=1) [imagem do Google adicionada por este blog].

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