Radar “Saber”
CENTRO TECNOLÓGICO DO EXÉRCITO CRIA RADAR QUE SERÁ USADO NAS OLIMPÍADAS, NOVO BLINDADO PARA A PM DO RIO, CARRO 4X4 AEROTRANSPORTÁVEL E MONÓCULO DE VISÃO TÉRMICA
COM APENAS R$ 20 MILHÕES ANUAIS, “PROFESSORES PARDAIS” CRIAM EXÉRCITO DO FUTURO
O RADAR “SABER” SERÁ USADO NAS OLIMPÍADAS DE 2016 E NA COPA DO MUNDO
“Com escassos R$ 20 milhões anuais de orçamento, o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) é o órgão responsável pela pesquisa e desenvolvimento de projetos tecnológicos da Força e conta, principalmente, com seus “professores pardais” para criar novos produtos de defesa para o Brasil.
O CTEx se vale de convênios com a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) –responsável por 70% dos recursos e maior parceira nos últimos cinco anos–, e a FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
Oficial opera o radar “Saber” a partir de tela de computador e avisa unidades de defesa antiaérea sobre eventual ameaça
Adaptando-se às circunstâncias, os cerca de 700 militares –15% deles oficiais engenheiros– e civis do centro desenvolvem, entre outras coisas, novos veículos blindados para a polícia, carros aerotransportados para paraquedistas, monóculo de visão térmica e radar de baixa altitude que será usado nos Jogos Mundiais Militares este ano, na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016.
A “menina dos olhos” do coronel Roberto Castelo, assessor da subchefia do CTEx, é o radar móvel “Saber M60”, que tem o objetivo de integrar sistema de defesa antiaérea de baixa altura e proteger pontos sensíveis –como indústrias, usinas e instalações governamentais–, no raio de 60km e altura até 5km. Montável em 15 minutos e pesando 200kg, identifica aviões e helicópteros.
O aparelho é ligado a um centro de comando e controle instalado em furgão também feito pelo CTEx, e conectado ao sistema de defesa antiaérea do Exército. Quando a ameaça é identificada, a unidade antiaérea mais adequada para fazer a proteção recebe o alerta. Basta um clique de mouse para revelar a posição do avião, altura, distância e o ângulo em relação ao centro de operações antiaéreas, e disparar.
De acordo com o Exército, o “Saber” é o mais moderno do mundo em sua classe. O radar foi criado para complementar a defesa antiaérea, porque muitas aeronaves escapam dos radares tradicionais, voltados para maiores altitude, em especial em regiões montanhosas. “Fecha 100% da cobertura; está com uma procura muito grande”, disse o coronel Castelo, que participou do projeto.
CAVEIRÃO MAIS ROBUSTO E ÁGIL
Blindado projetado pelo CTEx, a pedido do governo do Rio, pode ser usado pelo BOPE
O CTEx também criou protótipo da nova geração de blindados que pode passar a ser usado pelo BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e por outras unidades da Polícia Militar do Rio, em substituição aos atuais ‘Caveirões’. Menor, mais robusto e ágil, o ‘Vespa 02’ (Viatura Especial de Patrulhamento) foi financiado pela FAPERJ a pedido do governo do Rio e seguindo especificações da PM; já passou por testes na Restinga da Marambaia.
Destinado a operações em favelas, é robusto, tem blindagem para fuzis, seteiras (buracos para por o cano das armas e disparar), proteção do cofre do motor e capacidade para oito homens, além do motorista e um passageiro no frente. O novo modelo introduziu a pestana (capa de aço no parabrisa) com acionamento interno e aumentou a parte interna, agora com capacidade para transportar oito policiais. É mais alto que os anteriores, pesa 7,2 toneladas e atinge 100 km/h. Como “luxos”, tem ar condicionado, sirene e tração nas quatro rodas para facilitar a circulação em aclives e declives e garante a aderência, evitando derrapagem.
“É solução customizada. Ouvi bastante o BOPE, que participou dos requisitos. É projeto para atender os requisitos e a baixo custo; usa chassi e motor a diesel da Volks. Temos capacidade de fazer, preço interessante, Não será preciso importar”, disse o major Paulo Aguiar, responsável pelo projeto cujo custo foi de R$ 430 mil. Além do emprego em segurança pública, uma variante do veículo também poderá ser adaptada para o uso do Exército em missões de Paz da ONU.
O primeiro ‘Vespa’ foi apresentado em 2007 e ficou mais conhecido como “Caveirinha”. Era menor e voltado para o patrulhamento de vias especiais, não para incursões em favelas. Quebrou durante o uso pela PM nos 60 dias em que ficou com a corporação. Segundo o Exército, o problema foi causado pelo uso inadequado do carro. O motorista teria tentado passar, em alta velocidade, por cima de uma mureta que divide as pistas da Avenida Brasil. “Nenhum carro é indestrutível”, disse o major Aguiar, que atuou nos dois projetos, com mais três engenheiros.
JIPE GAÚCHO
Gaúcho, off-road 4x4; parceria entre Brasil e Argentina; é 100% mobilidade e 0% blindagem
GAÚCHO BINACIONAL
Outro veículo, o “Gaúcho”, com propósitos completamente diversos, é lançamento do CTEx em parceria binacional com o Exército da Argentina –para otimizar recursos e aumentar a escala de produção–, feito só com componentes do MERCOSUL. Uma espécie de jipe aberto com tração e suspensão independente nas quatro rodas, o veículo trafega em qualquer terreno e servirá para ações de reconhecimento. Parece com jipes dos ‘Comandos em Ação’, brinquedos que fizeram sucesso nos anos 80 e 90.
“O ‘Gaúcho’ é 100% mobilidade e 0% blindagem. Além disso, é praticamente viatura descartável, que pode ser deixada no terreno”, explicou o major Santoro, gerente do projeto.
O carro foi desenhado para poder ser empilhado sobre outro, permitindo o transporte de até cinco unidades em aviões Hércules, e lançamento ao solo com paraquedas. O veículo porta uma metralhadora MAG 7.62mm e duas armas leves anticarro. O protótipo custou R$ 270 mil, mas esse valor deve baixar cerca de 30% com a escala de produção. O Brasil vai adquirir apenas cerca de cem a 200 unidades, para a Brigada de Infantaria Paraquedista.
ARMAS ANTICARRO
MÍSSIL ANTICARRO
O míssil anticarro criado pelo CTEx é guiável por laser e tem alcance de até 3 km
Outra inovação do centro é o míssil superfície-superfície anticarro de combate (comumente chamado de tanque de guerra) guiável por feixe laser, com alcance de 3 km. O operador pode corrigir a mira do míssil após o disparo, mudando a posição do lançador e apontando-o ao alvo que tenha se deslocado (um carro de combate, por exemplo). “É arma sofisticada, de alto valor tático”, disse o coronel Castelo. A arma pode ser carregada por um homem –pesa 8kg, sem o míssil, e 23kg, com– e, por ser pequena, se camufla no terreno, funcionando com tripé.
ARMA LEVE ANTICARRO (ALAC)
Tenente Degethoff mostra a arma leve anticarro (ALAC) ‘Predador’
Com propósito semelhante, o CTEx desenvolveu, também, a Arma Leve Anticarro (ALAC), de ombro. Conhecida como bazuca, tem alcance útil de até 500 metros e dispara munição de 84mm, que perfura blindagens de até 30cm e detona munição a temperaturas de até 1000ºC. É arma descartável e de baixo custo, equivalente à sueca AT-4 ou à argentina M-57.
VISÃO TÉRMICA
Atirador visto com visão térmica
Lembra-se do filme “O Predador”, em que a besta protagonista via os soldados independentemente da camuflagem e do escuro? O CTEx desenvolveu equipamentos de visão térmica, como o usado no reparo (suporte) de metralhadora (.50” ou 7.62mm) automatizado para viaturas blindadas sobre rodas ou lagartas.
Mais que equipamento de visão noturna, a câmera com imagem termal é mais avançada que a de visão noturna, porque é capaz de mostrar imagens sem nenhuma luminosidade, enquanto a outra funciona intensificando luz residual. Além disso, consegue identificar alguém escondido atrás de folhagem mesmo durante o dia, por exemplo.
Outro equipamento é o monóculo ‘Olhar VDN-X1’, para observação diurna ou noturna mesmo em condições de neblina ou cobertura de fumaça. Pode ser acoplado em capacetes, metralhadoras e fuzis.
NECESSIDADE ESTRATÉGICA
Para quem pergunta por que o Brasil precisa investir em tecnologia se pode comprar material já pronto e mais barato, o coronel Castelo já tem uma resposta pronta.
“Todo país que aspira posição de destaque precisa ter domínio sobre tecnologia de defesa. Não é preciso ter tudo, mas, sim, deter conhecimento para produzir, se necessário. Pode ter origem importada, mas precisa ter indústria de defesa e competência para fazer, atualizar e acompanhar a última tecnologia. Defesa não é barato”, disse.
Castelo citou como exemplo a proibição, pelos EUA, da venda de aviões Tucano pelo Brasil para a Venezuela porque tinham componentes norte-americanos.
A indústria de Defesa do Brasil já teve posição internacional relevante. Para Castelo, a queda se deveu muito mais ao fim da Guerra Fria do que à redemocratização do País. “Houve muito material excedente dos dois blocos e saturou o mercado com produtos usados muito baratos. A indústria que não tinha mercado interno se enfraqueceu."
FONTE: reportagem de Raphael Gomide, publicada no portal iG (http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/com+apenas+r+20+mi+anuais+professores+pardais+criam+exercito+do+futuro/n1596945073362.html). Fotos de Leonardo Ramos.
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2 comentários:
Bom dia!!!!!!!!!!!
Pude ver que o jipe gaucho, foi lançado no mercado, e fico feliz pois fiz parte do primeiro protótipo no Rio de Janeiro na AGR, com uma equipe de oficiais e civis, a qual desenvolvemos o painel para colocação de instrumentos e capo em fibra. gostaria de saber se não aproveitaria nosso trabalho para outros fins. temos até hoje as formas do capo e painel.
Gostei demais desse jipe bem que poderia ter venda pra uso civil
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