Por Fernando Brito
“Está nos jornais que o mesmo
Ministro que confirmou a retirada da ‘Certidão Negativa de Débitos’ com a
Fazenda Nacional da Petrobras, por uma suposta dívida que ainda está em discussão,
mudou de ideia e devolveu o documento à empresa.
Algum fato novo? Algum
acontecimento? Nada, rigorosamente nada.
Ou melhor, algo aconteceu.
O escândalo, que se fez a partir de
uma decisão que não resistia a um mínimo de bom-senso, custou uma perda de 2,5%
no valor das ações da empresa, invertendo uma alta de 3,7% na véspera.
Como o volume de ações da Petrobras
equivale a mais de R$ 200 bilhões, dá para entender o peso de tal
“sobe-e-desce”, não é?
A verdade é que a empresa está e vai
continuar sob fogo cerrado até, pelo menos, o leilão – já sob a regra da partilha, em lugar da concessão [de FHC/PSDB] –
da primeira e mais importante área do pré-sal brasileiro: o “campo de Libra”,
onde se estima possam ser retirados de oito a 12 bilhões de barris de petróleo.
A cem dólares o barril, calcule…
A verdade é que, mais nestes dias do
que sempre, as notícias sobre a Petrobras devem ser lidas mais que com atenção,
com desconfiança. Há coisas por detrás delas.
Por exemplo: a “comemoração” pelo resultado que “o ‘bônus de assinatura’ vai ajudar
a fazer na conta do superávit primário do Governo Federal”. Ó que não é
dito é que isso não só exigirá um esforço da petroleira brasileira para honrar
30%, no mínimo, de um alto valor como, também, inibirá a conquista de uma fatia
maior do que a garantida em lei. E de quem será o pedaço que a Petrobras não
puder alcançar? Adivinhou?
Pois é, das multinacionais, pois dos
nacionais nem o Eike Batista (que não é
flor de jardim de convento) que, de oitavo homem mais rico do mundo, está
convertido pela mídia em alma penada, porque o mercado, tão inocente, descobriu
que tinha sido iludido por ele. O mercado é “bobinho” demais, dá até vontade de
tentar vender um bonde na Bovespa…
Outra notícia é que “a Petrobras está vendendo ativos porque sua
dívida está estratosférica e a
empresa está mal vista por isso”.
Como é que pode estar afundada sob o
descrédito uma empresa que, mês passado, lançou – a taxas mais baixas que há um ano – US$ 11 bilhões em títulos no
mercado internacional e a procura por eles atingiu quase quatro vezes mais esse
valor?
Conversa fiada. A Petrobras está
vendendo ativos periféricos em sua atividade para se capitalizar para o leilão
do pré-sal e poder jogar ali uma cartada alta e decisiva.
De agora até outubro, a Petrobras
vai ser criticada até por soltar passarinho. E olhe lá se a sabotagem vai ficar
só no discurso negativista.
Toda essa campanha de mídia e
desinformação poderia dar certo, não fosse uma coisa.
Será que Lula e Dilma ampliaram o
investimento da empresa, mudaram o regime de exploração, capitalizaram a
Petrobras para, agora, o Brasil entregar fácil a dulcíssima rapadura do
pré-sal?
A pressão contra a Petrobras é,
portanto, pressão sobre Dilma, muito mais do que sobre a empresa, que é e será
lucrativa com ou sem uma cota maior no pré-sal.
Quem terá prejuízo, e prejuízo
irreparável, eterno, é o Brasil, isto sim.
Esse é o jogo pesado que se está
jogando. Quem quiser entrar de tolinho
na onda midiática, fica avisado.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”
(http://www.tijolaco.com.br/index.php/petrobras-fatos-factoides-e-o-pre-sal/).
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