Programa de rádio “Café com a Presidenta”, com a Presidenta da República, Dilma Rousseff, Rádio Nacional, 24 de junho de 2013
Luciano Seixas: Olá, bom dia! Eu sou o Luciano Seixas e estou aqui para apresentar para vocês o pronunciamento que a presidenta Dilma Rousseff fez à Nação na última sexta-feira. No pronunciamento, a presidenta falou sobre as manifestações da semana passada.
Luciano Seixas: Olá, bom dia! Eu sou o Luciano Seixas e estou aqui para apresentar para vocês o pronunciamento que a presidenta Dilma Rousseff fez à Nação na última sexta-feira. No pronunciamento, a presidenta falou sobre as manifestações da semana passada.
Presidenta: Todos nós, brasileiras e
brasileiros, estamos acompanhando, com muita atenção, as manifestações que
ocorrem no país. Elas mostram a força de nossa democracia e o desejo da
juventude de fazer o Brasil avançar. Se aproveitarmos bem o impulso dessa nova
energia política, poderemos fazer, melhor e mais rápido, muita coisa que o
Brasil ainda não conseguiu realizar por causa de limitações políticas e
econômicas. Mas, se deixarmos que a violência nos faça perder o rumo, estaremos
não apenas desperdiçando uma grande oportunidade histórica, como também
correndo o risco de colocar muita coisa a perder. Como presidenta, eu tenho a
obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, como dialogar com todos os segmentos,
mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem, indispensáveis para a
democracia. O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E também
está lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar aonde
chegamos, como também não é fácil chegar aonde desejam muitos dos que foram às
ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o poder
cidadão e os poderes da República.
Luciano
Seixas:
No pronunciamento, a presidenta Dilma afirmou que as manifestações devem ser
feitas de forma pacífica, sem violência.
Presidenta: Os manifestantes têm o direito e a
liberdade de questionar e criticar tudo, de propor e exigir mudanças, de lutar
por mais qualidade de vida, de defender com paixão suas ideias e propostas, mas
precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira. O governo e a sociedade não
podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio
público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus e tente
levar o caos aos nossos principais centros urbanos. Essa violência, promovida
por uma pequena minoria, não pode manchar um movimento pacífico e democrático.
Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil. Todas as
instituições e os órgãos da Segurança Pública têm o dever de coibir, dentro dos
limites da lei, toda forma de violência e vandalismo. Com equilíbrio e
serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o direito e a
liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.
Luciano
Seixas:
A presidenta Dilma anunciou que vai propor aos governadores e prefeitos das
principais cidades do país um grande pacto pela melhoria dos serviços públicos.
Na construção desse pacto, os líderes das manifestações pacíficas e os
movimentos sociais serão ouvidos.
Presidenta: As manifestações trouxeram
importantes lições: as tarifas baixaram e
as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que
aproveitar o vigor dessas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças
que beneficiem o conjunto da população brasileira. A minha geração lutou muito
para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos foram perseguidos, torturados e
morreram por isso. A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada, e ela não
pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros. Sou a
presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não se
manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática. Ela reivindica
um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos. Todos me
conhecem. Disso eu não abro mão. Essa mensagem exige serviços públicos de mais
qualidade. Ela quer escolas de qualidade; ela quer atendimento de saúde de
qualidade; ela quer transporte público melhor e a preço justo; ela quer mais
segurança. Ela quer mais. E para dar mais, as instituições e os governos devem
mudar. Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para
somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais
cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços
públicos. O foco será: primeiro, a
elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte
coletivo. Segundo, a destinação de
cem por cento dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do
exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os
representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos
movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas
contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua
aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do
presente.
Luciano
Seixas:
No pronunciamento, a presidenta defendeu a construção de uma ampla reforma
política que aumente a participação popular, mas alertou que nenhum país pode
abrir mão dos partidos políticos e, principalmente, do voto popular.
Presidenta: Precisamos oxigenar o nosso
sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais
transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis
à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder econômico, quem deve
ser ouvido em primeiro lugar. Quero contribuir para a construção de uma ampla e
profunda reforma política, que amplie a participação popular. É um equívoco
achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto
popular, base de qualquer processo democrático. Temos de fazer um esforço para
que o cidadão tenha mecanismos de controle mais abrangentes sobre os seus
representantes. Precisamos muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de
combate à corrupção. A Lei de Acesso à
Informação, sancionada no meu governo, deve ser ampliada para todos os
poderes da República e instâncias federativas. Ela é um poderoso instrumento do
cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro público. Aliás, a melhor
forma de combater a corrupção é com transparência e rigor.
Luciano
Seixas:
A presidenta aproveitou o pronunciamento para esclarecer que os estádios da
Copa não foram construídos com recursos do Orçamento da União. E reforçou o
compromisso do seu governo com a Saúde e a Educação.
Presidenta: Em relação à Copa, quero
esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas é fruto de
financiamento que será devidamente pago pelas empresas e os governos que estão
explorando esses estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do
orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a Saúde e a
Educação. Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação,
e vamos ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o
projeto que apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos
exclusivamente com a Educação.
Luciano
Seixas:
A presidenta também pediu que o Brasil ofereça uma generosa acohida aos
turistas e delegações estrangeiras que estão no Brasil para a Copa das
Confederações e aos que vierem para a Copa de 2014.
Presidenta: Não posso deixar de mencionar um
tema muito importante, que tem a ver com a nossa alma e o nosso jeito de ser. O
Brasil, único país que participou de todas as Copas, cinco vezes campeão
mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte. Precisamos dar aos nossos
povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e
alegria, é assim que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte
são símbolos de paz e convivência pacífica entre os povos. O Brasil merece e
vai fazer uma grande Copa.
Luciano
Seixas:
Antes de encerrar o pronunciamento, a presidenta Dilma disse, mais uma vez, que
está atenta às vozes que pedem mudanças de forma pacífica.
Presidenta: Minhas amigas e meus amigos, eu
quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que pedem
mudança. Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou
ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça. Será sempre em
paz, com liberdade e democracia, que vamos continuar construindo juntos este
nosso grande país.
Luciano
Seixas:
Você acabou de ouvir o pronunciamento da presidenta Dilma sobre as
manifestações no país. Para ouvir este e outros programas é só acessar o Café
com a Presidenta na internet. O endereço é www.cafe.ebc.com.br. Nós voltamos na
próxima segunda-feira. Até lá!”
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