sexta-feira, 28 de junho de 2013

OS CONSERVADORES CAPTURARAM A DILMA

Do portal “Conversa Afiada”

Dilma vai acabar mais perto do Michel Temer do que do Lula.


Curva perigosa à direita” – dizia uma das placas.

O "Conservadorismo" é o grande vencedor das manifestações. 

[OBS deste blog 'democracia&política': "conservadorismo", em sua essência e em palavras simples, significa a direita internacional e nacional. É mais representada no Brasil pelo PSDB, DEM, PPS(MD), mídia, MP/PGR, STF e pela pseudoelite das classes média e alta. O centro de gravidade e de comando dos interesses da direita está no exterior. O Brasil significa menos de 5% da economia mundial.  Mais de 95% dos grandes interesses financeiros, econômicos e geopolíticos são estrangeiros. Nossa direita é simples instrumento utilizado para atender a esses interesses. As agendas do "conservadorismo "brasileiro" são estabelecidas e perseguidas para garantir, preservar e fortalecer esse "ordenamento" financeiro e econômico mundial].  

Isso não é paradoxal.

Não há protesto de 100 mil, 500 mil a favor.

O “Movimento Passe Livre” foi para a rua protestar contra o Haddad e contra Dilma.

A violência da PM de São Paulo e a “Rede Globo” multiplicaram o fenômeno.

A “Globo” percebeu o sentido antiHaddad e antiDilma do protesto e o encampou, apoiou, cobriu e lhe deu tela plana, com LSD e em HD.

A “Globo” passou a cobrir a anomia, o desGoverno até derrubá-lo.

Como dizia aquele amigo, velho comunista, que não caiu na esparrela do PPS: isso aí não dá em nada, ou derruba o Governo.

Acertou.

Derrubou o Governo Dilma e botou no lugar outro Governo Dilma.

O trabalho político passou a se desenvolver na arena da Copa das Confederações.

Por que a Copa passou a ser o alvo ?

Porque a “Globo” ganha com ela de qualquer jeito e em qualquer lugar: no Maracanã, na África do Sul ou na Coreia.

E para os conservadores e a “Globo”, a Copa tem uma maldição de origem: o Lula trouxe a Copa e a Dilma a realizará.

O Governo se deixou cercar.

O Governo se trancou na Economia.

“E a Economia, como a Guerra, é subcapítulo da Política” (já ouvi isso em algum lugar).

O Governo Dilma não tem canal de voz ou de expressão.

É um leão sem dentes.

Sem microfone.

As redes sociais, claro, aglutinaram os manifestantes.

Mas, “Facebook” não é urna.

As manifestações se diziam apartidárias e horizontais.

Sem líderes.

Não há 100 mil pessoas apartidárias nas ruas.

A “Globo” deu o Partido e os líderes.

O partido da oposição e os líderes, seus âncoras pretensamente objetivos.

Esses jovens, fora os chamado “vândalos”, são brancos, estudantes e de classe média.

Eles têm uma renda maior do que os da Classe C que o Lula e a Dilma levaram para a classe média.

Eles devem muito pouco ou quase nada a esse processo de mobilidade social que levou 40 milhões de pessoas à classe media.

Eles já estavam lá.

Eles estão há pelo menos uma geração.

Eles nasceram na classe média.

Eles não respeitam os partidos, os políticos ou a democracia.

E, muitas vezes, nem os pais nem os professores.

Eles “just do it”.

Eles são mais eles.

E não têm nenhum apreço por esses que chegaram agora à classe média.

Esses “arrivistas”.

Esses “penetras” que enchem os aeroportos, os shopping centers, que se sentam ao meu lado na faculdade.

E daqui a pouco vão querer um carro igual ao que papai me deu.

E, imagine !, o emprego que era para ser meu !

Esses manifestantes cresceram com um sentimento difuso de antipolítica, antipartidos, antiGoverno.

Isso se deve, em boa parte, à generalizada despolitização da sociedade brasileira.

Uma juventude que pensa que JK é tônico muscular.

Isso se deve à (entre aspas) politização (fecha aspas), na “Globo”, do julgamento do mensalão que, mais do que punir o PT, foi a fogueira em que ardeu a política.

A ideologia predominante nos altos escalões da Justiça contaminou o país: a política é o pecado.

A virtude está nas Leis, ou melhor, nos Juízes.

Tudo o que cheira a soberania popular fede.

Essa rebeldia “desorientada” se valeu da ignorância.

Esses manifestantes – e, na verdade, milhões de brasileiros – não conhecem o Brasil.

Não sabem o que acontece no Brasil.

Por exemplo, não sabem que há 30 anos não se investia em transportes.

Há 20 anos, em São Paulo, o paiol de toda crise, se constroi um metro à velocidade de um quilômetro e meio por ano.

Esse déficit de informação se deve a erro estratégico capital, desses que se inscrevem no centro do sistema sanguíneo de um povo, por gerações.

Por exemplo: ser o último país do mundo a abolir a escravidão.

Outro, derrubar o presidente João Goulart, eleito segundo as regras da Constituição, e instalar um regime militar.

Outro erro grave – de que muitos devemos nos penitenciar – foi derrubar o presidente Collor, cujos pecados poderiam ter sido corrigidos pela Lei e pela Política.

Mas, se cometeu o erro de derrubar o primeiro presidente eleito pelo povo depois do regime militar.

A redemocratização começou por se negar.

Outro erro estratégico, que entope as nossas veias, foi não fazer a reforma agrária simultaneamente à libertação dos escravos, como quiseram dois grandes brasileiros, José Bonifácio e Joaquim Nabuco.

Outro erro estratégico, capital, uma dose maciça de colesterol no sangue.

Foi não criar um sistema estatal – de preferência – ou público de comunicação de massa.

Informar é obrigação do governante.

E o governado tem o direito de ouvir e, constitucional, ser ouvido.

Nenhuma Democracia do mundo permitiria que a lei que regula a rádio-difusão não se atualizasse desde 1963.

Desde 1994, a Globo controla 80% de toda a verba da televisão aberta.

Em 1994, ela tinha 80% da audiência.

Hoje, tem 45% da audiência.

Mas, não faz diferença.

Os 80% são os mesmos e o bolo da grana aumentou.

E agora ?

O Governo Dilma perdeu.

Vê-se no seu rosto.

O “Movimento Passe Livre”, à aquele personagem de Stendhal que não percebeu que estava no meio de uma batalha de Waterloo.

Dilma pode até ser reeleita, diante da indigência que assola o outro lado.

Mas, dificilmente, ela ressurgirá com a força que o Lula ressurgiu do mensalão.

Lula, depois do mensalão, preservou o centro de sua política: a inclusão social.

A sobrevivência da Presidenta Dilma corre o risco de se dar – apenas – no espaço conservador do sistema político e parlamentar.

E, nesse cercado de federalistas, udenistas e ruralistas, os jovens manifestante e a “Globo” convivem muito bem – e em harmonia.

Dilma terá que renunciar a boa parte de seu keynesianismo, porque o mercado perdeu o “instinto animal”- precisa de juros !

Ela terá que mudar a política econômica, caminhar para “ortodoxia” dos credores, porque o ambiente econômico internacional não ajuda – sopra contra.

Dilma terá que tirar dinheiro do PAC para atender às demandas populistas.

Ela não fará uma reforma política para combater o Caixa Dois – porque é disso que se trata -, porque há 19 anos o Congresso imobiliza a reforma política.

Ouvir as voz das ruas” só seria possível numa Assembleia Constituinte exclusiva.

E, depois, um referendo.

Fora disso, a “voz das ruas” sumirá naquele salão do Athos Bulcão que liga a Câmara e o Senado.

Emudecerá

E a Dilma acabará mais perto do Michel Temer do que do Lula.

O Brasil vai parar ?

Não !

Os mesmos ingredientes também estruturais que farão do Brasil uma Nação próspera estarão preservados.

O rumo é o mesmo.

O que mudou foi o plano de voo.

Mudaram os passageiros.

E o comandante.

Vai mudar tudo.

Desde que tudo continue tudo como estava.

Há 200 anos.

(Já ouvi isso em algum lugar.)”

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/06/27/os-conservadores-capturaram-a-dilma/). [Observação entre colchetes e em azul acrescentada por este blog 'democracia&política'].

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