Por Eduardo Guimarães
“O adágio popular cabe como uma luva
para uma situação que está não apenas destruindo a imagem do Brasil perante o
mundo, mas prejudicando a economia, gerando medo, violência e incerteza entre a
sociedade e, o que é pior, sem uma justificativa inteligível.
É triste ver um país em que o padrão
de vida melhorou tanto ao longo da última década se deixar levar por um modismo
inconsequente que está por arrasar todas as conquistas obtidas com tanto custo
nesse período.
Os últimos acontecimentos durante os
protestos pelo país, em questão de horas serviram para que os ideólogos da
“primavera brasileira” parassem e pensassem que, sem Estado e política, o que
sobra é o caos.
A constante criminalização da
política e a militância política travestida de jornalismo fundamentaram a tese
dos que querem abolir todas as instâncias democráticas em troca de uma causa
que não se apresenta, oculta sob frases feitas e generalistas.
Aos poucos, porém, as pessoas vão se
dando conta da verdade. Sobretudo aquelas que se encastelaram no poder e
esqueceram que não se governa um país sem fazer política, e que se mancomunam
até com o diabo contanto que ele concorde com elas.
Os que acusam Dilma de se aliar a
partidos cheios de picaretas em prol da governabilidade ou de se encolher de
medo diante de um “jornalismo” mafioso, porém, decidiram ir às ruas ao lado de
psicopatas de ultradireita que se aproveitam dos protestos para tocar o terror.
Quem diz que as manifestações “são
pacíficas” e só reagem à violência de uma polícia inegavelmente despreparada,
violenta e até corrupta se calam quando fica claro que não precisa polícia
nenhuma para o vandalismo eclodir.
Nos últimos dias, a polícia que deu
sua contribuição ao vandalismo se recolheu e os protestos degringolaram para a
violência do mesmo jeito. E, pasme-se, agora acusam as autoridades de não
acionarem a mesma… Polícia!
E quanto à tese de que a própria
polícia praticava o terror com infiltrados, apesar do caráter comprovadamente
violento dela, caiu por terra com as cenas dos últimos dias pelas ruas do país,
até porque os autores dessa tese se calaram.
Os que geraram o ambiente que
permitiu o caos, apesar de não participarem dele, têm que assumir que jogaram
centenas de milhares na rua, marcharam ao lado deles e, quando desencadearam o
terror, agora dizem que nada têm com isso.
Já o governo que pretende governar
sem fazer política acaba de ter confirmada a sua queda de popularidade. O
instituto IBOPE concorda com o Datafolha e mostra que Dilma perdeu
popularidade.
Quem prega que ela se mantenha na
rota do mutismo e da ojeriza à política se aferra à comparação com a
popularidade de outros presidentes com o mesmo tempo de mandato sem levar em
conta que a trajetória da presidente é de queda.
Ela continua dando declarações
curtíssimas, não fala ao povo, não lidera o país justamente no momento em que
este precisa de liderança, que está sendo usurpada não só do governo, mas da
oposição e até da mídia por um grupo de jovens de classe média e alguns vovôs
que tentam recuperar a juventude perdida.
Na última terça-feira, assistindo
aos telejornais, constato que “um grupo pequeno” tocou o terror pelo país
afora, sobretudo no centro de São Paulo. Em um desses telejornais, assisto a 30
minutos incessantes de quebradeira praticada por um “grupo pequeno”.
A avaliação dos telejornais é de que
centenas de pessoas destruíram a fachada da prefeitura de São Paulo e
arrombaram, depredaram e saquearam dezenas de estabelecimentos comerciais, sem
falar em certa rede de televisão que estimulou ao vivo os manifestantes a
invadirem a prefeitura ao dizer “culpado
por tudo” o prefeito que está há cinco meses no cargo.
Os manifestantes pacíficos que
marcharam ao lado de dementes de ultradireita descobrem que estavam em má
companhia e, como se tivessem chegado agora e não tivessem nada com isso,
querem impedi-los de barbarizar.
Você leva uma matilha de lobos ao
centro de uma cidade e quando começam a devorar as pessoas diz que não tem nada
com isso porque não está devorando ninguém.
Ninguém tem coragem de dizer isso e,
também, que o preço das passagens não tem nada que ver com o peixe.
Várias cidades de todo país cederam
aos manifestantes, reduziram o preço da passagem e as manifestações
continuaram, com os bandidos que marcharam ao lado dos pacíficos quebrando
tudo.
Não é um milagre que “apenas”
mutilações e ferimentos entre graves, médios e leves tenham ocorrido entre
policiais e manifestantes? Chega a ser inacreditável que ainda não morreu
ninguém. Mas, sendo racional, não se pode acreditar que isso não irá mudar.
O que espanta e deprime é ver que
ninguém diz o que é preciso porque foi montada uma rede de difamação e
intimidação, um verdadeiro tribunal ideológico com pistoleiros ideológicos
agindo para calar qualquer divergência.
Nesse processo, muitos que
confidenciam em privado que reconhecem o verdadeiro caráter desse movimento que
tanto está prejudicando o Brasil por uma causa que ninguém sabe qual é, mas
publicamente se omitem, concordam com ele e até o exaltam.
Tudo por medo dos tribunais e dos
justiçamentos ideológicos.
Quando as pessoas chegam a ter medo
de dizer opiniões legítimas por conta de que serão tachadas de “reacionárias”,
“falsos esquerdistas” etc., instalou-se um processo inquisitorial no país.
Desde o primeiro momento, este
espaço [Blog Cidadania] acusou o risco que representava jogar nas ruas massas
incontroláveis. Ao contrário do que dizem alguns pistoleiros ideológicos, aqui
jamais houve mudança de rota.
O que tem sido dito é que, se
deixarem essas manifestações ocorrerem sem contraponto, irão gerar uma tragédia
política, econômica e física para o país e que, portanto, se não se pode
impedir as pessoas de exercerem o direito de irem à rua, há que ir também e
tentar pregar bom senso.
Isso, claro, se não se puder
instilar bom senso na sociedade, que precisa entender que um país não pode ser
governado por grupos que vão às ruas, mas através daqueles que a maioria eleger
pelo voto livre e consciente.
O que sempre foi dito aqui é que não
se pode levar massas incontroláveis às ruas e, quando saírem previsivelmente de
controle, ninguém se responsabilizar. E que é antiético inventar uma bandeira
fictícia de ‘redução do preço das
passagens’ quando a motivação é outra.”
FONTE:
escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania” (http://www.blogdacidadania.com.br/2013/06/dizei-me-com-quem-andais-que-vos-direi-quem-sois/).
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