Por Fernando Brito
“A cantilena sobre a excelência e as
“maravilhas da livre iniciativa” são uma espécie de “pauta” do pensamento
econômico da qual virou “pecado”, faz tempo, discordar.
Não há um que deixe de falar sobre o
papel vital do agronegócio, da construção civil e das obras de infraestrutura –
para aliviar o “custo Brasil” – em
nosso país.
Qualquer beabá de economia sabe que,
para os três setores, crédito é vital, pela lenta velocidade de retorno.
Um trator não se paga em uma
colheita, uma casa não se paga em um ano e uma ponte não dá retorno econômico
senão em muito tempo de acúmulo de benefícios de mobilidade e logística.
Então, cadê o dinheiro para
investir?
Ora, claro: o bom, velho e “ineficiente” Estado, através dos bancos públicos, é
lógico.
Terça-feira (25), o Banco Central
anunciou que os bancos
públicos vão terminar o ano respondendo por mais da metade dos empréstimos
no País: 50,6% do
total, contra, no ano passado, 44,7%.
Nesses três setores, pela grande
maioria e, no caso da infrestrutura, por quase todo ele.
Essa participação, que hoje passa da
metade, dobrou em relação ao final do governo Fernando Henrique, quando chegou
a ser de menos de 25%.
Ah, mas “os bancos privados não emprestam porque, ao contrário do Governo, não
podem emprestar se as pessoas e empresas não pagam e a inadimplência é alta”,não
é?
Então vamos ao que divulgou ontem
o BC:
“A inadimplência do crédito do
sistema financeiro ficou estável tanto para empresas (2,3%) quanto para as
famílias (5,3%). Pela metodologia do BC, atrasos superiores a 90 dias são
considerados inadimplência”.
A verdade é que os bancos privados
emprestam pouco e caro porque têm como auferir lucros – e imensos – com outras operações, como derivativos cambiais, dívida
pública, ‘spreads’
altíssimos.
Saúde financeira, lucratividade
todos eles têm, e muita, como você pode ver na tabela acima.
Inclusive, os bancos públicos, na
medida em que passaram a emprestar mais, com menos juros.
Mas isso parece ser uma coisa
inadmissível para o privatismo brasileiro.
Nada de ganhar muito vendendo muito,
se é possível ganhar muito vendendo pouco, não é?
E mandar o governo gastar pouco e
pagar muito juro.
Que a obrigação da vaca é dar leite.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”
(http://www.tijolaco.com.br/index.php/no-jornal-o-privatismo-na-vida-real-o-estado-banca/). [Título modificado por este blog 'democracia&política'].
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