“Observadores
variados descobriram uma melodia única para avaliar o pronunciamento de Dilma
Rousseff, sexta-feira, quando a presidente falou sobre os protestos e a
baderna.
Por Paulo Moreira Leite, na revista “IstoÉ”
Por Paulo Moreira Leite, na revista “IstoÉ”
Eles cobram “novidades” – sem dizer quais – e reclamam “medidas espetaculares” – sem dizer o que teriam em mente.
Esse pessoal não entendeu nada. O pronunciamento de Dilma, um pouco demorado demais [10 min] [ver neste blog em http://www.democraciapolitica.blogspot.com.br/2013/06/dilma-fala-ao-pais-sobre-as.html], talvez, esteve a altura do momento em que o país se encontra depois que milhões de pessoas foram às ruas. Sua virtude é não trazer novidades nem anunciar medidas espetaculares. O país, em 2013, não precisa disso, vamos combinar. O grande espetáculo se encontra nas ruas.
Num ambiente de semi-insurreição, onde reivindicações justas e urgentes se misturam a proclamações autoritárias e atos contínuos de violência arruaceira, cabe à Presidenta da República mostrar que assume suas responsabilidades, lembrando que o país possui uma Constituição, que ela tem a obrigação de defender pelos meios de que dispõe.
São valores teoricamente velhos, tão antigos como o regime republicano, de 1889.
Na conjuntura atual, são afirmações atuais e indispensáveis. Não precisamos de lances “marketing”. Precisamos afirmar valores consistentes e fundamentais, como democracia, progresso social, Constituição.
A atitude de Dilma ajuda a recordar que os brasileiros usufruem do mais amplo regime de liberdades públicas de sua história e que essa conquista deve ser preservada. Lembra que seus poderes presidenciais emanam do povo. Foi um pronunciamento presidencial, de quem fala para o país inteiro – e não para os aliados do governo nem, exclusivamente, para os brasileiros que foram às ruas.
São referências importantes após quinze dias de baderna urbana – carros incendiados, vidros quebrados, roubos, ataques a edifícios públicos – e baderna ideológica, com perseguição e porrada em militantes de partidos políticos, faixas que pediam golpe militar e atitudes fascistas.
A presidenta não fez ameaças diretas, mas ficou implícito – felizmente – que se sente inteiramente a vontade para usar o monopólio da violência – que é um direito do Estado – quando for necessário. Num momento em que se multiplicam atos de puro banditismo, condenou a arruaça e a irracionalidade. Mostrou disposição muito maior para ouvir e negociar.
Para quem passou os dois últimos anos criticando a falta de diálogo do governo com a sociedade, Dilma anunciou que irá abrir as portas para dialogar com manifestantes, com entidades e sindicatos. Vai ouvir, considerar e ponderar. Se cumprir o que disse, seu governo assumirá um novo perfil político a partir de então.
Para quem imaginava que os protestos iriam paralisar o governo e transformar a presidente numa órfã política, Dilma avisou que está ativa. Mostrou disposição para ouvir a voz das ruas como nenhum antecessor jamais o fez. Mas sabe seu lugar e sabe muito bem para que foi eleita.
Essa é a mensagem real do pronunciamento.
O resto é crítica de cinema.”
FONTE: escrito por Paulo Moreira Leite, na revista “IstoÉ”. O autor é Diretor da ISTOÉ em Brasília. Dirigiu a revista “Época” e foi redator chefe da “Veja”, correspondente em Paris e em Washington. É autor dos livros “A Mulher que era o General da Casa” e “O Outro Lado do Mensalão”. Artigo transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=216797&id_secao=1). [Imagem obtida no Google e adicionada por este blog ‘democracia&política’].
COMPLEMENTAÇÃO
Do “Blog do Planalto”
“NOTA À IMPRENSA:
ESCLARECIMENTOS SOBRE INVESTIMENTOS DO GOVERNO FEDERAL PARA A COPA DO MUNDO
A matéria veiculada pelo Portal UOL
na manhã de domingo (23), assinada por Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski,
distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma
interpretação errada dos fatos. Cabe esclarecer o seguinte:
- Não há um centavo do Orçamento da
União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa.
-- Há uma linha de empréstimo, via
BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer
outra modalidade de crédito do banco. O teto do valor do empréstimo, para cada
arena, é de R$ 400 milhões, estabelecido em 2009, valor que permanece o mesmo
até hoje. O BNDES tem taxas de juros específicas para diversas modalidades de
obras e projetos. O financiamento das arenas faz parte de uma dessas
modalidades.
-- Não houve qualquer aporte de
recursos do Orçamento da União nos últimos anos para a TERRACAP (Companhia
Imobiliária de Brasília). Portanto, a matéria do UOL está errada. Não há
recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arenas, o que
inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha.
-- Isenções fiscais não podem ser
consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento
econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos. Só as obras
com as seis arenas concluídas até agora geraram 24.500 empregos diretos, além
de milhares de outros indiretos, principalmente na área da construção civil.
-- É importante reforçar que todos os
investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em
obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades.
São obras de mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança pública, energia,
telecomunicações e infraestrutura turística.
-- A realização de megaeventos
representa para o país uma oportunidade para acelerar investimentos em
infraestrutura e serviços, melhorando as cidades e a qualidade de vida da
população brasileira. Os investimentos fortalecem a imagem do Brasil, de seus
produtos no exterior e incrementa o turismo no país, gerando mais empregos e
negócios para o povo brasileiro.
Ministério do Esporte
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão”
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão”
FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO:
Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/nota-a-imprensa-esclarecimentos-sobre-investimentos-do-governo-federal/).
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