Por Eduardo Guimarães
“Se o bombardeio midiático de
saturação contra o governo Dilma obtiver êxito e conseguir eleger um tucano
como presidente no ano que vem, pode-se prever grandes mudanças na política
econômica do país. Mudanças que podem ser desastrosas.
A similaridade entre o discurso do
pré-candidato tucano Aécio Neves e o dos analistas e editorialistas da grande
imprensa já permite ver algumas mudanças práticas que sobreviriam.
Em primeiro lugar, Aécio já encampou
a pregação dos jornais e revistas semanais sobre [contra] o estímulo à economia
via gastos públicos.
Em recente propaganda partidária do
PSDB, o pré-candidato tucano defendeu controle de gastos públicos para conter a
inflação. Esse discurso é exatamente o mesmo que o dos jornais “Folha de São
Paulo”, “O Globo” e “Estadão”, além de revistas como “Veja” e “Época”.
Veja, abaixo, vídeo contendo recente
propaganda partidária do PSDB em que Aécio acusa o governo de “gastar mais do que arrecada” e que isso
precisa mudar para diminuir a inflação. Em seguida, leia trecho de editorial da
“Folha” que diz exatamente o mesmo:
PROPAGANDA PARTIDÁRIA DO PSDB, em 22
de maio de 2013
*
++++++++++++
FOLHA DE SÃO PAULO, 2 de junho de
2013
Editorial
“UM
PLANO DILMA
(…) O governo deve renunciar à
insensatez de tentar estimular a economia com gastos públicos enquanto o BC se
dedica à missão contrária de desincentivar crédito e consumo, necessária para
debelar a inflação (…)”
++++++++++++
Como se vê, ambos dizem a mesma
coisa. No vídeo, Aécio diz, textualmente, que “Hoje, o governo federal gasta mais do que
arrecada” e que,
por isso, “A
conta não fecha”,
referindo-se à causa da inflação.
O gráfico abaixo mostra que o PSDB
não tem como dar lições nesse assunto. A relação dívida-PIB que ilustra está
desatualizada porque o estudo é de 2010 e, assim, os resultados daquele ano, de
2011, 2012 e 2013 estão desatualizados. Contudo, mostra a situação concreta
entre 1984 e 2009.
Como se vê, a relação entre o
Produto Interno Bruto e a dívida líquida do setor público começou a piorar
entre 1995 e 2002, último ano do governo do PSDB, quando chegou a 60% do PIB.
Depois, veio caindo. Em abril deste ano, estava em pouco mais de 35%.
Esse é um dos indicadores mais
eloquentes sobre o estado de uma economia. Sim, a dívida veio crescendo nos
últimos meses, mas, ainda assim, não há situação explosiva como a da era
tucana.
Todavia, [segundo os tucanos] seria
possível o governo melhorar ainda mais esse número se seguisse o conselho da
mídia e do PSDB sobre “renunciar
à insensatez de tentar estimular a economia com gastos públicos”.
Mas há um probleminha nessa
política. Antes de explicar qual é, analisemos o patamar atual da economia
brasileira em relação ao de 2002, último ano do governo FHC.
Em 2012, o PIB brasileiro foi de 2,5
trilhões de dólares; em 2002, foi de [somente] 450 bilhões. Ou seja: em
dólares, a economia brasileira é hoje CINCO VEZES maior do que a de uma década
atrás.
Nos últimos dez anos, portanto,
houve uma revolução na economia brasileira que nos deu condições de usar o
investimento do Estado para promover o crescimento.
Além disso, a política brasileira é
bem sensata e produto de uma decisão do governo que se sustenta em um fato
real: gastamos porque podemos.
Em abril, o governo divulgou que
pode haver relaxamento da meta de superávit em 2013 e 2014. Superávit primário,
para quem não sabe, é a diferença entre receitas e despesas do governo,
excluído o valor dos juros da dívida pública, que, hoje, é muito menor em
relação ao tamanho da economia.
O Brasil não tem como incluir os
juros nessa conta, mas o indicador que define o estado da economia não é o
tamanho da dívida pública e sim a sua relação com o PIB, ou seja, quanto o
governo deve em comparação com a riqueza que produz anualmente.
Ora, Lula chegou ao poder com uma
dívida pública líquida que representava 60% do PIB e, hoje, com Dilma, esse
percentual está em 35%.
Podemos – e devemos –, portanto, usar essa situação inédita na economia
brasileira para fugir de uma política que teria como contrapartida um
verdadeiro desastre social no país.
O desemprego só está baixo, hoje,
porque o Estado lidera os investimentos no país com programas sociais (como o
Bolsa Família) e de infraestrutura (como o PAC). Uma redução consistente nesses
gastos, visando aumentar o superávit primário, teria como consequência o
aumento do desemprego e a redução da renda e dos salários.
Aécio e a mídia ligada ao PSDB
afirmam que essa política reduziria a inflação e aceleraria o crescimento.
Quanto à inflação, o arrocho
salarial e o desemprego poderiam, sim, reduzi-la um pouco, mas de que adiantam
preços mais baixos se o povo estiver desempregado e quem tiver emprego estiver
ganhando muito menos?
Hoje, a população não sente a crise
econômica que está gerando convulsão social em grande parte dos países ricos,
sobretudo na Europa. A política que a mídia prega e que o PSDB deixa ver que pode
adotar, no entanto, importaria essa mesma convulsão para o Brasil.
A você que acredita no que dizem a
mídia tucana e o partido que ela quer reconduzir ao poder, portanto, tenha em
mente que, se o PSDB voltar ao poder, é certo que haverá mais desemprego e
salários menores. E que você pode ser atingido por essa situação.”
FONTE:
escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania” (http://www.blogdacidadania.com.br/2013/06/volta-do-psdb-ao-poder-poderia-gerar-convulsao-social-no-pais/).
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