sábado, 25 de junho de 2011

BRASILEIRA ‘ORBISAT’ DESENVOLVE RADAR PARA AVIÃO NÃO TRIPULADO

VANT da AGX, de São Carlos-SP

APRESENTADO NO SALÃO DE AERONÁUTICA DE PARIS, SISTEMA PODE SER USADO PARA VIGILÂNCIA EM ÁREAS DE MATA FECHADA

"A OrbiSat, empresa brasileira de alta tecnologia aeroespacial, está lançando no Salão de Aeronáutica de Le Bourget, em Paris, o primeiro radar de sensoriamento remoto embarcado em um veículo aéreo não tripulado (VANT) de pequeno porte.

Segundo o presidente da OrbiSat, Maurício Aveiro, o sistema é o primeiro do mercado internacional a operar na banda P -isso significa que, em voo sobre áreas de mata fechada, o equipamento "enxerga" eletronicamente debaixo da copa das árvores. Assim, a leitura permite saber a altura da cobertura vegetal, o desenho do relevo e a constituição do solo. O mapeamento envolve a coleta de outras informações, como perfil geológico e microclima.

A empresa vai oferecer, inicialmente, apenas os serviços, usando um VANT turboélice construído pela Aeroalcool, de Franca, a 400 km de São Paulo. O conjunto aviônico é da AGX, de São Carlos, 233 km distante da capital. A OrbiSat faz parte da Embraer Defesa e Segurança.

Maurício Aveiro estima o mercado interno imediato em cerca de R$ 25 milhões. "A demanda externa, todavia, é bem maior, pode chegar a R$ 100 milhões", afirma. Ainda assim, a operação é de baixo custo, "significativamente inferior à contratação do mesmo levantamento por meio de satélites especializados", sustenta Aveiro.

DE OLHO NA SELVA

A empresa está acumulando experiência na operação por sensoriamento remoto. Contratada pelo Comando do Exército, executa o projeto ‘Cartografia da Amazônia’, que implica na produção de imagens e dados em uma área equivalente à da Europa Ocidental.

Sarvant
O conjunto do SARVANT vai trabalhar em espaços menores -fazendas, hidrelétricas, reservatórios, reservas ambientais, glebas agrícolas, campos de mineração, plataformas de petróleo e pontos de interesse estratégico para a Defesa. "Em outro viés, o radar será útil em missões pontuais de patrulha, ou ainda, de busca e salvamento em florestas", diz.

A aeronave tem autonomia de 10 horas e pode mapear 500 km², na escala 1:5.000, em um só voo.

O SARVANT, pronto para decolagem, pesa pouco mais de 140 quilos. A fuselagem, compacta, não passa de 3,2 metros de comprimento. A asa é extensa, tem seis metros de envergadura. Velocidade: 200 km/hora.

EMBRAER NO COMANDO

A Embraer Defesa e Segurança assumiu, em março, o controle da OrbiSat da Amazônia S/A. Pagou R$ 28,5 milhões por 64,7% do capital social da divisão de radares da companhia, que tem previsão de faturamento estimada em R$ 50 milhões até dezembro, acredita Luis Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa. Criada em 1998, a OrbiSat mantém instalações em Manaus, São José dos Campos e Campinas. No total, as fábricas nas três praças empregam 250 técnicos.

RADAR M60 SABER



A organização desenvolveu e está construindo para o Exército nove radares digitais de campo ‘M60 Saber’. O Comando da Aeronáutica está estudando a aquisição de mais quatro. O equipamento permite detectar e seguir, simultaneamente, 40 alvos aéreos em um raio de 60 quilômetros, na altitude de até 5,2 mil metros. Cheio de possibilidades, o M60 é capaz de apontar helicópteros pairando no ar, caças em voo rasante e objetos em deslocamento lento, na faixa de 32 km/ hora.

O radar pode trabalhar integrado a uma rede de 12 diferentes armas. Exigência do projeto, o Saber precisa de três soldados para ser montado e de 15 minutos para entrar em operação.

Funciona assim: identificados os alvos, as informações são levadas por um programa do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra). Os dados transmitidos em tempo real mostram a localização dos veículos aéreos inimigos, diferenciados por tipo -helicópteros, aviões, mísseis ou foguetes. Da mesma família, a OrbiSat projeta o M200, com alcance de 200 km.

PARA ENTENDER

O Ministério da Defesa e os três comandos das Forças Armadas correm contra o calendário para resolver uma das equações mais complexas e menos discutidas entre os requisitos de segurança da Copa 2014 e Olimpíada 2016.

O País precisa apresentar seu plano de defesa contra ataques terroristas -aéreos, principalmente. Potências como os EUA e a Alemanha ameaçam não vir ao Brasil se o esquema não for convincente. Não é só. A garantia de reservas naturais, do espaço e das fronteiras, depende de programa conjunto, combinando caças da Força Aérea, artilharia do Exército e mísseis terra-ar da Marinha.

Atrasado por causa de sucessivos cortes e contingenciamento de recursos, o segmento da Força Terrestre é o que exige mais cuidados. Nesse viés é que entram os sistemas produzidos pela OrbiSat, como os radares antiaéreos Saber M60, já em fase de entrega, e M200, ainda na etapa de projeto.

Tratam-se de recursos tecnologicamente avançados, O governo tem recebido ofertas de fornecedores estrangeiros. Fabricantes chineses, italianos e franceses entregaram propostas.”

FONTE: reportagem de Roberto Godoy publicada no
O Estado de S.Paulo e transcrita no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=23/06/2011&page=mostra_notimpol) [imagens do google e vídeo adicionados por este blog].

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