terça-feira, 28 de junho de 2011

O FILHO DE FHC: “TESTANDO HIPÓTESES”


PARTE I

Este blog democracia&política vai tentar aplicar o método jornalístico muito ensinado pela Globo, por Ali Kamel.

Imaginarei hipóteses sobre o fato, muito noticiado nestes últimos dias, de Fernando Henrique Cardoso ter reconhecido, após 18 anos de omissão, o filho que teve fora do casamento com a jornalista da Rede Globo Mirian Dutra Schmidt e, agora, dois anos depois do reconhecimento, novo exame de DNA teria “surpreendido” e “comprovado” que o filho não seria dele.

1ª hipótese: não é filho de FHC

Mirian Dutra, então grávida, em combinação ou enganando FHC, teria vazado o falso “segredo” de o pai do seu filho ser FHC.

Para não prejudicar o casamento dele com a Dra. Ruth Cardoso e a carreira política do então senador (que fora “eleito” sem um voto, como suplente do senador Franco Montoro que se afastara para ser governador de São Paulo; a Wikipedia registra: “a investida de Montoro no Palácio dos Bandeirantes permitiu a efetivação do sociólogo Fernando Henrique Cardoso em sua vaga na Câmara Alta do país”), e estando FHC e seu partido (PSDB) já fortemente comprometidos com os interesses das Organizações Globo, a solução seria a TV Globo esconder o fato, Miriam Dutra e seu filho, sustentando-a em atraente emprego no exterior.

A Globo caiu na armadilha e propiciou, já mais de vinte anos, dispendiosa missão na Europa, praticamente sem receber nenhum trabalho da jornalista. O segredo foi mantido. Tanto a Rede Globo, como toda a grande mídia, também de direita, demotucana, silenciaram sobre o assunto, alegando “autocensura por razões éticas, por ser um problema pessoal”.


Após a morte de Dra. Ruth, e depois de FHC já ter sido presidente duas vezes, acharam que ele faria boa figura para o eleitorado demotucano se realmente assumisse a paternidade. Assim ele fez em setembro de 2009. O rapaz já tinha 18 anos.

Se isso realmente aconteceu, o golpe foi bem dado. Funcionou. Contudo, a Globo ‘pagou o pato’ na trama. Caiu na cilada e, sendo ou não sendo filho de FHC, teve a despesa milionária de sustentar até hoje, em bom padrão, por vinte anos, uma família em boas cidades da Europa, sem qualquer trabalho conhecido em troca. A Globo possibilitou que, nem FHC, nem o verdadeiro pai (se não era ele), precisassem despender um tostão do próprio bolso. (Obs: não necessariamente ligado a esses fatos, veio a ocorrer grande fluxo de dinheiro público, em gigantescos e privilegiados contratos de publicidade do governo com as Organizações Globo, quando FHC exerceu a presidência).

FHC, Mirian Dutra e, graças à Globo, o tamanho das despesas de pai, para FHC

2ª hipótese: é filho de FHC

O filho é realmente de FHC, mas, para evitar futuros conflitos na partilha da multimilionária herança de FHC, agora ‘surgiu’ um novo exame de DNA ‘comprovando’ que FHC não é o pai. Por suprema ‘nobreza’ e ‘magnanimidade’, FHC, assim mesmo, o considera seu filho. A imprensa dá grande destaque a essa ‘sublime atitude’ do sociólogo.

Porém, independentemente do que diga FHC, a consequência é que, com base no resultado desse conveniente novo exame de DNA, os três filhos dele com Dra. Ruth poderão na Justiça evitar a participação do filho dele com Miriam Dutra na divisão do gordo espólio. Muitos pais que pagam pensão a filhos nascidos fora do casamento estão interessados no caso e em saber qual foi o laboratório.

Por falar em herança, a imprensa sempre protegeu FHC, dizendo que ele é riquíssimo porque já nasceu em ‘berço de ouro’, ‘um príncipe’, pois o pai era oficial do Exército que no final da carreira chegou a general. Depreendo que os generais ganhavam muito bem na época. Hoje, são apenas classe média-média.

Em ambas as hipóteses, a principal vítima de tudo isso foi a criança, que não teve, na infância e na adolescência, o sobrenome, a assistência e a educação do pai, irresponsavelmente omisso.

Bom, essas conjecturas são meros exercícios teóricos deste primário blog, tentando empregar ensinamentos de jornalismo da Globo, que muito aplicou esse método de “testar hipóteses” durante o governo Lula.

Apresento, a seguir, descrição mais pormenorizada desses acontecimentos, na postagem que transcrevo de Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com”.

Em resumo, um conceito está evidente. Esta postagem exemplifica o modo de atuar padrão da grande imprensa brasileira: maquiavélico, tendencioso, partidário da direita.

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PARTE II

Por Eduardo Guimarães

O ‘FILHO’ DE FHC E O ‘DIREITO DE SABER’

“Em 15 de setembro de 2009, o jornal 'Folha de São Paulo' rompeu uma autocensura da imprensa brasileira que durou 18 longos anos ao revelar uma história que os setores mais informados da sociedade já conheciam, apesar de nunca ter saído em nenhum grande jornal, revista, rádio ou mesmo na televisão. Abaixo, a matéria:

FOLHA DE SÃO PAULO, 15 de setembro de 2009

FHC DECIDE RECONHECER OFICIALMENTE FILHO QUE TEVE HÁ 18 ANOS COM JORNALISTA.”

Por Mônica Bergamo, colunista da ‘Folha’


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu oficializar o reconhecimento do filho que teve com a jornalista Mirian Dutra, da TV Globo.


Tomas Dutra Schmidt tem hoje 18 anos. O tucano já consultou advogados e viajou na semana passada a Madri, onde vive a jornalista, para cuidar da papelada.


A ‘Folha’ falou com FHC no hotel Palace, na Espanha, onde ele estava hospedado. O ex-presidente negou a informação e não quis se alongar sobre o assunto. Disse que estava na cidade para a reunião do Clube de Madri.


Mirian também foi procurada pela ‘Folha’, que a consultou a respeito do reconhecimento oficial de Tomas por FHC. “Quem deve falar sobre este assunto é ele e a família dele. Não sou uma pessoa pública”, afirmou a jornalista.


O ex-presidente e Mirian tiveram um relacionamento amoroso na década de 90, quando ele era senador em Brasília. Fruto desse namoro, Tomas nasceu em 1991. FHC e Mirian decidiram, em comum acordo, manter a história no âmbito privado, já que o ex-presidente era casado com Ruth Cardoso, com quem teve os filhos Luciana, Paulo Henrique e Beatriz.


No ano seguinte, a jornalista decidiu sair do Brasil e pediu à TV Globo, onde trabalhava havia sete anos, para ser transferida. Foi correspondente [sic] em Lisboa. Passou por Barcelona e Londres e hoje trabalha [sic] para a TV em Madri.


Quando FHC assumiu o ministério da Fazenda, em 1993, a informação de que ele e Mirian tinham um filho passou a circular entre políticos e jornalistas.


Procurados mais de uma vez, eles jamais se manifestaram publicamente.


Em 1994, quando FHC foi lançado candidato à Presidência, Mirian passou a ser assediada por boa parte da imprensa.


E radicalizou a decisão de não falar sobre o assunto para, conforme revelou a amigos, impedir que Tomas virasse personagem de matérias escandalosas ou que o assunto fosse usado politicamente para prejudicar FHC.


Naquele ano, esta colunista se encontrou com ela em Lisboa e a questionou várias vezes sobre FHC. “Nem o pai do meu filho pode dizer que é pai do meu filho”, disse Mirian.


Em 18 anos, o ex-presidente sempre reconheceu Tomas como filho, embora não oficialmente, e sempre ‘colaborou com seu sustento’ [sic]. Nos oito anos em que ocupou a Presidência, os dois se viam uma vez por ano. Tomas chegou a visitá-lo no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.


Depois que deixou o cargo, FHC passou a ver o filho, que na época vivia em Barcelona, com frequência. Mirian o levava para Madri, Lisboa e Paris quando o ex-presidente estava nessas cidades. No ano passado, FHC participou da formatura de Tomas no Imperial College, em Londres.


Neste ano, Tomas mudou para os EUA para estudar Relações Internacionais na George Washington University."

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[No último sábado] (25 de junho de 2011), veio a público notícia de que a autocensura que a grande imprensa se impôs por 18 anos foi vã, pois exame de DNA teria comprovado que o filho que FHC teria tido fora do casamento não seria dele.

Uma curiosidade: mulheres que geraram filhos de Lula e de FHC se chamam Mirian, mas uma de sobrenome Cordeiro e a outra, Dutra.

A ruptura dessa autocensura, porém, não se deu de graça. Uma semana depois de a ‘Folha’ ter dado [em set 2009] essa notícia ocultada do público por tanto tempo, o mesmo jornal divulgou um longo artigo de um desafeto do então presidente Lula acusando-o de ter tentado estuprar um adolescente na cadeia quando esteve preso durante a ditadura.

Mais uma curiosidade: leitora deste blog que também é uma amiga, a socióloga carioca Vera Pereira, previu que a publicação da história sobre o filho de FHC fora do casamento seria uma desculpa para aquele jornal fazer algum ataque à vida pessoal de Lula.

A questão central, porém, não é essa. O que se pretende, aqui, é provar, pela milionésima vez, como a autoproclamada “imprensa independente” trata os políticos de acordo com o partido a que pertencem. A questão é: por que a mídia demorou 18 anos para contar a história do filho ilegítimo de FHC?

Esses meios de comunicação argumentam que simplesmente preservaram assuntos que só interessariam ao próprio ex-presidente tucano, pois seriam pertinentes à sua vida pessoal, com o que este blog concorda em gênero, número e grau.

Por polêmico que seja meu ponto de vista, digo que não me interessa se FHC pulou ou não a cerca, conquanto que a sua aventura amorosa não produza efeitos sobre a administração pública.

Contudo, não parece ser esse o caso. A Globo, que era empregadora da mãe do filho que FHC teria tido fora do casamento quando ela o deu à luz, tratou de expatriar a moça para a Europa sustentando-a inclusive durante período em que não trabalhou.

Vale dizer que nunca se soube que tipo de trabalho ela passou a fazer para a emissora nos anos que se seguiriam.

De qualquer forma, o argumento usado por todo aquele tempo pela Globo para não levar o caso do filho ilegítimo de FHC ao conhecimento público mostra-se diametralmente diferente do que a mesma emissora usou quando Fernando Collor de Mello expôs a vida íntima do ex-presidente Lula durante a campanha eleitoral de 1989.

Aquele foi o ano em que o jornal O Globo publicou editorial em que defendeu que Collor tinha o direito de expor a intimidade de Lula porque a sociedade teria direito a saber desse tipo de detalhe sobre a vida pessoal dos políticos.

As informações que você lerá a seguir foram retiradas do site do jornalista Luiz Carlos Azenha:

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O GLOBO, 12 de dezembro de 1989

Editorial

O Direito de Saber.”

O povo brasileiro não está acostumado a ver desnudar-se a seus olhos a vida particular dos homens públicos. O povo brasileiro também não está acostumado à prática da Democracia. A prática da Democracia recomenda que o povo saiba tudo o que for possível saber sobre seus homens públicos, para poder julgar melhor na hora de elegê-los.


Nos Estados Unidos, por exemplo, com frequência homens públicos veem truncada a carreira pela revelação de fatos desabonadores do seu comportamento privado. Não raro, a simples divulgação de tais fatos os dissuade de continuarem a pleitear a preferência do eleitor.


Um nebuloso acidente de carro em que morreu uma secretária que o acompanhava barrou, provavelmente para sempre, a brilhante caminhada do senador Ted Kennedy para a Casa Branca –para lembrar apenas o mais escandaloso desses tropeços.


Coisa parecida aconteceu com o senador Gary Hart; por divulgar-se uma relação que comprometia o seu casamento, ele nem sequer pôde apresentar-se à Convenção do Partido Democrata, na última eleição americana.


Na presente campanha, ninguém negará que, em todo o seu desenrolar, houve uma obsessiva preocupação dos responsáveis pelo programa do horário eleitoral gratuito da Frente Brasil Popular de esquadrinhar o passado do candidato Fernando Collor de Mello. Não apenas a sua atividade anterior em cargos públicos, mas sua infância e adolescência, suas relações de família, seus casamentos, suas amizades. Presume-se que tenham divulgado tudo de que dispunham a respeito.


O adversário vinha agindo de modo diferente. A estratégia dos propagandistas de Collor não incluía a intromissão no passado de Luís Inácio Lula da Silva nem como líder sindical nem muito menos remontou aos seus tempos de operário-torneiro, tão insistentemente lembrados pelo candidato do PT.


Até que anteontem à noite surgiu nas telas, no horário do PRN, a figura da ex-mulher de Lula, Mirian Cordeiro, acusando o candidato de ter tentado induzi-la a abortar uma criança filha de ambos, para isso oferecendo-lhe dinheiro, e também de alimentar preconceitos contra a raça negra.


A primeira reação do público terá sido de choque, a segunda é a discussão do direito de trazer-se a público o que, quase por toda parte, se classificava imediatamente de ‘baixaria’.


É chocante mesmo, lamentável que o confronto desça a esse nível, mas nem por isso deve-se deixar de perguntar se é verdadeiro. E se for verdadeiro, cabe indagar se o eleitor deve ou não receber um testemunho que concorre para aprofundar o seu conhecimento sobre aquela personalidade que lhe pede o voto para eleger-se Presidente da República, o mais alto posto da Nação.


É de esperar que o debate desta noite não se macule por excessos no confronto democrático, e que se concentre na discussão dos problemas nacionais.


Mas a acusação está no ar. Houve distorção? Ou aconteceu tal como narra a personagem apresentada no vídeo? Não cabe submeter o caso a inquérito. A sensibilidade do eleitor poderá ajudá-lo a discernir onde está a verdade –e se ela deve influenciar-lhe o voto, domingo próximo, quando estiver consultando apenas a sua consciência."

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A denúncia da ex-namorada de Lula foi totalmente desmascarada. Um jornalista chamado Luís Maklouf publicou um livro intitulado “Eu Já Vi Esse Filme”, em que relata que Mirian Cordeiro teve que ser sustentada por Collor durante anos pelo serviço prestado. Quando perguntada sobre seu padrão de vida, declarou: “Só sei que estão pagando tudo”.

Jamais houve, porém, interesse da imprensa nesses fatos. Devassaram a vida de Lula em nome da “liberdade de imprensa” e do “interesse público”, mas não tiveram a dignidade de reparar a injustiça histórica que a própria filha do ex-presidente, Lurian, já dissera reiteradas vezes que fora cometida pela mãe.

Abaixo, o vídeo da “denúncia” contra Lula usada para derrotá-lo em 1989:



Por fim, para levar no bom humor as maldades da oposição e da mídia, adiciono charge do Bessinha obtida no "Conversa Afiada" (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2011/06/28/bomba-bessinha-sabe-quem-nao-e-o-pai-do-real/):



FONTE: PARTE I , imagens do Google e charge do Bessinha inseridas por este blog 'democracia&politica'; PARTE II obtida no blog “Cidadania.com”  (http://www.blogcidadania.com.br/2011/06/o-%e2%80%9cfilho%e2%80%9d-de-fhc-e-o-%e2%80%9cdireito-de-saber%e2%80%9d/) [].

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