terça-feira, 15 de novembro de 2011
O ÚLTIMO GOLPE DA PROPAGANDA ISRAELENSE CONTRA O IRÃ
[Obs deste blog 'democracia&política:
Israel construiu, clandestinamente, 200 a 500 bombas atômicas, sem conhecimento, fiscalização da AIEA ou ameaças de sanções da ONU. Cinicamente, agora quer atacar o Irã “por suspeita de que o programa nuclear iraniano para energia termoelétrica poderá, no futuro, ser direcionado para fins militares”.
Israel é suportado por gigantesca ajuda dos EUA, da ordem de US$ 3 bilhões/ano, unicamente para aquisições e emprego militar e sem compromissos com o doador, sequer de offset. Logicamente, os EUA não fazem isso de bonzinhos ou pelo fato de o governo, o Congresso e o complexo industrial-militar norte-americanos serem comandados pelo lobby judeu. Israel os ajuda na apropriação, manutenção e controle das exportações dos mananciais de petróleo do Oriente Médio. Assim, Israel tem Forças Armadas desmedidamente enormes e poderosas que, quase toda semana, são empregadas, ou "treinadas" em Gaza (segundo a mídia, sempre "em retaliação"...) para bombardeios aéreos e terrestres e com mísseis e bombas guiadas de última geração, contra residências ou automóveis de palestinos, em geral ainda adolescentes, em muitos casos apenas suspeitos de terem atirado pedras na direção de soldados nas terras invadidas e ocupadas pelo expansionista Israel].
Vejamos o seguinte artigo de MK Bhadrakumar, no site “Indian Punchline”
“Israel começou a perder o domínio estratégico que teve no Oriente Médio quando encontrou pela frente o Hezbollah, que o desafiou na guerra do Líbano, em 2006. Mas continua como mestre incontestável da propaganda global. O ponto alto dessa performance parece ter sido o famoso e ousadíssimo ataque, por pilotos israelenses, contra uma instalação nuclear secreta da Síria, em 2007.
2007 foi a culminância da propaganda israelense. Leiam o relatório, na página do governo holandês. Ou no blog do ‘Washington Post’. O que teria provocado aquela magnífica onda de divulgação e propaganda, há quatro anos? Evidentemente, para encobrir a derrota que o Hezbollah aplicou-lhe, Israel planejou a operação militar e a operação de propaganda, que, acreditavam os israelenses, lhes devolveriam a imagem de antes, de marcianos descidos no Oriente Médio.
Não é em tudo semelhante ao que vemos hoje? Não estamos assistindo ao ‘replay’ daquele raro momento de gênio para a autopromoção e a propaganda que Israel está forçando ao máximo, para atacar o Irã?
Tenho quatro motivos pelos quais chamo de propaganda israelense:
(1) Os líderes israelenses, com certeza, sabem o mesmo que sabe o ex-chefe do Mossad, Ephraim Halevy, que repetiu várias vezes, semana passada, que o programa nuclear iraniano não representa, de fato, ameaça existencial a Israel.
(2) Os líderes israelenses entendem a política. Entendem que, na Europa e nos EUA, os líderes foram colhidos no redemoinho da crise econômica e mal conseguem manter-se à tona. Sabem bem que Israel não tem capacidade para combater sozinhos, em guerra para a qual não contem com total apoio dos EUA; e que os EUA, por sua vez, não têm fôlego para envolver-se hoje em mais uma guerra – menos ainda se for guerra no Oriente Médio que faça subir o preço do petróleo. (Evidentemente, a primeira reação do Irã será fechar o Estreito de Hormuz, por onde passa 1/3 do petróleo que o mundo consome.)
(3) Os três mais altos comandantes das forças armadas de Israel e os chefes do Mossad e do Shin Bet já se manifestaram contra um ataque ao Irã. Os líderes israelenses sabem bem porque todos esses se opõem tão firmemente à guerra contra o Irã. Sabem que o Hezbollah fará chover dezenas de milhares de foguetes sobre todas as cidades pequenas e grandes e sobre todas as colônias de israelenses, o que provocará número colossal de mortes entre os civis. Digam o que disserem, políticos como Benjamin Netanyahu e Ehud Barak sabem que efeito essa tragédia terrível teria sobre suas bem-sucedidas carreiras eleitorais. E, por fim,
(4) os israelenses são mentes brilhantes e com certeza, antes de iniciar um ataque contra o Irã, não deixariam de perguntar a pergunta fundamental: Qual o objetivo do ataque? Destruir o programa nuclear do Irã? Mas, para tanto, Israel teria, antes, de saber exatamente onde se localizam as instalações nucleares do Irã – informação que, hoje, Israel não tem. Em resumo, a liderança israelense estaria pondo em risco a vida de centenas de milhares de israelenses inocentes, numa guerra sem objetivo claro. E, de fato, no final da história, o Irã que emergisse depois do ataque israelense, sem dúvida construiria sua bomba atômica, a qual, essa, sim, seria ameaça existencial contra Israel por, no mínimo, alguns milênios.
Assim sendo, por que essa onda de propaganda israelense que está enlouquecendo o planeta?
Vejo três fatores em operação.
(1) As políticas regionais de Israel chegaram a um beco sem saída. E o iminente reconhecimento da Palestina pela Assembleia Geral da ONU é pílula amarga demais para engolir. Agora, o anel de isolamento regional que cerca Israel fechou-se.
(2) Os movimentos sociais de protesto em Israel estão ganhando ímpeto. A política econômica de Israel carece desesperadamente de reformas; mas o governo foi apanhado de calças curtas e não tem dinheiro.
O governo israelense precisa muito de alguma coisa que distraia a atenção da população, afastando-a das questões 1 e 2, acima. O espectro da guerra contra o Irã é o derradeiro golpe de propaganda ao qual os políticos israelenses estão recorrendo, em desespero, para mobilizar a nação.
(3) não poderia haver melhor momento para “apertar” Barack Obama. Evidentemente, Netanyahu sabe o quanto Obama é supremamente “apertável” – desde que Obama foi forçado a recuar do que disse no famoso discurso do Cairo, em 2009. Com Obama começando sua campanha eleitoral para a reeleição, Netanyahu o vê como vulnerável a chantagem – e chantagem é jogo em que Israel é mestre. A experiência mostra que sempre que a pressão aumenta no Oriente Médio, os EUA instintivamente soltam os cordões do dinheiro para Israel. Obama está à beira de fazer isso.
A parte engraçada é que não há nenhum sinal de que o Irã tenha, de fato, trabalhado muito para sua dramática aparição como potência regional. Não é autor da coreografia da "Primavera Árabe", nem nada teve a ver com os EUA invadirem o Afeganistão e o Iraque. Praticamente, tudo aconteceu naturalmente – resultado das tolices dos EUA e das políticas israelenses.
A primeira implicação disso tudo é que os israelenses não são infalíveis e invencíveis. Não são, mas não acho que os líderes israelenses sejam idiotas. Precisam, isso sim, desesperadamente, dos efeitos de uma onda de propaganda espetacular – como em 2007 – que mostre Israel como nação potente e valorosa, contra um Irã covarde e fraco. Para que a coisa funcionasse, Israel teve de pressupor que o Irã atacado permaneceria encolhido e não retaliaria. O problema é que o Irã não está cooperando. Estaremos assistindo à última onda de propaganda de Israel?"
FONTE: escrito por MK Bhadrakumar, no blog “Indian Punchline”, da Índia. Publicado no portal “Vermelho” traduzido pelo “Coletivo Vila Vudu” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=168371&id_secao=9) [imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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