terça-feira, 11 de junho de 2013

Portugal: MÁRIO SOARES QUER DERRUBAR O GOVERNO

[Mário Soares. Entre outros importantes cargos, foi primeiro-ministro de Portugal nos seguintes períodos:
--I Governo Constitucional entre 1976 e 1977;
--II Governo Constitucional em 1978;
--IX Governo Constitucional entre 1983 e 1985; e
--Presidente da República entre 1986 e 1996 (1º mandato de 10 de Março de 1986 a 1991, 2º mandato de 13 de Janeiro de 1991 a 9 de Março de 1996).
]


“Mário Soares, ao exigir a queda do governo, pregou a união das esquerdas e do centro para recuperar a mensagem da Revolução ocorrida há 39 anos, e da qual é um dos poucos sobreviventes. Trata-se de estabelecer um programa comum de ação, a partir de pontos consensuais, que preservem a democracia e os direitos de todos os cidadãos.

Por Mauro Santayana




                                               Protestos na Espanha

                                   Protestos e Portugal (cidade do Porto)  

A esquerda europeia retomou [em maio] as ruas, em protestos convocados pelos portugueses, contra a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu. Ainda que a grande imprensa e as autoridades policiais tenham reduzido a dimensão dos atos, eles foram expressivos. Mas, é natural que tenha sido assim.
Por mais importantes que sejam os movimentos de massas, eles, por si sós, não mudam a História. Os protestos são facilmente reprimíveis pela força policial – a menos que os policiais a eles se adiram, como ocorreu na Queda da Bastilha, quando a Guarda Civil de Paris armou o povo na jornada de 14 de julho de 1789. 

O que faz as revoluções é a conjunção entre as ideias bem organizadas e a ação estratégica dirigida pelos líderes populares.

[Quinta-feira (6) da semana passada], Mário Soares – o veterano intelectual e líder civil da Revolução dos Cravos, de 1974 – empolgou as forças de esquerda, ao proferir a aula magna da Universidade de Lisboa. Aos 89 anos, o ex-presidente e ex-primeiro ministro fustigou a política de “austeridade”, exigida pela "troika", ou, melhor, pela trinca, supranacional – o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu - que está asfixiando a Europa e prejudicando o mundo inteiro.

Ao lembrar a “Revolução dos Cravos”, disse Mário Soares: “Não podemos deixar que tudo isso seja destruído, que o país seja desmantelado e vendido a quem pague mais [OBS: política também implantada no Brasil por Collor e FHC/PSDB]. Essa 'austeridade' [sic] nos leva ao abismo, a ele nos empurra. E tudo, para quê? Para enriquecer o mercado. A crise do euro não é só financeira e econômica, é também social, política, ética e ambiental. O neoliberalismo, a ideologia que provocou a crise, contra as pessoas e em favor do dinheiro, está moribundo e não vai poder perdurar muito”. O auditório, de pé, repetiu, aos aplausos, a sua frase final: “Contra o medo, e com patriotismo”. Mário pretende criar nova maioria parlamentar e a queda do governo chefiado por Passos Coelho.

Mário Soares, ao exigir a queda do governo, pregou a união das esquerdas e do centro, para recuperar a mensagem da Revolução ocorrida há 39 anos, e da qual é um dos poucos sobreviventes. Trata-se de estabelecer um programa comum de ação, a partir de pontos consensuais, que preservem a democracia e os direitos de todos os cidadãos. A organização política dos povos massacrados pelo neoliberalismo é o único caminho para impedir a consolidação da ditadura mundial dos banqueiros sob um regime fascista. A direita reforça sua posição no mundo; e a violência dos desesperados, como os atentados recentes de Boston e Londres, em lugar de enfraquecê-la, fortalecem-na. Estamos vivendo situação muito semelhante à dos anos 30, que resultou na tragédia dos campos de concentração e na sangueira da 2ª. Guerra Mundial.”

FONTE: escrito por Mauro Santayana, colunista político do “Jornal do Brasil”, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da “Ultima Hora” (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a “Folha de S. Paulo” (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte. Transcrito no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=6119). [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

Nenhum comentário: