O site “Direto da Redação” postou ontem muito bom artigo de Mário Augusto Jakobskind:
“Quem acompanha nestes dias as informações e comentários sobre a exploração das reservas petrolíferas do pré-sal constata que há um clima de nervosismo na turma do “petróleo é vosso”. De Arnaldo Jabor a Miriam Leitão, passando por Carlos Alberto Sardenberg e outros que ocupam o espaço midiático conservador, todos foram unânimes em questionar os defensores de a riqueza do pré-sal ficar com os brasileiros e não ser diluída nas mãos de empresas multinacionais do setor.
Trocando em miúdos: tanto eles, colunistas, como seus superiores hierárquicos, querem que as grandes empresas petrolíferas tomem conta das riquezas de uma vez por todas. E chegam até a advertir Lula, que pelo menos na retórica está defendendo a preservação da reserva petrolífera sob o controle brasileiro.
A jóia do pensamento pró-multinacional ficou por conta de Sardenberg ao afirmar que “esse negócio de petróleo é nosso”, “riqueza nas mãos dos brasileiros” é, pasmem, “coisa do passado”, “populismo”.
O hoje sócio do Teatro Casa Grande, David Zilberstajn, o tal genro nomeado por Fernando Henrique Cardoso para a Agência Nacional de Petróleo e que ao se reunir com representantes de multinacionais petrolíferas cunhou a frase “o petróleo é vosso”, está de volta na defesa de interesses antinacionais. Na era FHC, Zilberstajn, o genro, tornou-se um dos mais ardorosos defensores da entrega da estatal brasileira de petróleo para os acionistas estrangeiros, que hoje chegam a 60%.
Os mesmos propulsores desta privatização pelas beiradas são os veementes defensores de que as riquezas energéticas do pré-sal sejam exploradas pelas multinacionais e pregam a continuidade dos leilões de petróleo. De saída, sem qualquer tipo de discussão mais aprofundada, a tal patota se colocou contra a criação de uma estatal para cuidar melhor desta riqueza.
Aliás, esta turma pós-moderna não traz nada de novo. Ela sim é “coisa do passado”, uma vez que os argumentos hoje apresentados reproduzem o que a mídia conservadora nos anos que antecederam a criação da Petrobrás (final dos anos 40 e início dos 50) dizia.
Claro, não adianta nada criar uma estatal de um lado e do outro conceder as facilidades para que a maior parte da riqueza fique com as multinacionais, como fez FHC. Mas a bancada do “petróleo é vosso” nem quer ouvir falar em estatal, ainda por cima se ela for controlada pelo povo brasileiro e não por quem o grupo defende e possivelmente é subsidiado.
Nenhum dos tais analistas foi capaz de associar a reativação da IV Frota dos Estados Unidos com as riquezas do pré-sal. Na verdade, tanto a Secretária de Estado, Condoleezza Rice, o vice Dick Cheney e o próprio presidente George W. Bush só agem em conformidade com as empresas petrolíferas que estão de olho no nosso litoral. O trio sinistro inventou vários argumentos para justificar a reativação IV Frota. Chegaram até a falar em “ação humanitária”.
Outra questão que está ocupando grandes espaços na mídia é a decisão, possivelmente nesta próxima quarta-feira(27), do Supremo Tribunal Federal sobre a reserva indígena de Raposa Terra do Sol, se ela seguirá contínua ou dividida em ilhas. A elite brasileira, preconceituosa e racista por natureza, apresenta argumentos pífios em defesa da divisão que só confirmam o juízo formado ao longo do tempo sobre os indígenas brasileiros. Enquanto eles eram apresentados apenas como grupos folclóricos e na verdade como cidadãos de segunda classe próximos da extinção, as elites os aceitavam de bom grado e até criaram um dia do calendário destinado aos índios. Mas a partir do momento em que eles tomaram consciência de seus direitos e se organizaram no sentido de ocupar espaços nos restantes 364 dias do ano como cidadãos brasileiros integrantes de uma etnia, aí a coisa mudou de figura. Os índios se transformaram em “marionetes” de governos estrangeiros “ameaçadores de nossa soberania”.
E cá entre nós, como é lamentável ver militares tomando a defesa da patota do agronegócio, representada em Rondônia pelos arrozeiros, e silenciarem quanto a entrega de mão beijada da Amazônia para as multinacionais. Por que o comandante da Amazônia, General Augusto Heleno Pereira, em vez de destilar preconceito contra os indígenas não chama a atenção sobre a facilidade que os governos brasileiros, desde a época da ditadura, concedem às multinacionais naquela área? As terras dos indígenas brasileiros são preservadas e pertencem à União, mas em áreas onde políticos corruptos predominam, as multinacionais são sempre favorecidas.
Resta agora aguardar a decisão dos ministros do STF, se julgarão o pleito desprovidos de preconceito ou cederão às pressões dos arrozeiros."
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