O jornal Folha de São Paulo de domingo publicou a seguinte reportagem de Agnaldo Brito:
EXPANSÃO DOS PORTOS DE SANTOS E SÃO SEBASTIÃO E MONTAGEM DE COMPLEXO DE PRODUÇÃO DE GÁS E PETRÓLEO NO LITORAL DE SP ABREM VAGAS
NO ESTADO DE SP, APENAS BAIXADA SANTISTA REGISTROU EXPANSÃO NO EMPREGO EM DEZEMBRO; PETROBRAS DEVE RECRUTAR MAIS 1.200 EM SANTOS
“A expansão dos portos de Santos e São Sebastião e a montagem de um novo complexo de produção de petróleo e gás natural no litoral paulista conseguiram afastar, pelo menos por enquanto, a crise econômica da região. Levantamento da Folha feito a partir das estatísticas do governo de São Paulo mostra que apenas a Baixada Santista registrou crescimento no emprego em dezembro, auge crise financeira.
As razões que sustentam o emprego na região de Santos alcançam também cidades do litoral norte, como Caraguatatuba, onde foram gerados mais de 1.200 empregos entre setembro e dezembro de 2008 (alta de 8,21%), e São Sebastião, zona portuária, que registrou acréscimo de 3,24% na oferta de vagas no período.
Os dados são da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo.
Os números mostram que foram gerados na Baixada Santista, entre setembro e dezembro de 2008, 2.400 vagas, expansão de 0,75%. Foi a única região, entre as 15 que compõem o Estado de São Paulo, a registrar aumento da contratação. A região de Ribeirão Preto, com forte influência do setor sucroalcooleiro, registrou queda de 8,38%, segundo dados do governo. Araçatuba, região predominantemente agrícola, teve baixa de 13,25% no período.
"O turismo na Baixada foi beneficiado pela crise, mas isso sozinho não explica a situação relativamente tranquila da região. Outros dois vetores contribuem para minimizar aqui os impactos dessa crise: os grandes investimentos da Petrobras na montagem da bacia de Santos e os novos projetos no porto de Santos", afirma João Paulo Tavares Papa (PMDB), prefeito de Santos.
Os investimentos já iniciados da Petrobras na região têm surtido efeito. A estatal promete aporte de US$ 25 bilhões até 2013 na nova bacia de Santos, onde deve brotar o petróleo do pré-sal a partir de março. A Petrobras já tem na região 800 funcionários contratados e deve paulatinamente recrutar mais 1.200 nos próximos meses. Isso sem contar a geração de vagas para a construção de uma sede própria no bairro portuário do Valongo, em Santos.
Na próxima sexta-feira, um importante evento marca o início da operação do primeiro projeto da nova fase da bacia de Santos. O campo de Lagosta, a seis quilômetros do campo de Merluza, entra em operação. Produzirá 1,5 milhão de metros cúbicos de gás natural e mais 3.000 barris de petróleo.
O campo de Mexilhão é o grande projeto do complexo e será o centro de escoamento de gás dos campos de Uruguá, Tambau e Tupi. Em terra, estão em andamento a construção do gasoduto que levará a produção de gás da bacia de Santos para o duto que liga São Paulo ao Rio e a estação de tratamento do gás em Caraguatatuba, onde 900 trabalhadores já montam a estrutura. Até o fim do ano, serão 2.300 funcionários.
Cidade de vocação turística, Caraguá tem agora a primeira unidade industrial. Isso mudou até a demanda de mão-de-obra. No dia 11 passado, o Posto de Atendimento ao Trabalhador do município ofertava 510 vagas, a maior parte para construção civil e indústria.
No porto de Santos, a soma de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e de empresas privadas chega a R$ 3,6 bilhões. Muitas obras já começaram, como a via perimetral direita, um projeto de R$ 100 milhões com a contratação de 300 trabalhadores. Além da infraestrutura portuária, sob a responsabilidade do governo federal, há grandes projetos de terminais privados, entre os quais o da Embraport (empreendimento de R$ 1,2 bilhão e previsão de mil empregos) e o terminal da BTP (Brasil Terminais Portuários), avaliado em R$ 1,8 bilhão.
"A crise pode reduzir a movimentação de carga, mas ao mesmo tempo há investimento na infraestrutura portuária e em novos terminais, o que pode garantir uma situação confortável para a região neste momento de crise", diz José Roberto Serra, presidente da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo).
A mesma situação ocorre em São Sebastião, porto menor -pelo qual a Petrobras escoa para o continente metade do petróleo consumido pelo país. Segundo Frederico Bussinger, diretor-presidente da Companhia Docas de São Sebastião, o porto deve atingir neste ano a movimentação de 1 milhão de toneladas, 200 mil a mais do que em 2008, o que deve gerar novos empregos.”
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