segunda-feira, 28 de novembro de 2011
RENASCE O MAIOR ESTALEIRO DO BRASIL
Por Fernando Brito
“Enquanto a presidente Dilma discursava na semana passada em Niterói, na entrada em operação do primeiro dos 49 navios que integram o programa de modernização da frota da Petrobras – aliás, um discurso forte onde afirma que o país não vai voltar aos tempos em que exportava empregos e era monitorado pelo FMI – algo muito importante para o Brasil e, especialmente, para o Rio de Janeiro, acontecia a poucos quilômetros dali, também na Baía da Guanabara.
Porque, enquanto o navio-tanque ‘Celso Furtado’, com suas 50 mil toneladas de capacidade de transporte de derivados de petróleo era entregue, uma nave muito maior cruzava o vão central da ponte Rio-Niterói e ancorava, à espera de sua metamorfose. O antigo petroleiro ‘Titan Seema’, construído em 1993, deslizou os seus 325 metros de comprimento e 56 de largura por entre as colunas da ponte e ancorou ao largo do antigo estaleiro ‘Ishikawajima do Brasil’.
Os dois veteranos – navio e estaleiro – vão começar uma nova vida no primeiro semestre de 2012. Com nomes novos. O ‘Titan’ vira ‘Petrobras P-74’. O ‘Ishikawajima’ retoma o nome que tinha antes dos japoneses: ‘Inhaúma’.
O ‘Ishikawajima’, na ponta do Caju, já foi o maior estaleiro do hemisfério sul, trazido por Juscelino Kubitschek como parte de sua política de compensação industrial à transferência da capital federal para Brasília. São Paulo estava ganhando a indústria automobilística. O Rio, por sua vez, ficava com a indústria naval.
Meio século depois, o grande e moderno estaleiro dos anos 60 tornara-se um amontoado de ruínas enferrujadas, estéril. Da glória de ter construído os dois maiores navios já produzidos no Brasil, o ‘Tijuca’ e o ‘Docefjord’, de 311 mil toneladas de capacidade de porte bruto, num dos maiores diques secos àquela época existentes no mundo – meio quilômetro quadrado, ou 500 mil metros quadrados de área-, o ‘Ishikawajima’ não fazia sequer uma canoa desde meados dos anos 90.
O ‘Titan Seema’, que nesta mesma época estava sendo construído pelos ‘Estaleiros Hitachi’, em Cingapura, também se tornou inservível como superpetroleiro de longo curso. As máquinas, quase 20 anos depois de instaladas, consumiam combustível demais para longas viagens transoceânicas. Era tão antieconômico que seus donos, os chineses do ‘Ace Sino Group’ o venderam por US$ 25 milhões, um quarto do custo do nosso “Celso Furtado”, que tem capacidade de carga cinco vezes menor.
Agora, o velho ‘Ishikawajima’ vai transformar o velho ‘Titan Seema’ em um navio FPSO – sigla em inglês para ‘floating production, storage and offloading’, ou ‘produção, armazenamento e transferência’ de petróleo. Dele, sobrarão o casco e a casa de máquinas, remodelada. Além dos reforços e revestimentos do casco, é no ressuscitado estaleiro que serão construídas ou colocadas as estruturas que equivalem a 20 vezes o valor da compra do antigo petroleiro.
Nessa função, a maquinária antiga dá conta, com um pé nas costas, das pequenas correções de posição, controladas por satélite, que ele fará para ser o centro dos poços do pré-sal na ‘área de Franco’. Mas, da foto que você está vendo acima, brotarão 30 metros de altura de equipamentos de última geração, produzidos no Brasil, que tornarão a carcaça do ‘Titan Seema’ uma das plataformas mais modernas de exploração de petróleo.
Onde, talvez, afora o velho casco, consigamos chegar próximo de 80% de conteúdo nacional.
É verdade que a internacionalização da economia nos permite fazer bons negócios lá fora. Mas só se eles nos permitirem gerar aqui mais tecnologia, produção e emprego.
Ou seja, que a gente passe a achar bom negócio aquilo que gere riqueza e trabalho para os brasileiros."
FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional” (http://blogprojetonacional.com.br/renasce-o-maior-estaleiro-do-pais/).
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3 comentários:
Maria Tereza
Por que você nunca mencionou aqui no blog o grande projeto Porto de Açu do Eike Batista ?
Por que ele não é estatal ?
Iurikorolev,
Obrigada pela sugestão. Vou procurar na internet material para elaborar postagem.
Admiro muito o Elke Batista. Gostei de todas as entrevistas com ele que já vi na TV. Pareceu-me simples, objetivo e com diferenciada atenção para o social.
As estatais são importantes em setores altamente estratégicos para o país, como por exemplo o de Defesa. Raramente, o empresário privado investe nessas áreas, por exigirem, em geral, grande capital financeiro, recursos humanos muito qualificados, avançada tecnologia, longo prazo de retorno e risco elevado no investimento. Não tenho preconceito contra não-estatais. Você encontrará neste blog, por exemplo, muitas postagens sobre empresas privadas, como a Embraer, Avibras etc. Inclusive, muitas delas apresentam propriedade e controle majoritariamente em mãos estrangeiras (caso da EMBRAER, Aeroeletrônica e outras).
Maria Tereza
Tem algumas entrevistas muito interessantes no Youtube
(ex Roda Viva, Eike no Jo Soares)e outros videos sobre o (fabuloso) Porto de Açu.
Para mim Eike será o Barão de Mauá
do século XXI, um Empresário com E maiusculo.
Pelo menos é o que parece.
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