O jornal VALOR ECONÔMICO publicou ontem o seguinte artigo de Vladimir Isachenkov, da Associated Press, de Moscou:
"O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse em uma entrevista veiculada ontem que a América Latina precisa de uma parceria intensa com a Rússia que ajude a reduzir a influência dos EUA e a manter um clima de paz na região.
A entrevista foi concedida à emissora de TV russa "Vesti 24" num momento em que a Marinha da Rússia prepara o envio de uma esquadra para a Venezuela.
Dias atrás, o governo venezuelano recebeu dois bombardeiros russos e acerta os últimos arranjos para um exercício naval conjunto com a Rússia no Atlântico. "Não apenas a Venezuela, mas a América Latina como um todo necessita de amigos como a Rússia agora que estamos diminuindo essa dominação (americana)", disse Chávez. "Precisamos da Rússia para nosso desenvolvimento econômico e social, para um apoio geral, para as vidas das pessoas de nosso continente, para a paz."
Chávez iniciou ontem um giro por cinco países e pela segunda vez em dois meses irá a Moscou. Os outros países do giro são Cuba, China, França e Portugal.
O Kremlin tem buscado estreitar os contatos com a Venezuela, com Cuba e com outros países latino-americanos em meio a um período de estremecimento das relações Moscou-Washington depois da guerra entre Rússia e Geórgia.
À mesma Vesti 24, o porta-voz da Marinha russa, Igor Dygalo, disse ontem que o cruzador movido à energia nuclear Pedro, o Grande e outros três navios da Frota do Norte da Rússia estavam se preparando para partir rumo à Venezuela. A agência de notícias russa RIA Novosti disse que segundo o comando da Frota do Norte os navios iniciariam a viagem até o Atlântico provavelmente na manhã de hoje. Autoridades russas haviam dito semanas atrás que a esquadra iria para a Venezuela em novembro. Não houve explicações sobre o motivo da antecipação. As manobras conjuntas serão as maiores movimentações russas na América Latina desde a Guerra Fria.
A aproximação militar da Rússia com a Venezuela pareceu a alguns analistas ser uma reação ao envio de navios de guerra dos EUA levando ajuda humanitária para a Geórgia a após a guerra entre o ex-satélite soviético e tropas russas. O deslocamento de navios americanos para a costa da Geórgia no Mar Negro foi duramente criticado por autoridades russas.
O presidente russo declarou este mês que depois dos bombardeiros enviados para a Venezuela, a Rússia poderia enviar forças para outros países amigos.
Durante o governo Chávez, a Venezuela tem mantido laços estreitos com Moscou e já encomendou aviões, helicópteros e armamentos russos. Chávez repete há anos que os EUA representam uma ameaça ao país desde 2005, a Rússia fechou contratos de mais de US$ 4 bilhões para a venda de material de defesa para a Venezuela.
Além do mercado bélico, a Rússia também quer fechar negócios na área de energia. Igor Sechin, vice-primeiro-ministro russo - que visitou a Venezuela na semana passada - disse que as cinco maiores empresas de petróleo de seu país estão negociando a criação de um consórcio para atuarem na região. Rosneft, Lukoil, Gazprom Neft, Surgutneftegaz e TNK-BP pretendem construir uma refinaria de US$ 6,5 bilhões para processar petróleo pesado na Venezuela. "Nosso nível de desenvolvimento nos permite conduzir projetos estratégicos na América Latina", disse Sechin ontem à TV Vesti 24. E, numa referência aos EUA, acrescentou: "Seria errado dizer que uma nação tem direitos exclusivos a essa região".
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