A Folha Online postou ontem o seguinte texto de Cirilo Junior:
"O ritmo da queda da desigualdade de renda no país nunca foi tão persistente e acelerado como nos últimos seis anos, disse nesta segunda-feira o pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Ricardo Paes de Barros.
Segundo ele, a renda da população mais pobre vem crescendo em 'ritmo chinês', ou seja, entre 7% e 8% ao ano.
"Os números mostram que esse ano, assim como nos cinco anteriores, o Brasil está tendo uma queda de desigualdade fascinante. Essa queda, além de ser extremamente rápida, mostra que a renda da população mais pobre cresce em ritmo chinês. E nunca na história brasileira a gente teve uma queda de desigualdade tão persistente e acelerada", afirmou.
Mesmo assim, o Brasil ainda está bem distante do nível aceitável de desigualdade, próximo de alguns países como a Turquia, se avaliado a renda per capita com a distribuição, pela renda média de 20% dos mais pobres.
Diante da recente evolução, 113 países, o correspondente a aproximadamente 90% do universo avaliado, tem distribuição de renda mais igualitária. Para atingir tal nível, será necessário manter o ritmo de crescimento observado nos últimos seis anos por mais 18 anos.
"O Brasil demonstrou que é perfeitamente possível reduzir a desigualdade em um nível acelerado. Ela precisa ser perseguida com a mesma ênfase nas próximas duas décadas para a gente chegar a um nível de desigualdade aceitável", destacou.
Segundo estudo do Ipea com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), entre 2001 e 2007 a renda per capita dos mais pobres cresceu 7% por ano, três vezes mais do que a média nacional, que ficou em 2,5%. No mesmo período, a renda dos mais pobres teve elevação anual média de 1%
Paes de Barros explicou que a parcela 10% mais pobre da população ainda está descolada desse ritmo de desenvolvimento. A renda per capita média mensal desse contingente é de R$ 84. Ele atribuiu esse quadro ao fato de que o desenvolvimento dessa parte da população está pouco atrelado ao crescimento do mercado de trabalho, e sim, a programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família.
"A maior dificuldade é elevar a renda do trabalho dos 10% mais pobres no Brasil. O grande desafio é como fazer com que essa parcela consiga participar desse processo de desenvolvimento. Muitas das famílias que estão nesse contingente, apesar de pobres, não estão cobertas pelo Bolsa-Família. É uma cobertura grande, mas não é universal. O grande desafio é uma inclusão produtiva deles. Aonde se consegue chegar no Bolsa-Família é limitado", acrescentou”.
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