Li ontem no UOL o seguinte texto de Clarissa Oliveira, de O Estado de S. Paulo:
PRESIDENTE DIZ QUE PACOTE APRESENTADO PELO AMERICANO SOCORRE BANCOS E NÃO 'OS POBRES QUE PERDERAM AS CASAS'
OSASCO - Pela segunda vez no mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso crítico em relação à forma como o governo norte-americano tem administrado a crise financeira que estourou no país. Em Osasco, ao reforçar a campanha do prefeito Emídio de Souza (PT) à reeleição, o presidente disse que a polêmica que se formou em torno do pacote de socorro proposto pelo presidente George W. Bush é resultado da decisão do governo local de socorrer os bancos e não a população mais pobre prejudicada pela crise.
"Qual é a briga? É que ele só quer ajudar os bancos e não quer ajudar os pobres que perderam suas casas", afirmou Lula, que algumas horas antes já havia cobrado do governo Bush que assuma a responsabilidade pela crise e não deixe que ela se espalhe pelo resto do mundo. "Por que dar US$ 700 bilhões para os bancos e não dar o dinheiro para os coitados que perderam suas casas?", indagou.
No discurso, Lula voltou a dizer que a crise é resultado da decisão do mercado financeiro norte-americano de apostar na especulação imobiliária. "O sistema financeiro, em vez de aplicar dinheiro em coisas que pudessem gerar novos empregos, resolveu especular no setor imobiliário", afirmou.
Ele voltou a afirmar que seu governo conseguiu proteger o País das crises internacionais. Se a crise norte-americana ocorresse em outra época, disse ele, o Brasil já teria quebrado. "Sabe por que nós não quebramos? Porque eu aprendi uma lição dentro de casa", afirmou o presidente, acrescentando que não aprendeu teorias econômicas na universidade, mas sabe o que é ter que administrar o orçamento doméstico sem a certeza de que sobrará algo no final do mês.
Outro passo que ajudou a proteger a economia, disse o presidente, foi a diversificação das exportações. Antes, segundo ele, 30% das exportações brasileiras tinham como destino os Estados Unidos, número que agora está na casa de 15%. "Nós não podemos ficar comprometidos com um único país. Porque, se tiver uma crise naquele país, a gente quebra."
No embalo, Lula voltou a citar o fim da dívida com o Fundo Monetário Internacional, tema que há algum tempo não aparecia em seus discursos. "Eu sabia que o Brasil não poderia continuar com US$ 30 bilhões devendo para o FMI. Hoje, não devemos um centavo e o FMI não dá palpite aqui. Agora, quem decide nossas políticas econômicas somos nós."
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