O jornal VALOR Econômico publicou ontem a seguinte reportagem de Janes Rocha, de Buenos Aires:
“A Embraer e o governo da Argentina anunciaram ontem a assinatura de um acordo pelo qual a estatal Aerolíneas Argentinas e sua filial Austral Linhas Aéreas vão comprar 20 aviões da companhia brasileira para renovar sua frota. Será a primeira aquisição de novos aviões pela Aerolíneas em 18 anos. Desde que a empresa foi privatizada, no governo Carlos Menen (1989-99), só duas aeronaves MacDonnell Douglas novas haviam sido incorporadas à frota pelos sócios - primeiro a Iberia, depois o grupo Marsans, ambos espanhóis.
O anúncio oficial foi feito ontem pela presidente Cristina Kirchner em solenidade na Casa Rosada da qual participaram ministros, o embaixador do Brasil na Argentina, Mauro Vieira e, pela Embraer, o vice-presidente executivo para o mercado de aviação comercial, Mauro Kern, e o diretor de contratos, Eduardo Munhós de Campos. Cristina disse que a aquisição, resultado da recuperação da empresa de aviação, era um "motivo mais de reafirmação, de soberania nacional e de integração regional".
"Um exemplo disso [soberania nacional] é a República Federativa do Brasil", afirmou ela, dirigindo-se ao embaixador Vieira na plateia. "Adoro os brasileiros quando dizem ´o mais grande do mundo´. Adoro, é o orgulho de pertencer, orgulho da identidade", afirmou a presidente, repetindo uma frase muito popular entre os argentinos quando se referem ao Brasil, às vezes com certa ironia, às vezes com respeito, sempre usando a construção errada em português.
O acordo envolve US$ 700 milhões, dos quais 85% (US$ 595 milhões) serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio de uma linha de crédito de vencimento em 12 anos e juros de 8% ao ano. Os 15% restantes sairão do caixa da Aerolíneas/Austral.
Segundo informação divulgada pela Embraer, o acordo inclui um memorando de entendimento para "apoio ao desenvolvimento e à capacitação tecnológica da Área Material Córdoba (AMC), visando o fornecimento futuro de serviços e peças". A AMC é um complexo para fabricação e manutenção de aviões, situado na capital da província de Córdoba (800 km a oeste de Buenos Aires), que pertencia às Forças Armadas até 1995, quando passou à a americana Lockheed Martin. Este ano a AMC foi estatizada. A intenção argentina é aproveitar as instalações para a produção conjunta de equipamentos para aviação civil e militar, transformando a AMC, no futuro, em parceiro estratégico da Embraer.
A nova frota será composta por aeronaves EMB 170 e 190 com capacidade para 70 a 122 passageiros. Os aviões têm autonomia de vôo de 4.400 quilômetros e devem substituir os velhos Boing 737-200 e 737-500, com mais de 30 anos de uso. Começarão a desembarcar no país em fevereiro de 2010.
A compra vinha sendo negociado há dois anos entre os governos e as empresas e teria sido fechado pelos presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner durante a visita do presidente brasileiro a Buenos Aires, em 23 de abril.
"O mais importante é que a manutenção será feita na Argentina", afirmou Julio Alak, administrador da Aerolíneas à agência de notícias estatal Telam. Ele disse que, desde a privatização, nos anos 90, todo o trabalho que se relacionava com a empresa tinha de ser feito fora do país, desde capacitação de pilotos até a pintura das aeronaves.”
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário