A razão é triste, mas simples e clara.
Foi publicado há pouco mais de um mês, que em palestra na Câmara, o ex-ministro do MCT Roberto Amaral expôs que os recursos financeiros para todas as atividades espaciais brasileiras tiveram um pico máximo, da ordem de US$ 100 milhões, no Governo Sarney. Porém, despencaram nos anos 90, com Collor e o governo dito “neoliberal” do PSDB/PFL (DEM). Chegaram praticamente a zero em 1999, ano em que deveria haver maiores despesas por conta do lançamento do VLS. Naquele ano, foram ridículos US$ 8 milhões para tudo: satélites, centros de lançamento, foguetes científicos suborbitais, foguete lançador de satélites “VLS”, laboratórios, fábrica de propelente, capacitações de especialistas etc.
Nos anos 90, simultaneamente àquele enforcamento financeiro, houve a extinção dos recursos humanos da área espacial, sem autorização de reposições por concursos públicos.
Era a --muito elogiada pela grande mídia-- política de “enxugar” o Estado, com o objetivo oculto de deixá-lo fraco e vulnerável frente aos grandes grupos econômicos e financeiros.
O resultado foi óbvio: a tragédia de 2003.
O Dr Amaral contou, em sua exposição na Câmara, que, quando ocorreu a explosão do VLS em 2003, ele era Ministro da Ciência e Tecnologia e deu uma declaração que provocou muitas críticas. Disse que a causa era a ausência de recursos nos anos “neoliberais”. Ela destruiu os três foguetes VLS e apertou o botão da explosão. Ela matou os 21 cientistas brasileiros.
Por razões misteriosas, dentre todos os grandes países emergentes, somente o Brasil resolveu, naquela década, matar o próprio programa espacial.
A China e a Índia continuaram a investir forte em seus programas espaciais. A Índia na faixa de US$ 750 milhões/ano e a China na ordem de US$ 1,5 bilhão por ano (2005), isto é, quase 200 vezes mais do que o Brasil dos tempos tucanos. Hoje, aqueles países colhem os frutos. Seus respectivos parques industriais usufruíram de grande crescimento no valor agregado dos seus produtos.
O Brasil, por sua vez, com aquela política ficou como querem as grandes potências: exportador agrícola e de matérias-primas e importador de bens caros e sofisticados.
Agora, para recuperar o tempo perdido, não bastam recursos financeiros, que melhoraram um pouco nos últimos anos. Será preciso uma geração para formar novos cientistas espaciais.
Isso tudo me veio à cabeça quando li ontem, no portal UOL, a seguinte reportagem de Kirby Chien da agência norte-americana de notícias Reuters, divulgada em Pequim:
CHINA DIZ QUE LANÇARÁ SONDA PARA MARTE ESTE ANO
“A primeira sonda chinesa para Marte deve ser lançada no segundo semestre deste ano, junto com um foguete russo, disse a agência Xinhua nesta quinta-feira, em mais um marco para o ambicioso programa espacial do país.
A sonda Yinghuo-1 (Vagalume-1) pesa 115 quilos e já passou por um teste importante, disse à Xinhua o subsecretário da Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai, Zhang Weiqiang.
Sua vida útil esperada é de dois anos, e ela deve chegar à órbita de Marte em 2010, após uma viagem de dez meses e 380 milhões de quilômetros, segundo Zhang. A sonda não irá pousar no planeta - apenas circundá-lo e monitorá-lo.
Há alguns meses, uma sonda chinesa caiu na superfície lunar após uma missão de 16 meses, primeiro passo para o envio de um veículo que deverá pousar na Lua em 2012.
No ano passado, a China lançou sua terceira missão tripulada, a primeira com uma caminhada espacial.
Pequim espera um dia levar astronautas à Lua, mas o governo não anunciou prazos para isso.”
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