terça-feira, 16 de setembro de 2008

CHINA JÁ É 2º MERCADO DA EMBRAER

O jornal “O Estado de São Paulo” publicou domingo o seguinte artigo de Cláudia Trevisan:

FATURAMENTO DA COMPANHIA BRASILEIRA VAI MAIS QUE TRIPLICAR ESTE ANO NO PAÍS ASIÁTICO, CHEGANDO A US$ 550 MILHÕES

“A China se tornou em 2008 o segundo maior mercado da Embraer depois dos Estados Unidos e a companhia brasileira é a fabricante de aviões com a maior presença no país depois de Boeing e Airbus. O presidente da Embraer na China, Guan Dong Yuan, estima que o faturamento da empresa vai mais que triplicar neste ano, para algo entre US$ 500 milhões e US$ 550 milhões, ante US$ 150 milhões em 2007.

Das 80 aeronaves com menos de 120 lugares que voam na China, 39 são da Embraer. Na estimativa de Guan, o número vai chegar a 47 ou 48 até o fim do ano, o que dará à empresa brasileira uma participação de mais de 50% no mercado.

Além de vender aviões de 50 lugares que fabrica desde 2003 na China, em parceria com a estatal Avic II, a Embraer exporta aeronaves produzidas no Brasil.

Neste ano, pela primeira vez, o item aviões aparece com destaque na pauta de exportações brasileiras para o país asiático, com vendas de US$ 148,8 milhões até julho. No mesmo período de 2007, os embarques foram de meros US$ 24 mil, compostos integralmente por peças de reposição.

Os aviões foram o único bem de alto valor agregado a entrar na lista dos dez principais componentes da pauta de exportações do Brasil para a China neste ano. As vendas são dominadas por três produtos, que representaram 73,5% dos embarques para o país asiático de janeiro a julho: soja, minério de ferro e petróleo.

Depois de um começo difícil, com vendas abaixo do esperado, a operação da Embraer ganhou impulso em 2006, com a encomenda de 100 aviões pela Hainan Airlines, a principal empresa de aviação regional da China, com 40% do mercado.

Metade da compra é de aeronaves E-190, de 98 a 114 lugares, fabricadas no Brasil. Os outros 50 são ERJ-145, produzidos na fábrica da Embraer em Harbin, no nordeste da China. Há dois meses, a Embraer vendeu mais cinco E-190 para a outra empresa de aviação regional chinesa, a Kun Peng Airlines, em um contrato de US$ 187,5 milhões.

Com o crescimento do mercado local e o fortalecimento da aviação regional, a companhia acredita que terá espaço para crescer mais no futuro, mesmo com a chegada de um concorrente de peso, o ARJ21, fabricado pela estatal chinesa Avic I.

Em uma estimativa que classifica de conservadora, Guan diz que o país comprará nas próximas duas décadas 750 aviões com menos de 120 lugares, faixa na qual a Embraer compete com a canadense Bombardier e, em breve, com a Avic I.

As projeções da fabricante do ARJ21 são mais otimistas e apontam para a compra de 900 aeronaves com menos de 120 lugares nos próximos 20 anos.

Ninguém acredita que a estatal chinesa será capaz de atender sozinha a essa demanda. Os próprios dirigentes da Avic I têm como meta participação de 60% no mercado. Em entrevista ao Estado, Guan não quis falar sobre o ARJ21, mas disse que enfrentar concorrência é inevitável. "Não podemos ser os únicos nem esperar sermos os únicos. Temos que fazer o máximo para sermos os melhores."

O mercado de aviação chinês cresceu em média 18% ao ano desde 1980 e é o segundo maior do mundo depois do americano, com 185 milhões de passageiros transportados em 2007, ante 3,43 milhões há quase três décadas.

Mas a aviação regional na China ainda é pouco desenvolvida em relação aos padrões internacionais. Segundo dados apresentados pelo presidente da Hainan Airlines, Zhu Yimin, em um evento em maio, 30% da frota aérea dos Estados Unidos voa em rotas regionais; na China o porcentual é de apenas 7%.

A legislação do país desestimula as empresas a operarem com aviões pequenos, mas Zhu Yimin acredita que medidas anunciadas recentemente para incentivar os vôos regionais começam a surtir efeito.

Uma das mais importantes é o desenvolvimento do empobrecido oeste chinês. Para garantir rotas para a região, o governo decidiu dar subsídios aos aeroportos com movimento inferior a 5 milhões de passageiros ao ano, que podem ser mais bem atendidos com aviões de porte pequeno ou médio.”

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