sábado, 20 de setembro de 2008

ESCRITÓRIO REGIONAL DA OMS TAMBÉM CONTESTA DADOS SOBRE A MALÁRIA NO BRASIL

Patrícia Junqueira, com informações da agência espanhola de notícias EFE, escreveu (li no UOL):

A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) contestou o relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) segundo o qual o Brasil está entre os 30 países do mundo com maior incidência de malária. Segundo o documento, estima-se que houve 1,4 milhão de casos da doença em 2006 no país, com concentração de casos na região amazônica, onde de "10% a 15% da população está em risco". A Opas trabalha como escritório regional da OMS.


"Isso é um erro absurdo. Se existissem tantos casos da doença no país, eles apareciam na forma de surtos e epidemias. É impossível ter quase um milhão de casos estimados a mais que os registrados", dise ao UOL o médico Jarbas Barbosa da Silva Jr., gerente do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis do escritório da Opas em Washington, nos Estados Unidos. "A Opas reconhece o mesmo número de casos de malária no Brasil registrado pelo sistema de informação do Ministério da Saúde: 458.041 casos em 2007 e 549.184 em 2006", completou.

Barbosa destacou ainda que a instituição já está em contato com a OMS para corrigir o relatório. "Vamos trabalhar em conjunto para corrigir algo que deveria ter sido feito antes", disse o médico, que avaliou como errado o fato de a OMS não ter enviado o relatório para o escritório regional antes de sua divulgação.

Os números da OMS já haviam sido rebatidos ontem mesmo pelo Ministério da Saúde brasileiro. O ministro José Gomes Temporão informou, por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa do ministério, que não reconhece os dados do documento como verdadeiros, ressaltando que a malária está em queda no Brasil.

ESTIMATIVAS E DADOS CONCRETOS

Para Barbosa, o problema do relatório é a utilização de estimativas, uma vez que há dados reais sobre a incidência da malária no país. "Estimativas são válidas quando não se dispõe de dados reais gerados por sistemas de informação. Diferentemente de outras regiões, onde podem existir deficiências importantes no registro de dados ou mesmo não haver sistemas de informação, os países das Américas estabeleceram, já há vários anos, sistemas confiáveis de registro dos casos e mortes por malária", explicou.

O médico destacou ainda que o sistema de registro sobre a doença no Brasil "pode ser apontado como um modelo de sistema descentralizado, fidedigno e ágil, que permite obter, com atualidade exemplar, os casos de malária que ocorrem no país".

"Dados reais, nem sub nem superestimados, são fundamentais para uma correta avaliação da situação da doença", disse Barbosa, ressaltando que os dados coletados em cada país são repassados anualmente para a sede da OMS, em Genebra. O gerente da Opas afirmou que também houve erro nos dados sobre a Colômbia, também citada no relatório da OMS entre os 30 países com alta incidência de malária, com 408 mil casos em 2006”.

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