domingo, 14 de setembro de 2008

O MISTÉRIO DO GRAMPO DA VEJA

O “blog do Nassif” postou o seguinte interessante artigo:

“A matéria "Comando Paralelo" da Época lembra muito um amigo meu que estragou todo o trabalho que levaria a Paulo Maluf na "CPI dos Precatórios" devido à compulsão de "esquentar" versões de notícias.

De concreto, a matéria traz duas informações objetivas e um boxe que é muito mais relevante que a matéria em si:

1. Fala de um sargento Dadá, que teria se tornado o braço direito de Protógenes, e seria amigo de Jairo Martins. A informação vale muito mais pelo que não diz: Jairo é colaborador estreito da Veja, parceiro em várias matérias de grampo.

2. A informação de que Ambrósio – que, pelo que foi divulgado, limitava-se a separar planilhas e cronogramas – teria tido acesso ao tal disco rígido de Daniel Dantas. Obviamente a revista conclui que essa informação “pode servir de argumento aos advogados de Dantas para anular o inquérito”

O boxe é muito mais relevante, por trazer o óbvio e romper corajosamente com o pacto de silêncio da mídia em torno das suspeitas generalizadas de que o "grampo" da Veja foi fabricado:

5 dúvidas sobre a crise do grampo

A história da gravação da conversa entre o ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres segue incompleta

1. Cadê a gravação do grampo do Gilmar?

A conversa entre Gilmar Mendes, do STF, e o senador Demóstenes Torres (DEM) é um caso único de grampo sem voz. Até o fechamento desta edição, ninguém vira um um CD ou uma fita gravada da conversa. Não se viu sequer uma transcrição exata do diálogo, mas apenas um texto que se afirma ser uma reprodução da conversa. Não há dúvida de que os dois conversaram ao telefone naquele dia, pois eles reconhecem os diálogos. O próprio Gilmar diz que reconheceu a conversa numa folha de papel.

2. Que equipamento fez o suposto grampo?

A hipótese de que os grampos tenham sido feitos com equipamentos convencionais da Polícia Federal é descartada pela maioria dos policiais. Isso porque esses equipamentos são controlados e podem ser auditados. Quando um delegado faz a interceptação de determinado número, os algarismos ficam registrados no equipamento e “denunciam” a operação. Outro recurso para gravar conversas são as maletas que captam conversas por meio de sinais, sem necessidade de colaboração das operadoras de telefonia. Elas obedecem a outro tipo de controle. Sabe-se que, durante a Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiroz requisitou uma maleta desse tipo à Polícia Federal. Mas o pedido foi recusado.

3. A Abin tem alguma responsabilidade pelo grampo?

A imprensa divulgou a versão de que a conversa entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi grampeada pela Agência Brasileira de Inteligência. Até agora não há evidências disso.

4. Nelson Jobim mentiu?

Paulo Lacerda, diretor da Abin, garantiu que a agência não possuía equipamentos para fazer grampo. Desmentido pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, acabou afastado do cargo. Investigações posteriores de técnicos do Exército mostraram que Lacerda poderia estar certo. Não foram encontrados equipamentos da Abin capazes de instalar grampos, apenas aqueles destinados a rastrear grampos, também usados no Congresso, no STF e em diversas repartições do governo.

5. Se houve gravação, há condições de descobrir seu verdadeiro autor?

Sem novas descobertas, o caso do suposto grampo da conversa do senador Demóstenes Torres com o presidente do STF, Gilmar Mendes, pode se transformar num eterno mistério. Pelos dados disponíveis hoje, há poucas pistas sobre o verdadeiro autor da gravação. É grande a possibilidade de que tenha sido um trabalho clandestino, de identificação quase impossível, salvo ocorra uma confissão”.

Nenhum comentário: