O primeiro é óbvio. Assumir o controle do petróleo iraniano.
O segundo é o revés da derrota dos EUA no Iraque e Afeganistão. “O eixo de confronto entre Washington e Teerã tem menos a ver com armas nucleares e Iraque e muito mais com o fato de que o Irã emerge como o maior beneficiário estratégico das invasões do Iraque e Afeganistão”.
Li o artigo abaixo, de Newton Carlos, no Correio Braziliense de sábado:
IRÃ, O GRANDE MAESTRO
“Numa conversa sobre 30 anos de Oriente Médio, o jornalista Robert Fisk, do Independent, de Londres, levou seu interlocutor a visitar aldeias do sul do Líbano, reduto do Hezbollah. Fora informado de que estavam vazias de jovens que haviam se deslocado para treinamento no Irã.
O enviado de outro jornal inglês confirmou a intensificação de treinamento e aumento de posse de armas do Hezbollah, talvez configurando a expectativa de nova guerra. Ou de confronto visto como decisivo do lado dos radicais islâmicos, tanto internamente como, em última instância, envolvendo Israel.
O que acontece no Líbano seria o começo de algo maior do que se imagina? O peso que vai assumindo a presença "indireta" do Irã ofusca a alquebrada influência da Síria, que parece disposta a considerar movimentos de acomodação. O palco é o Líbano e o grande maestro seria o Irã, em meio a gestos agressivos em ambos os lados.
A revista Newsweek publicou que o vice-presidente Dick Cheney, dos Estados Unidos, vem discutindo a possibilidade de "encorajar" Israel a atacar as instalações nucleares do Irã, abrindo caminho a um assalto americano mais arrasador.
Na New Yorker, o repórter investigativo de ponta, Seymour Hersh, colocou o próprio Bush numa espécie de conselho de guerra. Numa videoconferência, o presidente teria dito ao seu embaixador no Iraque, Ryan Crocker, que pensava em atacar alvos no interior do Irã e que os ingleses "se encontram a bordo".
Analistas dizem, no entanto, que o eixo de confronto entre Washington e Teerã tem menos a ver com armas nucleares e Iraque e muito mais com o fato de que o Irã emerge como o maior beneficiário estratégico das invasões do Iraque e Afeganistão.
Fisk acha que entrou em colapso o poder americano no Oriente Médio e que isso "não será uma boa coisa". O rei da Jordânia previu a erupção de uma onda xiita, a partir do Iraque e alcançando o Líbano. Ou as fronteiras com Israel.
A perspectiva de um novo hegemonismo, com o Irã no epicentro, teria de contar com enquadramento do Líbano, sob os fuzis do Hezbollah. Mas ainda deve rolar muita água sob essa ponte mal desenhada. É esperada para breve a publicação de um dossiê com "novas evidências" sobre assistência do Irã (explosivos, armas, etc.) aos xiitas do Iraque. Foi preparado por ordem do general Petraeus, comandante americano.
O que faz o Irã "mata soldados americanos", disse o chefe do Pentágono, Robert Gates. Linhas-duras, como John Bolton, ex-embaixador na ONU, tem se aproximado da campanha do candidato republicano John McCain, com a palavra de ordem de ataque ao Irã.
"Nenhuma ação militar está prevista, mas o Irã não deve subestimar as preocupações de Washington e nem a disposição de resolvê-las", é o aviso do chefe do Estado-Maior Conjunto, almirante Michael Mullen”.
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2 comentários:
Por essas e outras, principalmente pelas outras, é que eu acho que Lula deve nomear um ministro da Defesa competente, de capacidade de liderança nas forças armadas e demitir - logo que politicamente possível, porque o atual é do PMDB - esse Jobim de faz-de-conta, que já cumpriu seu papel, mal e porcamente, no "causaéreo".
Vera,
Obrigado pela visita.
Concordo com você que as nossas Forças Armadas não estão equipadas e preparadas para as reais ameaças que se avizinham. Quanto menos preparadas, mais rápido as ameaças chegarão e, obviamente, mais docilmente sucumbiremos aos interesses das grandes potências.
A liderança de um MD não virá por meio de gritos e poses de brabo. Isso é comédia. Ela surgirá racionalmente na medida em que o MD corresponder às expectativas e conduzir o problema para a solução.
Maria Tereza
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