Li ontem no jornal Correio Braziliense a seguinte reportagem de Viviane Vaz:
DIPLOMACIA
Presidente chega hoje a Pequim de olho em investimentos para o país. Diplomata chinês aconselha mais “agressividade” aos empresários.
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje a Pequim para se encontrar com o presidente chinês, Hu Jin Tao, e fica na capital do país até quarta-feira. A rápida visita tem como objetivo “incentivar os empresários chineses a investirem mais no Brasil”, destacou uma fonte da chancelaria brasileira ao Correio. Apesar de ter se tornado o principal parceiro comercial do Brasil em abril, desbancando os Estados Unidos na lista de importações, “a participação da China nos investimentos ainda é modesta”, considerou o diplomata. No ano passado, a China colocou US$ 90 bilhões nos países do Sudeste Asiático, e o Brasil espera conseguir também uma fatia dos ativos chineses.
Outro ponto crucial da agenda brasileira na China é a diversificação da pauta de exportações. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, que acompanha a comitiva presidencial, a intenção do Brasil é incluir produtos com maior valor agregado, pois 76,9% das exportações brasileiras para a China são matérias-primas, como a soja e o aço. Um dos pontos consiste em ampliar a venda de aviões da embraer, que já possui uma joint-venture na China.
O ministro-conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Zhu Qingqiao, disse ao Correio que não cabe ao governo chinês aumentar as compras do Brasil, apesar de estar otimista de que isso aconteça. “A China é uma economia de mercado. O governo não intervém na administração. O mercado chinês está aberto para o Brasil e o mundo inteiro”, explicou. “Esse mercado é muito grande — US$1 trilhão — e a concorrência é muito acirrada. Nós esperamos também que os brasileiros atuem de uma maneira mais ativa, mais agressiva,” sugere Zhu, ressaltando que os produtos brasileiros tem qualidade e preço para ganhar mais espaço no mercado chinês e que existe uma grande complementariedade entre os dois países. “O Brasil é hoje o maior parceiro da China na América Latina”, resume Zhu.
Os dois presidentes discutirão o Plano de Ação Brasil-China entre 2010 e 2014 e anunciarão metas de crescimento para o comércio bilateral e de cooperação em várias áreas, inclusive para dar continuidade ao programa espacial CBERS, de lançamento conjunto de satélites. Amanhã, Lula participa da cerimônia de abertura do Centro de Estudos Brasileiros na Academia de Ciências Sociais da China (CASS, em inglês) e encerrará um encontro empresarial na sede do Banco de Desenvolvimento da China. Integram a comitiva brasileira o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o secretário de Comunicação, Franklin Martins e o secretário de Portos, Pedro Brito.
MOEDAS
Lula deve discutir também com Hu Jin Tao o uso da moeda chinesa, o yuan, e do real no comércio bilateral, proposta levantada em uma reunião bilateral no início de abril, depois da Cúpula do G-20 (maiores economias do mundo) em Londres. Para Zhou Zhiwei, pesquisador do Instituto da América Latina da CASS, o presidente brasileiro busca facilitar o comércio bilateral entre os dois países, principalmente após uma queda de mais de 20% no primeiro trimestre deste ano. “É também uma resposta à proposta feita pelo presidente de Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, de reformar o sistema da moeda mundial”, disse à reportagem. A China, maior credor dos EUA, também teme a crescente desvalorização do dólar e vem cogitando, inclusive, a criação de uma nova moeda internacional.
Zhiwei avalia que o comércio entre real e yuan é uma medida difícil de ser implementada e que poderia ter um impacto imprevisível no sistema financeiro internacional. “O comércio entre Brasil e China tem mais influência mundial do que o comércio entre dois países pequenos. Brasil e China são grandes países no mundo, e o comércio bilateral reflete esse tamanho. Se os dois países implementarem o comércio em moedas locais, teriam uma maior influência internacional, mas possivelmente aconteceria algum tipo de ‘confusão’ no comercial mundial”, prevê.
Por outro lado, Zhiwei considera que os dois países também discutirão formas de cooperação para enfrentar a crise financeira mundial. “O Brasil e a China têm mais condições para sair da crise que outros países, especialmente que os países desenvolvidos. Então, a cooperação bilateral é importante não só para chineses e brasileiros, mas para a economia mundial também”, resume.
A corrente de comércio entre os dois países passou de US$ 6,6 bilhões, em 2003, para US$ 36,5 bilhões, em 2008, com um crescimento de mais de 550%, quando a expectativa dos dois governos era atingir o valor de US$ 30 bilhões apenas em 2010. Na quarta-feira, Lula visita a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial e parte para Istambul, na Turquia.”
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