O’Neill: “Eu gosto de Rússia,
Turquia, Brasil, China e Coreia. E, razoavelmente atrativa, Índia e depois
Indonésia”
Por Silvia Rosa, do jornal “Valor”
“Uma década depois de ter criado o
termo BRIC para o grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia e China, o
economista e presidente da “Goldman Sachs Asset Management”, Jim O’Neill
continua otimista com essas economias, apesar do fluxo para os fundos dedicados
a tais mercados estar negativo em US$ 689,25 milhões no ano até 1º de agosto,
de acordo com dados da consultoria EPFR Global. O’Neill acredita que ao longo
da década esses países vão contribuir mais para o PIB global do que os Estados
Unidos e Europa juntos.
Na avaliação do gestor, o México chamado
recentemente pelo “Financial Times” de “novo Brasil”, já não está mais
interessante em termos de preço e vê mais oportunidades em emergentes como
Rússia, Brasil, Turquia, China e Coreia.
A seguir, a entrevista concedida por
O’Neill ao jornal “Valor” por e-mail.
Valor: Como
está a alocação nos mercados emergentes comparado com o ano passado?
Jim O’Neill : A “Goldman Sachs Asset Management”
planeja lançar um fundo global que permitiria aplicar em diferentes classes de
ativos. Nos fundos de ações dedicados a mercados emergentes, nós temos visto
contínua entrada de recursos, e algumas saídas na carteira com foco nos países
do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Valor: Em
seu último livro, “O mapa do crescimento”, além dos países do BRIC, o senhor
menciona mais quatro economias – Coreia do Sul, Indonésia, México e Turquia –
que compõem o grupo chamado de mercados de crescimento. Em quais países o
senhor vê mais oportunidades para investir em ações?
O’Neill : Isso depende das perspectivas
econômicas e dos preços prevalecentes. Em oposição a esses dois critérios, em
termos de atratividade eu gosto de Rússia, Turquia, Brasil, China e Coreia. E,
razoavelmente atrativa, eu diria a Índia e depois a Indonésia. Nos preços
atuais, o mercado do México já não está mais tão atrativo.
Valor: Com
quais países do BRIC o senhor está mais otimista?
O’Neill : Eu permaneço fundamentalmente
animado com os quatro. Depois, e coletivamente, a história dos BRIC é a maior
história econômica da década. Ao longo da década, eles vão contribuir mais para
o PIB global do que os Estados Unidos e Europa juntos e até 2015 o PIB desses
países deve superar o dos Estados Unidos.
Valor: A
bolsa da Turquia lidera a valorização entre os mercados de ações de emergentes,
com alta de 25,96% em moeda local. Por que esse país tem atraído os
investidores?
O’Neill : A Turquia é um país
excepcionalmente interessante, por três razões até o momento. Primeiro, porque
é um tipo de modelo para o qual muitos aspirantes e países do Oriente Médio que
estão passando por mudança devem visar. Segundo, ele está muito bem posicionado
em termos de potenciais laços comerciais decorrentes de futuras mudanças em
toda região do Oriente Médio. Terceiro, ele tem uma excelente demografia. Tudo
isto atribuído contra um pano de fundo de baixa taxa de juros nos países do
G-7, faz da Turquia muito atraente.
Valor: Quais
são as principais preocupações em relação à economia brasileira?
O’Neill : Eu acho que as pessoas estão
muito negativas sobre a tendência para o Brasil no médio prazo. Isso é muito
interessante, e por alguma extensão, engraçado, o quão rapidamente o consenso
do mercado presume que a evolução do crescimento recente vai persistir. Então,
por exemplo, depois do milagre do crescimento de 7,5% em 2010, as pessoas
pensam que isso persistiria. Agora, dado os desapontamentos em 2011 e 2012, as
pessoas estão preocupadas que o crescimento será ao redor de 2% a 3% no futuro.
Isso não é novo. Por anos, de 2001 a 2003, o Brasil cresceu menos de 2%, e
depois isso de repente saltou para acima de 5% por dois anos. Os investidores e
analistas precisam distinguir entre tendência de crescimento e ciclo. Eu acho
que o Brasil, provavelmente, crescerá ao redor de 4% a 5% na média na década e,
no próximo ano, certamente será melhor que isso. O Brasil tem sofrido com a
valorização do real nos anos recentes bem como o excesso de liderança do
governo na economia como outros desafios competitivos, mas algumas dessas
evoluções adversas estão mudando.”
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