Por Miguel
Urbano Rodrigues, no
“Jornal Brasil de Fato”
“Os EUA surgem como pioneiros em
duas formas de agressão que o Pentágono define como evolução na arte da guerra:
os drones (aviões sem piloto), e os ataques
cibernéticos.
Robôs sofisticados, as aeronaves sem
piloto estão sendo utilizadas intensamente em bombardeamentos no Afeganistão e
no Paquistão e em operações similares no Iêmen e na Somália.
Num brilhante ensaio, o professor
português Frederico Carvalho analisa a rápida expansão desses armamentos de tecnologia avançada.
Em 2003, o número de veículos aéreos
sem piloto (VANT) excedia já os sete milhares. Segundo o Pentágono, esses
engenhos vieram revolucionar a arte militar.
Eles apagaram na guerra a fronteira
entre o soldado e o civil. Agora, algures numa pequena cidade dos EUA, um
técnico, recebidas as instruções sobre o alvo a atingir, carrega nos botões de
uma mesa de comando e depois vai jantar com a
família de consciência tranquila. Nem sequer conhece o resultado da operação
criminosa.
Mas o ataque pode ser também
desfechado de uma base na Etiópia, em Djibuti, nas Seychelles ou na Arábia
Saudita. Eventualmente, de um porta-aviões. Os drones disparam mísseis Halfire
ou Scorpion.
Afirmam os generais do Pentágono que
os danos colaterais são mínimos. Mentem Dennis Blair, o ex-Diretor Nacional da
Espionagem, qualifica os VANTS de arma perigosamente sedutora, porque é barata,
não faz vítimas americanas e transmite uma imagem de dureza.
Oficialmente, os alvos visados são
grupos de terroristas ou personalidades cujos nomes constam de uma lista
submetida à aprovação prévia do presidente Obama.
O balanço dos ataques a aldeias das
zonas tribais do Paquistão, planejados e controlados diretamente pela CIA, é
pesado.
Nas aldeias bombardeadas, por cada terrorista
abatido são mortos dez camponeses.
De uma só vez, os mísseis de um
drone mataram 26 soldados paquistaneses. A indignação naqueles país foi tamanha
que o governo de Islamabad proibiu, durante meses, na fronteira, o trânsito de
caminhões de abastecimento às tropas americanas e da OTAN que ocupam o
Afeganistão.
O presidente Obama não somente
aprova a utilização massiva dos drones como deu o seu aval a uma alteração dos
regulamentos que autoriza o recurso da força letal longe de zonas de guerra.
Por outras palavras, o assassinato em países estrangeiros de indivíduos
considerados perigosos para a segurança dos EUA passou a ser legal.
Além dos drones, os EUA contam hoje
com um arsenal de robôs de reconhecimento.
Revistas especializadas referem a
existência de pequenos robôs espiões com a aparência de insetos, que passam
despercebidos. Está, aliás, em estudo a utilização de insetos reais em que
seria implantado um chip eletrônico que permitiria comandar a distância o seu
vôo.
CIBERNÉTICA A SERVIÇO DA GUERRA
OS EUA são também pioneiros na
utilização da cibernética como instrumento de espionagem e arma eficaz para a
desativação ou destruição de equipamentos e sistemas informatizados.
O subsecretário de Defesa dos EUA,
William Lynn, reconheceu numa declaração pública que para o Pentágono o
ciberespaço é um novo teatro de guerra, como o solo, o mar ou o ar.
Atos de agressão cibernética
confirmam essas palavras. Em setembro de 2010 a mídia estadunidense noticiou
que o parque de ultracentrifugadoras de Natanz, no Irã, fora alvo de um ataque.
Em Washington, sabia-se que ali se procedia ao enriquecimento de urânio natural
destinado a combustível nuclear para a produção de energia.
Aproximadamente mil centrifugadoras
foram então inutilizadas pela operação de pirataria cibernética que utilizou o
vírus Stuxnet.
Posteriormente, soube-se que esse
vírus, até então desconhecido, resultara de um projeto americano-israelense.
Operações como a citada são
planejadas e executadas sob a direção do “Ciber Comand”, subunidade do Comando
Estratégico das Forças Armadas.
É de lamentar que a mídia
brasileira, com poucas exceções, preste escassa atenção à importância crescente
da guerra robótica e da ciberguerra nas agressões imperiais dos EUA.
Essas inovações revolucionárias na
estratégia militar do imperialismo iluminam bem a ameaça para a humanidade de
um sistema de poder monstruoso que somente encontra precedente no III Reich
nazi.
FONTE: escrito por Miguel Urbano Rodrigues, jornalista e escritor português, no “Jornal
Brasil de Fato”. Transcrito no portal "Viomundo" (http://www.viomundo.com.br/politica/miguel-urbano-novas-formas-de-agressao-dos-eua.html).
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