sexta-feira, 1 de maio de 2009

AMORIM DEFENDE VENEZUELA NO MERCOSUL, SOB REAÇÃO DE COLLOR

Li hoje no site “vermelho”:

O chanceler Celso Amorim defendeu, nesta quinta-feira, no Senado, a entrada da Venezuela no Mercosul, apesar da reação de parte dos parlamentares. A maior resistência partiu do ex-presidente, o senador Fernando Collor de Melo.

Amorim participou de uma audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado que analisa o tratado de adesão da Venezuela ao Mercosul, assinado pelos Governos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em julho de 2006.

Até agora, o tratado só foi ratificado pelos Congressos de Argentina e Uruguai, enquanto os de Paraguai e Brasil seguem em debate.

Amorim disse que o Mercosul é ''um núcleo dinâmico da integração latino-americana'' e destacou a importância da Venezuela, que tem ''o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul''. Para ele, a entrada desse país no bloco ''tem valor econômico, estratégico e simbólico''.

Nesse sentido, ele explicou que as exportações brasileiras para a Venezuela, que superam US$ 4 bilhões anuais, ''são maiores'' que as dirigidas a países como França, Itália, Rússia e Reino Unido.

Com um PIB de US$ 330 bilhões no ano passado, a Venezuela importa 75% dos alimentos que consome e se notabiliza por ter a sexta reserva de petróleo e a nona reserva de gás natural do mundo.

Ainda sobre essas trocas comerciais, as regiões Norte e Nordeste do Brasil se sobressaem como importantes emissários de produtos para a Venezuela, exibindo volume de negócios superior ao de muitos países que também exportam para lá.

Foi justamente esse um dos pontos levantados pelo governador de Roraima, José de Anchieta Junior, em favor da adesão da Venezuela ao Mercosul. De acordo com o governador, as economias dessas duas regiões atuam em complementaridade com as economias dos países andinos e caribenhos.

José de Anchieta Junior afirmou que a Região Norte será o portal da integração da Venezuela com o Mercosul - os estados de Roraima e Amazonas fazem fronteira com o país. Ele acredita que, se essa adesão se confirmar, Roraima, que tem 70% do PIB formado com recursos públicos, pode ter a chance de mudar sua matriz econômica.

''Não se está aqui para discutir a política interna, mas a integração dos povos de países da America do Sul para a criação de emprego e renda para as pessoas que precisam. Evitar a inserção da Venezuela no Mercosul é um retrocesso e vai inibir esse processo crescente de integração comercial'' previu o governador.

Contrário à adesão da Venezuela, Collor afirmou que o presidente do país vizinho, Hugo Chávez, ''luta por um projeto político próprio, que vai frontalmente contra o perfil da atuação externa do Brasil, que procura a paz, a integração e evita o confronto''.

Segundo ele - que deixou a Presidência da República (1990-1992) após acusações de corrupção e teve seus direitos políticos cassados por oito anos -, os princípios básicos de democracia, que norteiam a adesão de qualquer país ao Mercosul, não estariam sendo seguidos pela Venezuela.

O ex-presidente defendeu, inclusive, que a entrada da Venezuela no Mercosul poderia provocar graves rachas políticos no bloco pela ''falta de moderação de seu presidente'', que pode ''debilitar'' o processo de integração em vez de fortalecê-lo.

Amorim, que no fim de semana passado se reuniu com Chávez, em Caracas, respondeu dizendo que é ''impossível'' que o Brasil tenha parceiros ''feitos à sua imagem e semelhança'' e ressaltou o ''compromisso'' da Venezuela com a integração e o fomento do comércio regional.

A Comissão de Relações Exteriores continuará a análise do assunto e, caso não seja aprovado o tratado de adesão da Venezuela, o tema deverá ser submetido à votação no plenário do Senado.

Celso Amorim ponderou que um eventual atraso nesse ingresso poderia criar um clima político menos favorável ao processo. Em seguida, ele advertiu que o clima político é tão ou mais importante para o comércio que a revisão tarifária.

Ontem, em Caracas, Chávez manifestou sua esperança de que os trâmites para a entrada da Venezuela no bloco acabem antes do próximo dia 26 de maio, quando visitará o Brasil.”

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