terça-feira, 5 de maio de 2009

SURGEM SINAIS DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Li hoje no blog do Favre o seguinte debate, onde Delfim Netto, Candido Bracher e Samuel Pessoa analisam os principais temas da agenda econômica. A postagem transcreveu reportagem de Cristiano Romero, de São Paulo, produzida para o jornal VALOR. Participaram do debate Denise Neumann, José Roberto Campos e Vera Brandimarte:

“É impossível prever com precisão o que vai acontecer com a economia brasileira e mundial nos próximos meses, mas o pior da crise financeira internacional, pelo menos para o Brasil, já pode ter passado. A economia brasileira está entrando em processo de recuperação e, por causa da capacidade ociosa de vários setores, deve voltar a crescer em 2010. A crise, embora tenha atingido o país de forma severa, não desorganizou a economia.

Estas são algumas das conclusões de três observadores privilegiados da crise mundial e seus efeitos sobre o Brasil - o ex-ministro e ex-deputado Antônio Delfim Netto, o presidente do banco Itaú-BBA, Candido Bracher, e o professor Samuel Pessoa, da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas. A convite do Valor, eles debateram os principais temas econômicos da atualidade.

Em geral, os três estão otimistas quanto às perspectivas de recuperação do Brasil nesta crise, considerada a mais grave desde a Grande Depressão de 1929. Delfim e Pessoa acham que a projeção de queda de 1,3% do PIB em 2009, feita pelo FMI, é inconsistente. Já Bracher diz que ela pode estar correta.

“As projeções do FMI não valem nada”, criticou o ex-ministro. “Estou relativamente otimista com o desempenho da atividade. O choque externo não nos desorganizou”, opinou Pessoa, que, além de dar aulas na FGV-RJ, assessora o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). “Vamos sair bem da crise, mas isso não quer dizer que sairemos rapidamente. Já está se formando um consenso no mercado de que as coisas pararam de piorar”, comentou Bracher. As medidas adotadas pelo governo Lula para enfrentar a crise foram, com poucas exceções, bem avaliadas por Delfim, Bracher e Pessoa.

A única iniciativa criticada de forma consensual foi a adoção de estímulos para que os bancos públicos comprem bancos privados em dificuldades. Na avaliação do professor de FGV, a medida, “um estímulo à estatização”, foi tomada com o beneplácito do Banco Central (BC).

O BC também foi criticado por Delfim e Bracher. Os dois afirmaram que a autoridade monetária poderia ter reagido de forma mais célere no início da crise, em setembro de 2008. “Poderíamos estar melhor se o BC tivesse utilizado a musculatura que tem para reagir com mais rapidez”, criticou Delfim.

Delfim e Pessoa polarizaram as opiniões quando o tema foi taxa de juros. Enquanto o ex-ministro defendeu a tese de que a taxa Selic é alta por causa de um equívoco da política monetária conduzida pelo BC, o professor da FGV disse que o problema é estrutural. “Quando o país fica bem, os empresários se entusiasmam e o investimento vem, a poupança doméstica não cresce. É por isso que os juros ficam altos”, avaliou Pessoa.

O economista ligado ao PSDB afirmou que o governo Lula não pode ser acusado de gastador na área de custeio. Lembrou, no entanto, que Lula elevou muito as despesas sociais e de pessoal, difíceis de serem revertidas. Na sua avaliação, isso criou um tema para a campanha eleitoral de 2010 e um desafio para o próximo governo. Pessoa não vê, no entanto, risco de insolvência fiscal em 2009 e 2010.”

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