Paul Craig: “SE OS
EUA NÃO FIZERMOS O QUE ISRAEL DIZ-QUE DEUS DISSE... ESTAMOS FRITOS!”
Por Paul Craig Roberts, economista (PhD) e colunista
estadunidense. Publicado no “Institute
for Political Economy”, sob o título original “If you want
to go to heaven, you had better get busy overthrowing Syria”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e transcrito no blog “Redecastorphoto”
Paul Craig Roberts
“Os
governos dos EUA estão em guerra há 11 anos. Os militares norte-americanos
destruíram o Iraque, deixando em
ruínas o país e milhões de vidas, e abriram as porteiras do sectarismo
sanguinário que o governo secular de Saddam Hussein mantivera bem contido.
Qualquer dia que se observe o Iraque hoje “libertado”, o número de mortos é
maior do que durante o auge da tentativa norte-americana para ocupar o país.
No
Afeganistão, depois de 11 anos de
tentativas norte-americanas para ocupar o (outro) país, o sucesso é ainda menor
que depois de uma década de tentativas soviéticas. Os afegãos não se entregam,
apesar de duas décadas de guerra contra duas superpotências. Como os
soviéticos, os norte-americanos também deram jeito de matar muitas mulheres,
crianças e velhos, mas número bem menor de valentes combatentes, que continuam
vivos. Em lugar do governo fantoche dos soviéticos, há lá um governo fantoche
dos EUA. Só isso mudou, e o fantoche dos norte-americanos é ainda mais frágil
que o fantoche dos soviéticos.
Na
Líbia, Washington usou seus
fantoches corruptos da OTAN e bandidos recrutados pela CIA para derrubar outro
governo estável, de Muammar Gaddafi, e deixou a Líbia entregue à violência
sectária. Um país estável e próspero foi simplesmente destruído por governos
ocidentais que muito falam sobre “respeito aos direitos humanos” e tanto
condenam China e Rússia por não fazer o que eles fazem.
John Kerry
No
Paquistão e no Iêmen, Washington mata civis, usando drones em ataques
aéreos. Paquistão e Iêmen são dois países com os quais Washington não está em
guerra, mas cujos governos foram subornados para que dessem aos EUA direito de
assassinar os paquistaneses e iemenitas e norte-americanos em seu território,
para assim desestabilizar também os dois países.
E
agora, na Síria, Washington está
ocupadíssima destruindo mais um governo secular e estável, chefiado por um
médico oftalmologista formado na Inglaterra.
Os
11 anos de agressão ilegal a países muçulmanos cometida por Washington – que configura crime de guerra, nos termos
definidos pelo Tribunal de Nuremberg que condenou nazistas – resultaram em
número muito maior de civis mortos que de militares mortos; resultaram, também,
numa política doméstica, cá nos EUA,
que já destruiu o Estado de Direito e todas as proteções constitucionais de que
gozavam os cidadãos norte-americanos. Washington e sua imprensa-empresa
prostituída (presstitutes) vivem a repetir que esse seria o preço a
pagar para salvar os norte-americanos dos ataques dos terroristas da al-Qaeda –
nenhum dos quais foi jamais encontrado ou
preso em território dos EUA.
Submetido
à agressão ininterrupta da propaganda com a qual Washington e seu Ministério da
Propaganda “midiático” bombardeiam meus ouvidos e olhos há 11 anos, imaginem
qual não foi minha surpresa, atônito e boquiaberto, ao ver duas manchetes
justapostas: “Frente Al-Nusra jura
fidelidade à al-Qaeda” (BBC)
e “Movimento para ampliar ajuda aos
rebeldes sírios ganha velocidade no Ocidente” (NY Times).
Frente al-Nusra, terroristas da al-Qaeda financiados pelos EUA na Síria
A
“Frente Al-Nusra” é o principal grupo militarizado dos “rebeldes sírios” e
jurou fidelidade ao mais mortal inimigo dos EUA – a al-Qaeda de Osama bin Laden.
PAREM
AS MÁQUINAS!
O
governo dos EUA jurou a nós, cidadãos, durante 11 anos, que estava torrando
trilhões de dólares em guerras e mais guerras para proteger os norte-americanos
contra os ataques da al-Qaeda. Em nome disso, destroçaram a assistência social,
“Social Security”, “Medicare”, toda a rede de seguridade social,
o valor de câmbio do dólar, a avaliação do valor de câmbio dos papéis do
Tesouro Norte-americano e todas as nossas liberdades civis. TUDO, para salvar
os EUA, dos ataques dos terroristas da al-Qaeda. Assim sendo... por que, agora,
Washington está apoiando a mesma al-Qaeda que trabalha para derrubar um governo
secular não islamista na Síria, o qual nunca, em tempo algum, ameaçou, nem de
longe, os norte-americanos!?
William
Hague
Duas
presstitutes do “The New York Times”, Michael R. Gordon e Mark
Landler, encarregaram-se de elevar a organização terrorista al-Qaeda ao status
de “oposição síria”. Numa
reunião-almoço, reunida com esse fantoche de Washington, o secretário de
Relações Exteriores britânico, William Hague, e o secretário de Estado dos EUA,
John Kerry, a “oposição síria” – quer dizer: a al-Qaeda – “solicitou”
jatos bombardeiros e armamento antitanques. Um alto funcionário norte-americano
esclareceu que “nossa ajuda está em
trajetória ascendente. O presidente Obama ordenou que sua equipe de segurança
nacional identifique outros meios pelos quais possamos ampliar nossa ajuda”
(à al-Qaeda!).
O
secretário de Estado dos EUA, John Kerry, anunciou um “pacote de ajuda para defesa”, no valor de US$ 123 milhões, para a “oposição síria” (hoje comandada pela al-Qaeda!). Washington já enviou US$ 117
milhões em “alimentos e suprimentos
médicos e hospitalares” para a “oposição
síria”; e ordenou que seus fantoches no Oriente Médio mandem armas.
Observem o “duplifalar orwelliano”:
os EUA estão fornecendo armas a uma força
terrorista estrangeira, para que destrua um governo secular e uma população
inteira com os quais os EUA não estamos em guerra; e a isso se dá o nome de
“pacote de ajuda para defesa”.
Dia 11/4, o jornal “Le
Monde”, do establishment francês, noticiou que a “Frente al-Nusra” afiliada à “al-Qaeda” é
a força militar que domina a “oposição
síria”, não algum grupo de democratas revolucionários. Apesar disso, os
fantoches de Washington, França e Grã-Bretanha, estão empurrando a União
Europeia para que também forneça armas à tal “oposição síria”, quero dizer, à al-Qaeda. E o senador John McCain
quer que os EUA ataquem diretamente o governo Sírio (bombardeio aéreo, é o que ele quer), apesar de os EUA não estarem
em guerra contra a Síria, porque o senador McCain acha imprescindível que os
EUA ajudem a al-Qaeda a assumir o governo por lá.
John McCain
Simultaneamente,
os xiitas islamistas, aos quais os EUA entregaram o controle do Iraque,
anunciaram que se aliaram às forças de al-Qaeda-EUA (?!), interessados em
também radicalizar e fundamentalizar a Síria.
Os
números mais recentes da ONU indicam que os ataques contra a Síria organizados por
procuração pelos fantoches de Washington já mataram 70 mil pessoas. Mas os
norte-americanos só pensam nas bombas da Maratona de Boston, que mataram três
pessoas.
Mais
uma vez, “a única nação indispensável”
está levando morte e destruição a um país inteiro... talvez para oferecer “liberdade e democracia” a pilhas de
cadáveres. Nenhum sírio jamais pediu para ser assim “libertado” da própria
vida.
Americanos,
orgulhem-se! Estamos cumprindo nosso dever com nossa arrogante hegemonia sobre
o mundo e também nosso dever com Israel,
que já alugou o governo dos EUA. Temos todo o direito de nos impor como
potência hegemônica no planeta Terra, passando pelo Mar Mediterrâneo.
Portanto... Washington tem todo o direito de destruir a Síria... para acabar
com a base naval russa! Os romanos jamais toleraram que potência estrangeira
tivesse base naval ali. Não podemos deixar por menos! Afinal, não somos
estado-pateta, com medo da própria sombra. O Mediterrâneo foi mare nostrum
– nosso mar – dos romanos. Agora é nosso. Portanto... temos todo o direito de
destruir a Síria.
Israel,
claro, recebeu o título de “Grande Israel”
das mãos de Deus em pessoa – e quem sou
eu para discordar dos pregadores cristãos sionistas que engordam com o dinheiro
israelense – para os quais parte da “Grande Israel” seria o rio no sul do
Líbano que fornece preciosa, preciosa água.
Militantes do Hezbollah
O
Hezbollah, ajudado por Síria e Irã impediu que Israel confiscasse o sul do
Líbano para pôr as mãos na água que Deus dera pessoalmente aos israelenses.
Portanto, os EUA, para fazermos nosso dever de fantoches de Israel, temos agora
de destruir tudo – a Síria e o Irã, para
isolar o Hezbollah, tirá-lo do caminho que nos leva à água, indispensável à
“Grande Israel”.
As
igrejas cristãs sionistas nos EUA repetem essa mensagem todos os domingos. Se
você não acredita neles, é porque é algum tipo de antiamericano antissemita e
tem de se exterminado. Ou talvez seja um desprezível terrorista muçulmano a ser
submetido a simulação de afogamento, até confessar. A “Segurança Doméstica”
fará picadinho de você, como fizeram dos russos/chechenos muçulmanos
terroristas em Boston, que tentaram explodir a Maratona.
Quero
dizer é que... como nós, povo indispensável, levaremos liberdade e democracia
ao mundo, se os russos mantêm uma
base naval em nosso mar? Como projetaremos força, se projetamos tal fraqueza a
ponto de admitir base de potência estrangeira na nossa exclusiva esfera de
influência, a milhares de milhas de distância de nossas fronteiras? Não
esqueçam: as fronteiras dos EUA são as
fronteiras do mundo. Como diz nosso hino: “Do mar ao mar brilhante”. Não esqueçam.
Vladimir Putin
Claro, não queremos
confrontos com outra potência militar nuclear, mas o jeito de contornar isso é
demonizar o governo sírio e a Rússia por apoiar o governo de um oftalmologista
e “brutal ditador” que resiste contra a tentativa da al-Qaeda para tomar a
Síria e financiada com dinheiro de Washington. Nossos mestres em Washington
podem usar a ONU e todos os nossos bem pagos estados-satélites para pressionar
os russos a calarem o bico e saírem do nosso caminho. Quer dizer: por que Putin não aceita todas aquelas
ONG pagas com nosso
dinheiro pelas ruas de Moscou empenhadas em derrubar seu governo?
Quero dizer, quem Putin pensa que é, para atravessar-se à frente de nossa
hegemonia sobre o universo e, além do mais, também à frente da hegemonia sobre
o Oriente Médio que Deus deu a Israel? Quero dizer, Putin está em campo, e em
campo estão aqueles malditos chineses.
Quero dizer, sério, quem essa gente pensa que é? Norte-americanos?! Aqueles
chinas nunca ouviram falar do nosso controle sobre todo o Pacífico? Quero
dizer, qual é? Os chinas são surdos? Saíram para o almoço?
Quero
dizer, sério, como poderemos os norte-americanos chegar ao Paraíso, se não
obedecemos ao que Deus mandou fazer e entregamos todo o Oriente Médio a Israel, como Israel reza e rezam as
sagradas escrituras? Quero dizer, sério, vocês querem desobedecer à vontade de
Deus e assar no Inferno? Ali, em vez das virgens que os muçulmanos prometem, é
só fogo, você será queimado vivo. Melhor você escolher o lado certo, antes de
morrer.
Quero
dizer, sério, quem quer acabar assim? Melhor os EUA darmos cabo da Síria, o
mais depressa possível, como Israel ordenou. Se os EUA não obedecermos ao que
Israel diz-que Deus disse... estamos fritos!“
FONTE: escrito por Paul Craig
Roberts, do “Institute for
Political Economy”, sob o título original “If you want
to go to heaven, you had better get busy overthrowing Syria”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e transcrito no blog “Redecastorphoto” [Dados do autor obtidos
no Wikipedia: “Paul Craig Roberts (born April 3, 1939) is an American economist and a columnist for Creators Syndicate. He
served as an Assistant Secretary of the Treasury in the Reagan Administration and was noted as a co-founder of Reaganomics. He is a former editor and columnist for the Wall Street Journal, Business Week, and Scripps Howard News Service”] (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/04/se-os-eua-nao-fizermos-o-que-israel-diz.html).
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