Do iG:
Segundo
Sergio Machado, entrar no mercado externo é o desafio da indústria naval
brasileira
A indústria naval brasileira
renasceu e o objetivo agora é torná-la competitiva internacionalmente, avalia
Sergio Machado, presidente da Transpetro, o braço de logística da Petrobras. E
expectativa é chegar a esse ponto em 15 anos – metade do tempo levado pelas atuais potências do ramo para chegar ao
topo.
“Atingimos
o primeiro pilar, que é voltar a produzir navio no Brasil. Atingimos o segundo
pilar, que é 65% [de utilização de insumos nacionais]. E agora estamos na luta
do terceiro pilar que é ser competitivo em nível mundial”, disse Machado,
durante entrevista sob o tema “Os
desafios da logística no Brasil”, promovida pelo jornal “Brasil Econômico”
e pelo “portal iG”.
Entrevistado por Octávio Costa,
editor-chefe do “Brasil Econômico”, e Rodrigo de Almeida, diretor de jornalismo
do “iG”, Machado
lembrou que, embora 95% do comércio exterior brasileiro seja feito por vias
marítimas, só 4% é transportado por empresas nacionais. A essa demanda, soma-se
a existente em razão do subaproveitamento da malha hidroviária (a terceira maior do mundo) em favor da
rodoviária e, principalmente, aquela criada pelo pré-sal.
“A
indústria naval já era estratégica. E um país que vai ter de explorar o pré-sal
a quilômetros da costa cada vez vai precisar de sondas, plataformas, barcos de
apoio”, diz ele. “E aí o Brasil não
tem opção por não ter navios. Precisamos de navio para o nosso comércio
internacional e agora para a exploração da Amazônia Azul."
Para além do mercado interno,
Machado defende que a indústria mire o mercado externo hoje liderado por Japão,
Coreia do Sul e Noruega. Embora o Brasil já tenha estaleiros capazes de atingir
o mesmo nível de qualidade, o custo de se produzir no País os torna menos
atrativos.
“A
gente quer atender o mercado brasileiro e o internacional”, diz Machado. “E
acho que, em 15 anos, o Brasil vai atingir o que os outros levaram 30 anos. Com
isso, nós vamos ser competitivos em nível mundial não só em qualidade como no
preço”.
DESAFIOS: QUALIFICAÇÃO E PREÇO DO
AÇO
O presidente da Transpetro elencou
como os dois principais desafios à competividade da indústria naval brasileira
a carência de pessoal qualificado e o preço elevado do aço. No primeiro caso,
além de programas de formação, a Transpetro tem estimulado a importação de mão
de obra especializada. Da Coreia do Sul, por exemplo, vieram dez profissionais
com mais de 25 anos de experiência.
No caso do aço, Machado admitiu uma
“queda de braço” com os produtores brasileiros. A alternativa – e que acabou funcionando como instrumento de
pressão – foi importar, apesar de o minério de ferro estar no topo da pauta
de exportação do País.
“Verifiquei
que o preço do aço no Brasil era 40% a 50% mais caro do que o que os estaleiros
asiáticos estavam recebendo”, disse Machado. “Conversamos muito. No início, não houve compreensão, houve
queda-de-braço e nós tínhamos que importar. Hoje, compramos mais do Brasil do
que de qualquer outro lugar.”
Para “tirar os estaleiros da zona de conforto”, segundo Machado, também
foram realizadas visitas para identificar os entraves ao aumento da
produtividade.
“O
começo foi difícil e é natural. Mas agora, nos últimos 18 meses, já recebemos
cinco navios. Neste ano, serão mais dois, no ano que vem [2014] são seis.
Depois, oito. A indústria começou a se movimentar dentro da rota certa.”
O presidente da Transpetro ressaltou
o papel do “Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro” (PROMEF)
no estímulo à indústria naval brasileira. O projeto já levou à criação de três
novos estaleiros (“Atlântico Sul” e “Complexo
Industrial Portuário do Suape”, ambos em Pernambuco, e “Estaleiro Rio Tietê”,
em São Paulo) e prevê a construção de 49 navios, com índice de
nacionalização mínimo de 65% para os 23 primeiros e 70% para os 26 restantes.
No âmbito do PROMEF, por exemplo,
foram encomendados ao “Rio Tietê” 20 empurradores e 80 barcaças que vão ajudar
a economizar 80 mil viagens de caminhão.
A entrevista com o presidente da
Transpetro é primeira ação do programa ‘Caminhos
para o Desenvolvimento – os desafios do País para garantir um crescimento
econômico sustentável’. Estão programados mais três debates sobre as áreas
de energia, mineração e agroindústria. Após a série de discussões, o “Brasil
Econômico” e o “iG” realizarão
um seminário sobre todos os setores abordados.”
FONTE: portal iG. Transcrito no portal de
Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/industria-naval-quer-ser-competitiva-no-mercado-externo). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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