segunda-feira, 22 de abril de 2013

THATCHER E O 'OBJETIVO ESTRATÉGICO'


“Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica, morreu. O seu enterro realizou-se quarta-feira, 17. A polêmica sobre o seu [dispendioso] funeral [com recursos públicos] estalou na sociedade britânica, e com razão. A “dama de ferro” era tudo menos uma figura consensual. Ela é idolatrada pelos círculos mais reacionários, pelo grande capital e pela coroa britânica.

Por Ângelo Alves, no jornal “Avante!”, de Portugal

Mas, do outro lado, não é assim. Para os trabalhadores, os pobres, os mais desfavorecidos, a “dama de ferro” não é um exemplo a seguir. A morte de um ser humano é sempre motivo de pesar, tal não está em causa. Mas isso não pode apagar o passado e muito menos servir para fazer a apologia de uma ideologia radical neoliberal com traços fascizantes.

Thatcher movia-se por uma ideologia profundamente reacionária, antissocial, autoritária, repressiva, nacionalista, imperialista e colonial. Quem faleceu e foi enterrada é a mesma pessoa que, quando era Ministra da Educação, em 70-74, aboliu o leite escolar para as crianças entre os 7 e os 11 anos; fez da década de 80 um pesadelo para os trabalhadores e o povo britânico; confrontada com a greve dos mineiros em 1984, destacou 20 000 policiais para a reprimí-la de forma brutal; declarou guerra ao movimento sindical; «partiu-lhe a espinha» e quase aboliu o direito à greve. Thatcher privatizou tudo o que havia para privatizar na Grã-Bretanha; aboliu, na prática, no início da década de 80, o salário mínimo, e fez triplicar o desemprego em apenas três anos do seu governo. A “dama de ferro” é a da guerra colonial das Malvinas, a do ‘Poll Tax’ (o imposto baseado no princípio de que os que menos ganham têm de pagar proporcionalmente mais) e a da tentativa, derrotada dentro do seu próprio partido, de abolir os sistemas públicos de Saúde e Educação.

Foi essa mulher que faleceu e foi enterrada, não outra. É por isso muito elucidativo que, na Assembleia da República [em Portugal], PSD e CDS/PP [espécie de demotucanos de Portugal] tenham apresentado um voto de pesar que afirma que Thatcher ‘é seguramente uma referência política para toda a Europa’ e que ‘a melhor forma de homenageá-la será honrar o seu mandato, aprender com a sua experiência e assumir o seu patrimônio de liderança com determinação e objetivo estratégico’. E que o PS, sim o PS, o tenha votado favoravelmente! Por aqui se vê o quão próximos estão no ‘objetivo estratégico’.”

FONTE: escrito por Ângelo Alves, membro da Comissão Política do PCP [em Portugal]. Artigo publicado no jornal português “Avante!” e transcrito no portal “Vermelho”  (
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=211369&id_secao=9) [Imagem do Google, trechos entre colchetes e pequenas adaptações para o idioma português do Brasil adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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