sábado, 27 de abril de 2013

A DOR DA MÃE DO “TERRORISTA”

Sra. Zubeidat

Por Urariano Mota

“No caso dos estranhos suspeitos do atentado em Boston, estranhos, porque de suspeitos passaram rápido para a condição de “terroristas”, caçados à bala nas ruas e na imprensa, destaco um depoimento da mãe dos mais odiados homens hoje nos Estados Unidos.

“Repórter: O que eles (Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev) disseram para você?

A mãe, Zubeidat:
Nada. “Eu te amo, mamãe. Eu te amo, mamãe”.

Repórter: Ok.

Mãe: ... Tamerlan era o mais gentil, o mais amoroso, o garoto mais amoroso. O mais amoroso, meu garoto. Eles o mataram. Eles o mataram. Eu vi meu filho, eu não estava acreditando naquilo. Até que vi o corpo do meu filho na minha frente. Ele foi morto muito cruelmente. Sabe o que eu acho? Eu acho que agora eles vão tentar fazer meu Dzhokhar culpado, porque eles tiraram a voz dele, a habilidade de ele falar para o mundo. Sabe por que eles fizeram isso? Eles fizeram isso porque não querem que a verdade apareça, Ok? O protetor deles é Deus, que é Allah. O único Allah, Ok?

Repórter: Eu entendo.

Zubeidat: Se eles matarem meu filho, eu não ligo... Meu mais velho foi morto e eu não ligo. Não ligo se meu mais novo for morto hoje.
Quero que o mundo ouça isso. E não ligo se eu for morta também. Ok? E direi: "Allahu Akbar" (Deus é Grande). Isso é o que vou dizer”.

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Houve pessoas, porque até prova em contrário são pessoas, que reagiram a esse “não ligo” com o espanto, frente a mais uma manifestação desumana, coisa típica de mãe de “terrorista”, “terrorista” ela própria também. Outras houve que a desprezaram, assim como desprezamos a dor que não é nossa, porque pertence a outro gênero de animais, que não são nem os nossos de estimação. Ou a desculparam, na fórmula cínica que fala “para as mães, todo filho é inocente”. No entanto, prefiro ver que nessa dor existe muita clarividência. Se não, acompanhem, por favor, os fatos, somente os fatos:

Um dia depois do atentado das bombas em Boston, o mais novo dos “irmãos terroristas”, Dzhokhar Tsarnaev, 19, voltou para a Universidade de Massachusetts. “Como se nada tivesse acontecido”, dizem as notícias. Uma estudante que não quis se identificar e se disse amiga de Tsarnaev disse ao "Boston Globe" que o suspeito foi a uma festa na noite de quarta-feira (17), dois dias após o atentado. A universidade confirmou que Tsarnaev usou a academia de ginástica do campus e dormiu em seu quarto na quarta-feira. Até a quinta-feira, o jovem frequentou as aulas normalmente. E tudo “como se nada tivesse acontecido”. “Quanta frieza!”...

Na tarde da quinta (18), o FBI divulgou fotos de Tsarnaev e o considerou suspeito do crime ao lado de seu irmão Tamerlan. Quando começou a perseguição, os já “terroristas” Tsarnaev estavam indo para uma festa em Nova York, na última quinta-feira. E o que aconteceu? Depois de ligar para mãe, quando se despediu aos gritos “Mãe, eu te amo”, Tamerlan correu contra os policiais, “cheio de bombas no corpo”, disseram depois, e mandou balas sozinho contra o cerco. E o “terrorista” mais jovem, o que fez? Atropelou o ferido mais velho Tamerlan, tentando fugir da polícia nos subúrbios de Boston. Levado ao hospital, socorrido, Tamerlan deu entrada coberto de feridas dos pés à cabeça. Depois, apesar dos cuidados, faleceu. OK?

No grande final, o jovem Dzhokhar Tsarnaev é descoberto em um quintal de uma casa em Watertown, perto de Boston. E “troca tiros”, mais uma vez, com a polícia, segundo a polícia. No entanto, o jornal “The Washington Post” revela agora que o mais novo terrorista não estava armado quando se escondia no barco onde foi atingido por vários tiros. Mas, segundo a polícia, Tsarnaev havia tentado resistir à prisão e “disparado” contra policiais antes de se render. Mais: quando foi retirado do barco, que foi destruído pelas balas durante o cerco policial, ele estava encharcado de sangue e ferido gravemente na garganta. Mas os ferimentos foram “causados pelo próprio jovem”, que teria tentado se matar. Sem armas, mas atirando contra si, enquanto era caçado como um rato, escondido em um barco.

Em resumo, as vozes mais críticas dizem que estamos diante de um  “scapegoat”, mais conhecido no Brasil pelo nome de “bode expiatório”. A reunião desses fatos e as versões da polícia nos levam a crer que estamos diante de mais uma encenação, típica dos anos da ditadura no Brasil. Nas notícias agora de Boston, a dor vem de uma muçulmana enlouquecida, que grita “I don’t care, ok?”. Zubeidat Tsarnaeva pode ser ouvida aqui.” 

FONTE: escrito por Urariano Mota, pernambucano, jornalista, autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo. Artigo publicado no site “Direto da Redação”  (http://www.diretodaredacao.com/noticia/a-dor-da-mae-do-terrorista).

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