Panelaços
em Coro, Puerto Ordaz, Puerto La Cruz, San Cristóbal, Maracaibo, Cabimas,
Barquisimeto, Los Teques, Cumamá, Valencia, Maracay e Caracas, incluindo zonas
populares, como Caricuao e El Cementerio.
Henrique Capriles, o candidato da oposição
derrotado na eleição presidencial da Venezuela, já convoca marchas de protesto
para as ruas.
Com 234 mil votos a mais, o chavista
Nicolás Maduro venceu Capriles. Bastaria a metade mais 1 voto, mas a vantagem
de menos de 2% levará a uma batalha. No mínimo, política. Vejamos quem está na
luta, e por que está.
Capriles:
Em dezembro, ele se elegeu governador do estado Miranda, que abriga parte da
capital. Capriles teve 50,35% dos votos. O Conselho Eleitoral era o mesmo, as
urnas eletrônicas idem. Capriles teve apenas 28 mil votos a mais que o
adversário, o primeiro vice-presidente da Era Chávez, o hoje chanceler Elias
Jaua.
Maduro:
Com a morte de Chávez, o presidente provisório largou na frente na curtíssima
campanha de três semanas. Com uma vantagem que poderia ser, ao mesmo tempo, um
problema. O choque com o desaparecimento do líder parecia oferecer grande liame
emocional junto à população chavista. Maduro abrigou-se sob a sombra do líder
morto. Com a campanha correndo, a sombra tornou-se grande demais.
O que era positivo, a favor, com as
comparações foi se transformando em problema. Pesquisas detectaram isso. E aí
se viu o adversário, Capriles, criar a frase que atacava Maduro e absolvia e
glorificava Hugo Chávez. Capriles, quem diria, disse e repetiu: "Maduro não é Chávez".
Capriles quer recontagem de votos. É de se
ver no que dará isso tudo. Ele pode conseguir, está no seu papel, o de fazer
política. Em junho, aconteceriam eleições municipais, mas com esse pleito agora
antecipado e realizado, o de junho será adiado. Mas terá que acontecer o mais
breve possível. Há riscos políticos para Capriles se, nas ruas, os eventos
fugirem ao controle, vierem os confrontos, a violência.
E há mais nesse enredo, a instigar a guerra
de desgaste desde já. Criação de Chávez, na metade de qualquer mandato popular
pode se dar um referendo para revogá-lo ou não. Para isso, basta 20% do
eleitorado assinar e cobrar o referendo. É óbvio que Capriles tem 20%, mas será
preciso mantê-lo e consolidar sua liderança na oposição. Também por isso o
barulho.
Em 2004, Chávez enfrentou um referendo.
Venceu com diferença de 19% dos votos. A oposição não queria aceitar. Alegou
fraude, com apoio dos Estados Unidos e da OEA. O ex-presidente Jimmy Carter,
observador internacional com seu “Centro Carter”, atestou a lisura do referendo
e ajudou a desatar o nó. Agora, os Estados Unidos e OEA [novamente] cobram a
recontagem.
A não ser que se prove fraude, na Venezuela
isso não necessariamente ajudará Capriles no médio e longo prazos. Se vierem
confrontos e violência, o governo tratará de lembrar aos chavistas que agora
votaram na oposição o que aconteceu há 11 anos. Então, um golpe midiático e
militar derrubou Hugo Chávez acusado de ser um ditador; Chávez havia tentado um
golpe, 10 anos antes, contra o presidente Carlos Andrés Pérez.
Em abril de 2002, após derrubar Chávez na
madrugada do dia 12, em menos de 24 horas a oposição fechou o Congresso, a
Corte Suprema e derreteu todos os poderes. Capriles, então prefeito de Baruta,
pulou o muro da embaixada de Cuba para prender governistas refugiados. Os EUA
trabalharam pelo golpe e apoiaram o novo governo. George W. Bush era o
presidente. O mesmo Bush que perdeu a eleição popular para Al Gore, não aceitou
recontagem e levou no tapetão, nas cortes.
Por que tanto? Por que tudo isso? Por que
tanto interesse? Porque a Venezuela, um país árabe que fala espanhol, tem a
primeira ou segunda maior reserva de petróleo do mundo por mais um século. Na
segunda-feira, 15, empresas em Caracas liberaram seus funcionários mais cedo.
Para evitar riscos de confrontos.Toda essa tensão e história começam a chegar
às ruas. A se levar em conta o passado recente, pode acabar em confrontos e
violência.”
FONTE:
por Bob Fernandes, no portal “Terra Magazine” (http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2013/04/16/venezuela-crescem-a-tensao-e-o-risco-de-confrontos-e-violencia/).
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