sábado, 2 de março de 2013

ITALIANOS VOTARAM ROTUNDO NÃO À POLÍTICA DOS BANQUEIROS


[Mesmo com o apoio explícito de Ângela Merkel (Alemanha), o candidato italiano Mário Monti, funcionário do norte-americano “Goldman Sachs”, obteve escassos 10% dos votos]


“Houve um tempo, o do Renascimento, em que os principados italianos faziam da política uma obra de arte, como constatou o historiador Jacob Burckhardt em seu livro sobre a “Civilização do Renascimento” na Itália.

Violentos uns, astutos, outros, sábios alguns mais, aos príncipes italianos não faltava inteligência na escolha de seus conselheiros militares e políticos. A esses, confiavam as táticas e estratégias, na condução do poder interno e na defesa dos interesses externos. Eram homens que só se dedicavam a mandar e, mandando, conservar o poder. Um dos segredos da sobrevivência de tais estados era a autonomia de cada um deles, assegurada com a astúcia e com a força, posto que viviam em estado permanente de guerra.

A Itália viveu dias gloriosos na unificação da Península, há um século e meio, na repetição da aliança entre guerreiros e pensadores políticos (Garibaldi com a espada, Cavour e Mazzini com as letras). As vicissitudes históricas posteriores, entre elas uma monarquia tão ambiciosa quanto débil, levaram o estado unitário a capengar, desde o surgimento do fascismo, com Mussolini, até os nossos dias.

Garibaldi, ao partir de Roma para a campanha do Norte, disse aos membros do parlamento provisório, que nada podia prometer, senão “muito trabalho, sangue, suor e lágrimas”. A frase foi plagiada mais tarde por Theodore Roosevelt e passou a história como sendo de Churchill, que a repetiu em seu mais famoso discurso.

Croce, ao resumir o fascismo italiano, disse que Mussolini fora um palhaço que o Rei Vittorio Emmanuele III levara a sério. Ele, o mais lúcido pensador italiano daquele tempo, foi convidado pelos norte-americanos a chefiar um governo de transição e, sabiamente, recusou, conforme seu diário político datado de 25 de fevereiro de 1944. Talvez, como Ortega y Gasset, pensasse que o mal dos tempos modernos está em que os que pensam, ou acham que pensam – como Mário Monti – querem mandar, e os que mandam, querem pensar.

Os partidos de centro-esquerda, com Bersani, nem a coligação de direita de Berlusconi, conseguiram maioria, necessária ao sistema parlamentarista para governar. Um cômico de televisão, Beppe Grillo, com linguagem populista, tirou do centro-esquerda os votos que lhe dariam a maioria. Espera-se que ele os devolva, aceitando uma aliança com Bersani.

Mussolini se apoiara na Alemanha de Hitler; o atual presidente da Itália, Giorgio Napolitano, comunista “pentito”, vai “consultar” Ângela Merkel, a fim de buscar uma solução para a crise.

De qualquer forma, à esquerda e à direita, o povo italiano disse um não rotundo à política – exigida pelos banqueiros – de arrocho contra os trabalhadores, com o apoio da ditadora econômica do continente, a germaníssima Merkel. Seu candidato explícito, Mário Monti, funcionário do ‘Goldman Sachs’, obteve escassos 10% dos votos.”

FONTE: escrito por Mauro Santayana, em seu blog e transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/santayana-um-rotundo-nao-a-politica-dos-banqueiros.html).[Título e subtítulo modificados por este blog 'democracia&política'].

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