terça-feira, 1 de abril de 2008

AS INCRÍVEIS ASCENSÃO E QUEDA METEÓRICAS DE CESAR MAIA

Fico perplexo. Nunca vi uma mudança de popularidade tão brusca e em tão curto tempo.

Há poucos meses, na abertura do Jogos Pan-americanos, pensei que presenciava o renascimento das cinzas de um novo líder de projeção mundial.

No Maracanã, a população vaiar personalidades, até mesmo presidentes da república, é um fato corriqueiro. Até santas senhoras mães de juízes e bandeirinhas são estrondosamente apupadas todos os domingos.

O fato assombroso que presenciei foi outro. Pensei que ali ocorria o surpreendente reconhecimento de um grande líder carismático do mundo: César Maia, do DEM (PFL), prefeito do Rio de Janeiro.

A GLÓRIA REPENTINA

Quando o locutor ou os discursantes mencionavam as palavras “prefeito”, ou “governo municipal”, ou “César Maia”, uma parte do estádio aplaudia fortemente. Muitos se levantavam civilizadamente para bater palmas e ovacionar com todas as suas forças. Logo, uma boa parte dos demais presentes nas arquibancadas também fazia o mesmo.

Aquele impressionante reconhecimento da popularidade de César Maia e, em conseqüência, do poder do DEM(PFL) no Brasil, estava sendo retransmitido para o mundo todo, em cadeias de TV.

A VAIA

Por outro lado, quando eram mencionadas as expressões “governo do Estado”, “governador”, “governo federal”, “presidente da república”, “Lula”, aquelas mesmas expressivas partes da população presente apupavam longa e freneticamente.

Nos dias seguintes, todos os canais de TV, revistas e jornais dedicaram imensos espaços e tempos ao fulgurante novo astro. Os representantes dos partidos da oposição (PSDB, DEM-PFL e PPS) no senado e na câmara foram também as eufóricas estrelas da nossa grande mídia por muitos e muitos dias. O presidente Lula, coitado, era ironicamente depreciado e ridicularizado por “ter sido condenado pelo povo na frente do mundo”.

A QUEDA VERTICAL

A minha surpresa foi testemunhar, agora, poucos meses após, o mergulho e o desaparecimento na atmosfera midiática daquele brilhante e fugaz meteoro.

Pensei nisso ao ler hoje o seguinte artigo de Antônio Góis em um dos principais jornais ligados ao PSDB/DEM, a Folha de São Paulo:

MAIA TEM A SUA PIOR AVALIAÇÃO, DIZ DATAFOLHA

“No pico da crise de dengue e após uma campanha de boicote ao IPTU na cidade, o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), vê sua avaliação atingir os piores índices no atual mandato.

Segundo pesquisa do Datafolha realizada em 26 e 27 de março, o percentual de cariocas que avaliam sua gestão como ruim ou péssima chegou a 43%, menos 12 pontos percentuais em relação à última pesquisa (de novembro) e menos 18 pontos em relação a março do ano passado.

Foi a primeira vez, desde que o Datafolha começou a pesquisar sua avaliação neste mandato, que o percentual do conceito ruim ou péssimo apareceu à frente das avaliações regular (30%) e ótimo ou bom (25%).

A maior reprovação acontece entre pessoas mais velhas, mais escolarizadas e de maior renda. Entre cariocas com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, o percentual de respostas ruim ou péssimo chega a 63%. Entre os que têm mais de 45 anos, o percentual é de 51%. Na população com escolaridade superior, é de 50%.

A predominância da avaliação ruim ou péssima, no entanto, é verificada em todas as faixas de renda, idade ou escolaridade analisadas. Com uma única exceção: entre os jovens de 16 a 24 anos, o conceito mais citado foi o regular (42%).

Analisando a série histórica disponível do Datafolha desde 93 -quando Maia iniciou o primeiro de seus três mandatos-, em só um período, por 12 meses, o percentual de reprovação se manteve maior que agora.

Em dezembro de 1993, 50% dos cariocas avaliavam Maia com o conceito ruim ou péssimo.

Em junho de 1994, esse percentual chegou ao pico de 56% e, em dezembro de 94, ficou em 55%. A partir daí, suas avaliações melhoraram.

O Datafolha entrevistou 644 eleitores em 26 e 27 de março. A margem de erro é de quatro pontos percentuais.”

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