O blog “Cidadania.com” postou hoje um ótimo artigo. Foi por ele apresentado justamente para estimular o debate sobre esse importante tema: Lula poder concorrer a um 3º mandato presidencial.
Esse assunto tem sido muito recorrente e combatido pela oposição e pela grande mídia. Na semana que passou, também foi expresso pelo vice-presidente José Alencar.
Antes de reproduzir o artigo do “cidadania”, acrescento um detalhe sobre o ex-presidente peruano Fujimori, citado no texto abaixo, do referido blog.
Eu me recordo que, na década de 90, em pleno auge do governo FHC/PSDB/PFL, tão admirado e enaltecido pela grande mídia e pelos EUA, eu tentei aprender, com as constantes e muito televisivas aulas do presidente-sociólogo, o que é ser democrata.
Prestei atenção nas palavras e ações do então presidente FHC, dito intelectual e renomado lutador pela democracia. Mas fiquei confuso.
Nosso ex-presidente foi à segunda posse do presidente peruano, também reeleito e batizado de neoliberal. Fujimori fechara o Congresso no primeiro mandato, instaurara a censura, comprara votos para se reeleger (por US$ 15,000.oo cada, dez vezes menos do que o preço no Brasil, segundo a nossa imprensa) e prendera seus principais opositores políticos.
No Peru, FHC não o criticou. Ao contrário. Em seu discurso, enalteceu Fujimori como “grande democrata”! A nossa imprensa nativa e cativa deu muito destaque às belas e profundas palavras de FHC, sem nenhuma contestação.
Voltando a 2008, transcrevo o artigo de Eduardo Guimarães:
“TERCEIRO MANDATO”
“A mídia e a oposição tucano-pefelista (como vocês sabem, considero uma heresia chamar o PFL de "democratas") entraram em pânico com recente declaração do vice-presidente da República, José de Alencar, de que muitos brasileiros querem que Lula continue a governar o país depois de 2010. E também fizeram campanha contra a pretensão do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de aprovar um projeto de reforma constitucional que lhe permitiria candidatar-se outra vez à reeleição.
Em ambos os casos, os grandes meios de comunicação, o PSDB e o PFL, sempre juntos, produziram incontáveis matérias jornalísticas qualificando re-reeleições como "golpismo".
No caso de Lula, a coalizão tucano-pefelê-midiática só se acalmou depois que o presidente produziu veementes discursos contrários à obtenção de um terceiro mandato, mesmo sendo através de plebiscito.
No caso de Chávez, a artilharia contra um seu terceiro mandato só amainou depois que o venezuelano foi derrotado no referendo à reforma constitucional em seu país.
Eu mesmo, cheguei a considerar que um terceiro mandato para Lula atentaria contra a democracia.
Porém, comecei a ser perseguido por dúvidas nessa questão. O que tem acontecido no país neste ano, com a desvairada ofensiva midiática para ferir de morte a suposta candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, tem me mostrado que, em termos de atentado à democracia, os inimigos de um terceiro mandato para o presidente da República na mídia e na oposição podem dar aulas.
Mas não é só essa campanha antidemocrática da mídia e da oposição para difamarem uma mulher como Dilma, só porque acham que ela poderá ser o "poste" que Lula indicará para concorrer à sua sucessão, que me gerou dúvidas quanto a um terceiro mandato para o presidente configurar atentado à democracia.
Não entendo por que essa aversão da mídia e da oposição a mudança das regras do jogo com este em andamento, como seria um presidente permitir que seus aliados no Poder Legislativo propusessem mudança constitucional que lhe facultasse concorrer a outro mandato.
Não entendo isso simplesmente porque, quando Fernando Henrique Cardoso apresentou a emenda da reeleição em 1997, a mídia, os tucanos e os pefelês não falaram em "golpismo".
E tampouco estão falando disso num momento em que o partido do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, apresenta ao TSE colombiano 260.864 assinaturas pedindo que ele possa se candidatar a um terceiro mandato; e o beneficiário da iniciativa, aplaude.
A conclusão que inevitavelmente tem-se que extrair da conduta tucano-pefelê-midiática é a de que as regras "democráticas" que querem para Chávez ou Lula não foram as mesmas para FHC, para Alvaro Uribe e - lembro em boa hora - para o ex-presidente e delinqüente de extrema direita peruano Alberto Fujimori, que, no passado, arrancou um terceiro mandato para si sem que a mídia, o PSDB e o PFL dissessem um ‘A’.
Obviamente que não depende de minha vontade ou opinião Lula permitir que seus aliados no Congresso proponham reforma da Constituição que lhe permita re-reeleger-se. E o próprio presidente repudiou com veemência essa possibilidade.
Porém, a mesma veemência de Lula foi usada pelo governador José Serra, em 2004, quando prometeu que se os paulistanos votassem nele para prefeito ele permaneceria no cargo até o fim de seu mandato. Serra rompeu o compromisso e a mídia, o PSDB e o PFL aceitaram o rompimento com uma docilidade "comovente".
Bem, eu estava hesitando em publicar este post, porque não tinha certeza de que esse seria um bom caminho para o país, mas num momento em que essas forças do atraso que são o PSDB, o PFL, a Veja, a Folha, o Estadão, os Globos e congêneres mostram que tentarão destruir qualquer candidatura que o PT e Lula propuserem, tudo muda de figura.
Acho, portanto, que Lula e seus aliados deveriam considerar que, se é para enfrentar a sabotagem da mídia tucano-pefelista a qualquer candidatura petista que ameace se fortalecer, que essa candidatura seja a do presidente.
A partir de agora, portanto, passo a defender que os aliados de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso apresentem ali proposta de um plebiscito no qual os brasileiros decidirão se querem ou não que o presidente possa disputar a própria sucessão em 2010.
Essa é a minha nova opinião sobre esse assunto, mas gostaria de conhecer as opiniões de vocês.”
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2 comentários:
O terceiro mandato virá em 2015. Em 2011 a gente bota a Dilma lá e o Lula fica de chefe da Casa Civil ou ainda de Ministro de Relações Institucionais, ou ainda na Integração Nacional, viajando pelo Brasil para tocar as obras do PAC.
Concordo. Parece uma idéia muito melhor e talvez deglutível pela direita. Contudo, nesse quadro, imagine o ambiente de guerra na grande mídia. Haverá edições especiais de jornais e revistas contra uma cocada que o Lula comeu etc. Mas será o preço por um Brasil melhor.
Maria Tereza
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