Li hoje no blog de Luis Favre:
“Em qualquer outro lugar do mundo, todos estariam interessados em preservar a Petrobrás.
No Brasil, temos uma parte da oposição que está, talvez, com reminiscências de tentativas frustradas anteriormente, de privatizar a Petrobrás e, agora, estão tendo uma recaída”, declarou Ideli Salvatti (senadora PT-SC).
A frase provocou uma reação irritada dos tucanos e de FHC.
Segundo nota distribuída à imprensa ontem, FHC declara que o PSDB “como qualquer brasileiro decente, deseja apenas saber se há ou não deslizes graves na administração da companhia”. Como qualquer brasileiro decente deseja saber se a governadora Yeda Criusus, do PSDB de Rio Grande do Sul, cometeu ou não as gravíssimas acusações feita contra ela pelos seus próprios correligionários, é o PSDB recusa toda e qualquer CPI; o “brasileiro decente” e os motivos invocados por FHC são argumentos de circunstância.
Pode-se levar a serio a afirmação, também contida na nota, negando qualquer vontade privatizadora da Petrobras por parte dos tucanos, como real motivação da CPI?
Dois fatos, públicos e notórios, permitem duvidar da palavra dos dirigentes do PSDB.
Durante a campanha de 1998 FHC reiteradamente negou qualquer mudança no sistema de paridade do Real com o Dólar, desvalorizando o Real imediatamente após ter sido re-eleito. A crise de 1998-1999 teve como consequência um aumento do número de pobres em 1,8 milhão (ver Apesar da crise, cai o número de pobres no País) e torrou uma boa parte da riqueza nacional. A palavra de FHC, como se viu na época, serviu para um grande estelionato eleitoral.
O segundo fato, aparentemente menos grave, porem não menos esclarecedor sobre o valor da palavra tucana, foi a carta assinada por José Serra assumindo o compromisso, se eleito, de cumprir seu mandato a frente da Prefeitura, a qual abandonou como era sua intenção, 1 ano depois.
Mas o que pesa mais na desconfiança sobre as intenções reais dos tucanos em relação a Petrobras, alem dos seus compromissos ideológicos em favor das privatizações e do Estado mínimo, é que a vontade de privatizar a Petrobras já foi tentada durante o segundo mandato de FHC, com o surrado argumento que, sendo a Petrobras empresa com capital em bolsa, ela já era quase privada. A venda do controle do governo permitiria simplesmente assegurar os recursos que a empresa precisaria para poder se modernizar. A mudança do nome Petrobras, para Petrobrax, era o primeiro passo.
O projeto mudava o nome da Petrobrás para PetroBrax, sob o argumento de que seria melhor para internacionalizar a empresa. Diante da reação negativa, o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu voltar atrás, apesar de o presidente da Petrobrás, Henri Philippe Reichstul ter insistido. Joelmir Beting, explicava “A Petrobras era uma empresa nacional de petróleo. A Petrobrax será uma corporação transnacional de energia. Eis como o presidente da estatal, Henri Philippe Reichstul, explica e justifica a adoção, pela Petrobras, da marca corporativa Petrobrax. Sim, sem abrir mão da razão social Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras)” (O Globo 29/12/2000)
Emir Sader, no seu blog, relembra: “Na crise de 1999, subiram as taxas de juros a 49%, para tentar segurar o capital especulativo e impuseram uma recessão de que a economia só voltou a se recuperar no governo Lula. Entre as cláusulas secretas da Carta de intenções assinadas nesse momento, a imprensa revelou que constava a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica.”
FHC talvez seja o porta-voz menos indicado para dar crédito a ideia que o PSDB renunciou a toda e qualquer vontade de privatizar a Petrobrás. Ele que não hesitou em rasgar a própria constituição para se autorizar um outro mandato de presidente, mesmo após ter jurado fidelidade a Carta Magna, parece não ter, aos olhos do povo brasileiro, as credenciais necessárias para dar valor a palavra empenhada.”
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