segunda-feira, 2 de maio de 2011

EXÉRCITO ESGOTA CAPACIDADE DE ATUAR COMO ‘EMPREITEIRO’ EM OBRAS FEDERAIS

                          Ponte feita pelo Exército

GENERAL DIZ AO ‘ESTADO’ QUE CORPORAÇÃO OPERA NO LIMITE, SOBRETUDO EM PROJETOS DO PAC

Tânia Monteiro – “O Estado de S.Paulo”

“A Engenharia do Exército está com sua capacidade de emprego no limite e a Força não tem mais condições de atender a qualquer novo pedido de ajuda do Palácio do Planalto. A "empreiteira" Exército atende, preferencialmente, a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e trabalha, hoje, nas obras de sete aeroportos, três rodovias e na transposição do Rio São Francisco, não tendo mais como ajudar na infraestrutura dos estádios da Copa.

"Toda a nossa capacidade operativa está completamente empenhada", disse ao “Estado” o chefe interino do Departamento de Engenharia e Construção do Exército, general Joaquim Brandão. "Não tenho reserva", completou, sobre a falta de pessoal e equipamentos. Segundo o general, "se houver emergência ou urgência", o Exército terá de "parar alguma obra para atender à necessidade premente".

Os 12 batalhões de Engenharia e Construção e os 12 batalhões de Engenharia de Combate estão envolvidos em 40 projetos, o que dá o total de 50 obras espalhadas pelo Brasil. Ao todo, a engenharia do Exército conta 10 mil homens -750 permanentemente envolvidos com a missão brasileira no Haiti.

Por causa das atuais limitações, o Exército não pôde atender o pedido do Planalto e do governo do Espírito Santo para que a Força se envolvesse com a construção do terminal do aeroporto de Vitória. Há duas semanas, o então presidente em exercício Michel Temer -a presidente Dilma Rousseff estava na China- chamou o general Brandão a seu gabinete para conversar com o governador capixaba, Renato Casagrande (PSB), e a bancada de parlamentares do Estado. Eles pediram que o Exército assumisse e executasse a obra.

Habituados a usar o Exército como "pau pra toda obra", o vice-presidente, o governador e a bancada do Espírito Santo ouviram o general dizer que não tinha como atendê-los. Ele lembrou que o Exército já finaliza os projetos de pátio, pista e acesso do aeroporto de Vitória, mas não tem pessoal disponível, até dezembro, para trabalhos extras.

"Podemos entrar com a fiscalização, mas isso não adiantaria o processo em quatro meses, como gostariam os representantes do Espírito Santo", comentou.

Apesar da capacidade esgotada, a Força não pretende aumentar o corpo de oficiais da Arma da Engenharia -o número de militares que trabalham nessa área "está dimensionado para o que o Exército precisa", diz o general.

O Exército faz as obras, executa trabalho de adestramento do seu pessoal para as emergências e ainda prepara jovens que estão prestando o serviço militar para trabalhar na construção civil, quando deixarem a tropa.

"Fazendo esse trabalho social, a empresa privada já recebe esses homens prontos", disse o general, acrescentando que 50% das obras que o Exército está executando são do Programa de Aceleração Econômica (PAC).

Segundo o general, entre as 50 obras em andamento, algumas são de difícil execução.

"Se recebemos uma missão, vamos executá-la. Sabemos que obras mais difíceis e mais complexas são entregues à Força. Aceitamos e não discutimos. Apenas executamos", disse, lembrando que as decisões do governo são "uma missão".

MAIS BARATO

O general evita comparar o custo das obras feitas pela corporação com as tocadas pela iniciativa privada, mas diz que os dois grupos trabalham lado a lado no País. O governo, no entanto, sempre que enfrenta problema de superfaturamento de obras chama o Exército para baixar custos, sob a alegação de que, quando isso ocorre, os preços ficam, pelo menos, 30% mais baratos que o original.

O presidente do Tribunal de Contas da União, Benjamin Zymler, disse que o uso dos batalhões de engenharia do Exército não desencadeou nenhum processo no tribunal. Ele preferiu não comentar sobre a participação do Exército em obras do governo [por ser previsto em leis]. O Palácio do Planalto não se manifestou sobre o tema.”

FONTE: reportagem de Tânia Monteiro publicada no “O Estado de S.Paulo” e transcrita no site “DefesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/defesa/noticia/803/Exercito-esgota-capacidade-de-atuar-como-‘empreiteiro’-em-obras-federais) [imagem do Google e entre colchetes adicionados por este blog].

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