segunda-feira, 9 de maio de 2011

SETOR ESPACIAL PRECISA DE ‘EMBRAER’, DIZ CHEFE DA AEB


EM REUNIÃO DE CIENTISTAS, PRESIDENTE DA AEB DIZ QUE FALTA SINCRONIA NO SETOR

Presidente do Inpe, no entanto, reclama de poucos recursos e do papel assumido pela própria agência espacial

O PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO PRECISA DO SETOR PRODUTIVO PARA DECOLAR.

É isso que afirmou o presidente Da AEB (Agência Espacial Brasileira), Marco Antonio Raupp, durante a reunião magna da ABC (Academia Brasileira de Ciências).

"Não existe hoje no setor espacial do Brasil nenhuma empresa que conduza as atividades como a Embraer faz no setor aéreo", disse Raupp.

A AEB é hoje responsável por formular e coordenar a política espacial brasileira.

Isso significa investir em observação da Terra em distâncias curtas para, por exemplo, obter dados sobre queimadas na Amazônia, clima e previsão de safra.

A elaboração dos projetos espaciais e o acompanhamento do que está sendo feito ficam por conta do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, do Comando da Aeronáutica) e do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do MCT).

"O INPE faz pesquisa, forma pessoas, projeta satélites, operacionaliza as atividades. Não dá para uma instituição fazer tudo", disse Raupp. Ele era diretor do instituto até assumir a AEB, em março.

"Temos um satélite a cada quatro anos. Mas um programa espacial só sobreviveria se fizesse quatro satélites por ano", completou o cientista.

LIMPANDO A CASA

Desde que chegou à AEB, Raupp está fazendo uma "varredura" na agência para entregar um relatório ao ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).

Para ele, há problema de sincronia de iniciativas no setor. Exemplo disso é o CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão.

Recentemente, a torre de lançamento de Alcântara foi reconstruída depois de uma série de incidentes. Mas ainda não houve nenhum lançamento [de satélite].

O primeiro satélite a ser lançado do CLA, o CBERS-4, projetado pelo INPE [com a China], deve partir somente em 2014.

Outros, com lançamento previsto no exterior, como o Amazônia-1, estão com atraso de alguns anos.

Consultado pela ‘Folha’, o diretor do INPE disse que os atrasos acontecem por simples falta de recursos.

"Não houve investimento espacial no governo FHC. A retomada dos recursos aconteceu em 2004", disse. [Nos anos 90, provavelmente pela natural submissão demotucana (e até simpatia) às pressões dos EUA, as atividades espaciais brasileiras foram estranguladas até a quase morte. O setor de satélites (INPE) sofreu menos, pois os EUA (e França) gostavam de ser regiamente pagos para colocar em órbita nossos satélites. Nossos projetos de lançadores e do centro de lançamento sempre (e cada vez mais) foram por eles fortemente embargados, inclusive utilizando como aliada a nossa própria grande mídia].

Mas, para Câmara [diretor do INPE], além da falta de dinheiro, o setor espacial brasileiro sofre pelo modo como é gerido.

"A NASA brasileira é o INPE, e não a AEB", disse. "A criação da agência foi imposta goela abaixo", completou.”

FONTE: reportagem de Sabine Righetti publicada na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0805201101.htm) [imagem do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].

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