sábado, 25 de abril de 2009

AMÉRICA LATINA JÁ SAI DA CRISE

A agência espanhola de notícias EFE ontem publicou a seguinte reportagem de Teresa Bouza (li no UOL):

FMI E BANCO MUNDIAL ELOGIAM BASE SÓLIDA DA AMÉRICA LATINA PARA ENFRENTAR CRISE

“Washington, 24 abr (EFE).- A América Latina está chegando ao fundo do poço e começará, a partir de agora, a se recuperar, afirmou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI), que, assim como o Banco Mundial (BM), elogiou o fato de a região ter pilares mais sólidos do que no passado para enfrentar a crise.

"Estamos chegando ao fundo do poço provavelmente enquanto conversamos", disse em entrevista coletiva o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, Nicolás Eyzaguirre.

As declarações do representante do FMI foram feitas apenas dois dias depois que o Banco Mundial acusou a instituição de ser "pessimista demais" sobre a região, ao prever uma contração da economia de 1,5%, frente ao 0,6% do BM.

Hoje, porém, o Fundo deu um pouco de esperança, ao ressaltar que a América Latina sairá do buraco antes que os países desenvolvidos, que só começarão a se reerguer no começo de 2010.

As palavras de Eyzaguirre coincidiram com a realização de um seminário sobre as perspectivas da região na sede do BM, que contou com a participação do presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes, e do ministro das Finanças colombiano, Óscar Zuluaga.

Os dois contaram com a companhia do presidente do Banco Central do Chile, José de Gregorio, do subsecretário de Fazenda mexicano, Alejandro Werner, e do ex-ministro venezuelano de Planejamento Ricardo Hausmann, atualmente professor da Universidade de Harvard.

Os palestrantes concordaram em ressaltar que a região está muito mais bem preparada para enfrentar a crise do que no passado, apesar de precisar encarar desafios sérios, como a proteção das conquistas em matéria econômica e social observada dos últimos anos.

Nesse sentido, Funes afirmou que, no caso da América Central, a atual crise é o principal risco para a democracia e à convivência pacífica, pelos potenciais efeitos no desemprego, na pobreza e no aumento do abismo social.

O presidente salvadorenho ressaltou que, apesar das restrições orçamentárias pelas quais passam países como o seu, é preciso manter os programas de proteção social para que os mais pobres não precisem pagar a conta da crise desta vez.

O ministro da Fazenda colombiano insistiu também na necessidade de garantir as conquistas dos últimos anos.

Zuluaga explicou que o Governo colombiano implementou políticas anticíclicas, que incluem a proteção das redes sociais para fazer frente a um desemprego crescente e os investimentos em setores como infraestrutura, para estimular a criação de postos de trabalho.

Ele destacou a necessidade de encontrar o equilíbrio entre a estabilidade econômica e o progresso social.

Em linha com o defendido pelo FMI, o subsecretário de Fazenda mexicano, Alejandro Werner, explicou que o México começa a ver os primeiros sinais de estabilização no mercado de trabalho e nas vendas internas, que começaram a aumentar.

Por sua vez, a responsável do BM para a América Latina, Pamela Cox, afirmou que a contração da demanda por emprego afetará, principalmente, os trabalhadores urbanos do setor formal da economia.

Isso leva o Banco Mundial a concluir que a crise afetará mais, "proporcionalmente", a classe média da região.

Cox lembrou que a América Latina conseguiu tirar da pobreza quase 60 milhões de pessoas durante o período de crescimento que experimentou entre 2002 e 2008.

"Agora, quatro milhões poderiam cair na pobreza devido à crise", alertou.

A especialista do BM ressaltou que a crise já afeta todos os aspectos da economia latino-americana através da queda dos preços das matérias-primas, da redução da demanda, da diminuição dos fluxos de remessas e do investimento direto.

De qualquer forma, ela insistiu em que não há uma crise financeira sistêmica, como em outras regiões do mundo. "A América Latina não é o Leste Europeu", afirmou.

"A maioria dos mercados latino-americanos se livrará dos sintomas de crise passadas: enormes desvalorizações, aumentos nas taxas de juros, altas da inflação, colapsos bancários, moratórias da dívida", apostou.

Cox afirmou que isso é possível graças ao fato de a região ter "feito o certo" ao adotar as políticas macroeconômicas e fiscais adequadas, assim como regulações sensatas no setor financeiro.”

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