Li hoje no site “vermelho” o seguinte texto escrito por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
“Os jornais engrossam o esforço para minimizar as conseqüências do grotesco bate-boca protagonizado na quarta-feira (22/4) pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o ministro do STF Joaquim Barbosa. A imprensa tenta esclarecer as divergências que democratizam o plenário da corte suprema, traçando os perfis dos magistrados, suas origens e tendências políticas, mas dá amplo espaço para declarações segundo as quais não há uma crise no STF.
É como se o Brasil oficial, aquele que preenche a agenda política e alimenta o noticiário com suas declarações e querelas, pretendesse criar um limite para o que o público pode ou não pode saber sobre os bastidores dos poderes da República. Acontece que o episódio foi transmitido pela TV Justiça, ao vivo, e, capturado por internautas, está disponível para quem queira assistir. Mas recomenda-se tirar as crianças da frente do computador. O espetáculo não homenageia as instituições democráticas.
O Globo, que ultimamente tem aplicado certo humor de gosto duvidoso sobre temas de alta gravidade, saiu para o lado da galhofa. O texto em questão, que ocupa uma página inteira, compara a discussão entre os magistrados a uma briga de rua. Mas, no meio da blague, o autor do texto observa que a referência de Barbosa a supostos "capangas" de Gilmar Mendes produz "uma boa linha investigativa". Está aí, de fato, uma pauta que atiça a curiosidade dos leitores. Mas será que os jornais vão se interessar?
MAIOR APOIO
E o que há por trás do desentendimento entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, personagem corriqueira na mídia, e o ministro que se notabilizou por aceitar a denúncia contra os acusados do escândalo chamado de mensalão?
Segundo revelam os jornais, além de desentendimentos pessoais de longa data, entre os quais despontam certas referências étnicas, os dois magistrados sustentam no plenário pesadas divergências de fundo doutrinário.
O ministro Joaquim Barbosa, primeiro e único representante de afrodescendentes a chegar ao Supremo Tribunal, defende a atuação agressiva da Polícia Federal e do Ministério Público nos crimes de colarinho branco. O presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, manifesta-se publicamente contra o que chama de abusos nas investigações, e tem tomado decisões controversas em pedidos de habeas corpus de réus de grande repercussão.
Discretamente, a imprensa pende em favor de Gilmar Mendes, mas Joaquim Barbosa parece contar com maior apoio do público. A crise que a imprensa tenta abafar não deixa de existir se sair do noticiário.”
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