Li ontem na Folha de São Paulo o seguinte artigo de Clóvis Rossi, enviado especial da Folha a Port of Spain:
“Em entrevista coletiva após o fim da 5ª Cúpula das Américas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou uma reunião que, segundo ele, criou "um novo jeito de nos enxergarmos". Os latino-americanos, ele disse, têm que parar de achar que são "pobrezinhos e subdesenvolvidos". (CR)
CÚPULA
Lula fez uma avaliação positiva do encontro. "Muita gente esperava que fosse uma batalha campal [...] e o dado concreto é que a guerra não aconteceu. Aconteceu uma reunião em clima excepcional. Criamos um novo jeito de nos enxergarmos."
VIZINHOS
Pela primeira vez, Lula admitiu francamente as dificuldades com vizinhos como Paraguai (pelo preço da energia de Itaipu) e Bolívia (pelo gás).
"Eu sei como o Lugo [Fernando Lugo, presidente paraguaio] enxerga o Brasil, eu sei como o Evo [Morales, presidente da Bolívia] enxerga o Brasil. O Brasil é grande. Então as pessoas estão sempre achando que o Brasil é culpado por alguma coisa que acontece com eles. Muitas vezes culpamos os outros sem olhar a perversidade de nossa elite política. [É preciso] repartir responsabilidades entre o que é ingerência externa e o que é subserviência e erro de nossa própria classe dirigente."
G20 x ALBA
Lula contou que, na reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) com Obama, no sábado, fizera questão de rebater a crítica da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) ao G20, tratado pelos boliviarianos como "grupo exclusivo" que deixara de fora todo o resto do planeta.
EUA E AL
"Obama deve ter tomado um banho de América Latina", disse o presidente. Em consequência, o brasileiro espera que se crie "uma nova dinâmica, de parceria" nas relações entre as duas partes.
Mas Lula também defendeu que os latino-americanos tomem "conta do próprio nariz", o que significa, por exemplo, não deixar para os EUA o combate ao narcotráfico. "Temos que parar de achar que somos pobrezinhos e subdesenvolvidos."
LIDERANÇA
Como já fizera em Londres, Lula negou que o Brasil exerça um papel de liderança. "Nenhum país dá procuração a outro para falar em nome dele. Quem se arvorar em líder vai quebrar a cara."
CUBA
Ele disse que os cubanos não pediram para ninguém representá-los na cúpula, no que é um desmentido indireto a Chávez e ao nicaraguense Daniel Ortega, que assumiram ostensivamente a representação cubana.
Para Lula, "da Patagônia ao México, todo mundo é favorável à entrada de Cuba na cúpula".
CHÁVEZ E EUA
Lula contou que tentou várias vezes intermediar um encontro entre George Walker Bush e Hugo Chávez, o que foi impossível porque "Chávez tem a convicção de que Bush foi o responsável pelo golpe" [de 2002, que afastou Chávez do poder por algumas horas].
Recentemente, na Venezuela, dissera a Chávez que, com Obama, era a hora de tomar a iniciativa de promover o encontro.
Aproveitou para dar uma leve alfinetada em Chávez, que presenteou Obama com o livro "As Veias Abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano: "Li [o livro] há muitas décadas", disse Lula.”
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