O jornal Folha de São Paulo ontem publicou a seguinte reportagem de Juliana Rocha:
CORRENTE DE COMÉRCIO COM O PAÍS ASIÁTICO CRESCEU 12,5% NO PRIMEIRO TRIMESTRE
ENQUANTO EUA COMPRAM MENOS, BRASIL CONSEGUE, MESMO EM MEIO À CRISE, AUMENTAR A SUA PARTICIPAÇÃO NAS IMPORTAÇÕES CHINESAS
“Com o crescimento das exportações para a China, o país asiático pode tomar dos Estados Unidos o lugar de principal parceiro comercial do Brasil. O fechamento das portas comerciais norte-americanas levou o governo e os empresários brasileiros a encarar o consumo chinês como uma oportunidade de reduzir os danos da queda do intercâmbio global de produtos e serviços.
No primeiro trimestre deste ano, a corrente de comércio (exportações mais importações) com a China somou US$ 7,011 bilhões, um crescimento de 12,5% em comparação com os três primeiros meses de 2008. Esse aumento foi todo puxado pelas exportações, que subiram 63% no período, enquanto as importações registraram queda.
Com os Estados Unidos, o movimento foi oposto. A corrente de comércio caiu 19% no primeiro trimestre, para US$ 8,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, o comércio Brasil-EUA era quase o dobro do comércio Brasil-China. Também no primeiro trimestre, as exportações para os americanos caíram 38%, embora as importações tenham registrado ligeira alta.
O Brasil tem conseguido aumentar as exportações para a China em um período em que as importações do país asiático apresentam queda. Em março, segundo dados divulgados pelo governo chinês, as importações do país caíram 25,1% em comparação com março de 2008.
Os principais produtos exportados para a China ainda são commodities (minérios, grãos, aço). As vendas desses produtos para o país asiático cresceram mais de 100%. Já para os EUA, os principais produtos exportados são de maior valor agregado, como máquinas e aviões, mas as quedas de vendas giram entre 75% e 26%.
MILHÕES DE CONSUMIDORES
O diretor da Câmara de Comércio Brasil-China e consultor da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), Márcio Sette Fortes, lembra que o país asiático tem uma classe média consumidora de 400 milhões de pessoas, mais que o dobro de toda a população brasileira. Por isso, é importante o Brasil investir na promoção comercial e na diversificação de produtos exportados. "A China vai se recuperar antes dos Estados Unidos dessa crise", diz Fortes.
Por isso, o Brasil está mais interessado em investir nas negociações com a China do que em tentar convencer o governo norte-americano a reduzir mecanismos protecionistas.
Entre 17 e 22 de maio, o presidente Lula fará uma visita ao país do presidente Hu Jintao. Terá a companhia de um grupo de empresários e do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. A visita terá forte cunho comercial.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) está organizando um grupo que pretende acompanhar Lula à China. O diretor da área internacional da federação, Roberto Giannetti da Fonseca, lembra que a China é um dos poucos países do mundo que não entraram em recessão, embora tenha reduzido o crescimento. Por isso, o interesse do empresariado brasileiro em fortalecer os laços comerciais com o país.
"Não é impossível que, em breve, a China esteja em primeiro como principal parceiro comercial do Brasil", afirma Giannetti da Fonseca.
Para ele, o Brasil poderá oferecer mais produtos alimentícios e da área de energia, duas grandes demandas da China atualmente. "O Brasil tem condições de exportar energia renovável, álcool e petróleo, produtos de que a China tem uma demanda explosiva", diz.”
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