O jornal Valor Econômico publicou ontem a seguinte reportagem de Virgínia Silveira (Obs: onde se lê “jato Super Tucano”, leia-se “turboélice Super Tucano”):
“A Marinha dos Estados Unidos (US Navy) estuda a possibilidade de vir a adquirir quatro aeronaves Super Tucano, jato fabricado pela Embraer, para avaliação operacional dentro do Programa "Imminente Fury", conduzido pela sua nova seção de Guerra Irregular (guerra contra insurgência). Um exemplar do turboélice brasileiro, segundo fontes ligadas a Embraer, já vem sendo testado há cerca de um ano, pela Marinha americana, para provar o conceito de aeronave de apoio aéreo próximo para suas forças de operações especiais em conflitos.
O programa americano, de acordo com reportagem publicada na última edição da Air Forces Monthly, da Inglaterra e do site Defense News, dos EUA, está agora à espera de recursos, estimados em US$ 44 milhões, para entrar na chamada fase II, que prevê o leasing de mais quatro jatos Super Tucano e a sua colocação em combate o mais rápido possível.
O primeiro Super Tucano vendido para os EUA, como avião demonstrador de conceito, foi recebido pela US Navy através de operação de leasing, feita pela companhia local EP Aviation, do conhecido grupo americano de segurança privada Blackwater.
A Embraer confirma a venda de um Super Tucano em 2008 para a EP Aviation, mas informou que não comentaria a utilização do avião pelo governo dos EUA nem a informação de que a Marinha americana tem interesse em adquirir um lote de quatro jatos.
Duas fontes do setor, que acompanharam de perto as negociações de venda do Super Tucano para a EP Aviation, afirmam ao Valor que a aeronave também já foi testada pela Força aérea dos EUA (USAF) em uma missão secreta na Colômbia, em operação real de combate às FARC. A Força aérea da Colômbia possui e opera uma frota de 25 Super Tucano.
"O governo da Colômbia tem ótimas relações com os EUA e existe muita cooperação entre as Forças Armadas dos dois países, principalmente de apoio operacional aos helicópteros comprados dos EUA e usados no combate ao narcotráfico e a guerrilha", explicou a fonte.
A idéia do programa Imminent Fury, de acordo com a revista Air Forces Monthly, é obter uma aeronave de dois lugares (biplace), com um piloto e um operador de sensores, que possam permanecer na área de operações enquanto durarem as missões. Para isso, seria necessário um avião com capacidade de operar a partir de pistas não preparadas ou rodovias, além de ser reabastecida em poucos minutos para voltar rapidamente à ação.
O jato Super Tucano foi projetado para decolar de pistas em condições precárias, inclusive em missões noturnas, pois é uma aeronave robusta e conta com um avançado sistema de navegação e ataque. "A avaliação inicial do Super Tucano na US Navy foi positiva. Existe a recomendação de aquisição de mais unidades por ele ter sido considerado um avião válido para uso na chamada "Guerra Irregular"" , comentou a fonte.
O turboélice brasileiro tem o conceito de avião que voa mais alto e com mais velocidade que um helicóptero e mais baixo e menos veloz que um caça, ideal para os conflitos irregulares. "Sem contar que tem um custo bem mais baixo que o de um caça e pode ser usado para treinamento de pilotos que estão sendo preparados para voar em jatos", disse a fonte.
Seu concorrente mais próximo, o T-6, fabricado pela americana Beechcraft, embora esteja sofrendo algumas alterações, com vistas a uma nova versão - AT-6B - ainda é considerado inferior ao Super Tucano, sob diversos aspectos. O principal deles é o fato de ainda estar em desenvolvimento, enquanto o Super Tucano já foi produzido, certificado e operado com sucesso e em combate real, não só no Brasil, como também na Colômbia, em regiões de características comprovadamente hostis.
Outro ponto a favor do Super Tucano é a sua capacidade para carregar armamentos. Enquanto o treinador brasileiro pode levar até 1,5 tonelada de equipamentos numa missão, o AT-6B, só consegue carregar 500 quilos de carga paga.
Concebido para atender aos requisitos operacionais da Força aérea Brasileira (FAB), especialmente na região Amazônica, o Super Tucano já vem sendo considerado uma referência mundial na área de treinamento avançado e ataque leve. O vice-presidente de Defesa da Embraer, Orlando Ferreira Neto, disse em entrevista recente sobre o mercado de defesa que o Super Tucano tem um potencial de comercialização de 700 unidades nos próximos 10 anos.
O custo da versão básica do jato Super Tucano é da ordem de US$ 10 milhões. Em 2008, segundo Neto, o Super Tucano foi responsável por mais da metade das exportações da área de defesa da Embraer, que totalizaram US$ 504 milhões. Este ano, o modelo foi comprado pela República Dominicana (8) e pelo Equador (24). A FAB encomendou 99, já recebeu 67 e está em fase de recebimento de mais cinco ainda este mês.
De olho neste mercado, a Embraer está tentando firmar uma parceria com empresas norte-americanas do setor de defesa para tornar possível a venda dos Super Tucano nos EUA. "Desde o ano passado, a Embraer vem conversando com várias empresas, especialmente a Lockheed Martin e a Northropp", disse a fonte. Estimativas feitas por especialistas em defesa apontam a possibilidade de venda de pelo menos 100 unidades do Super Tucano para o governo americano.”
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