Por Luiz Carlos Azenha
“Dezenas de milhares de presos brasileiros, que cumprem pena em regime semiaberto, trabalham.
Não é nenhum privilégio: está previsto na legislação. Assim como está prevista a remissão de pena, ou seja, a redução da pena em função dos dias trabalhados.
Não há nada de excepcional nisso.
Pergunta básica sobre um preso hipotético: José da Silva é responsável pelas ações daquele que o emprega?
Se a empresa que acolheu José da Silva for condenada por tráfico de drogas, se sonegar Imposto de Renda [sem alusão à “Globo”...] ou se for de propriedade de um laranja [sem alusão ao "Grupo Abril/TVA"], José da Silva deve pagar também por isso?
Resposta óbvia: não.
Qualquer tentativa em sentido contrário significa punir por associação.
Diz, com razão, o advogado de José Dirceu:
“A constituição societária do hotel St. Peter não diz respeito a meu cliente. Por que 400 pessoas podem trabalhar no hotel e o ex-ministro não? Esse hotel é antigo em Brasília, tradicional, mas para alguns parece que foi inaugurado ontem. Juntamos toda a documentação necessária para que meu cliente possa trabalhar e espero a decisão da Justiça”.
O que o “Jornal Nacional” está tentando fazer é “punir” um hotel que ofereceu um emprego a José Dirceu. É punir o preso por práticas supostamente ilícitas do hotel, o que é um absurdo jurídico.
Ou isso, ou a “Globo” está tentando lançar no ar uma ilação: José Dirceu seria o dono oculto do hotel que pretende empregá-lo, através de um laranja num refúgio fiscal, o Panamá.
Mas, aí, eu também posso fazer uma ilação: José Dirceu comprou parte da “Abril”, com o objetivo de calar Victor Civita.
Sim, porque, como revelou um sítio [“O Cafezinho”], a mesma empresa do “laranja” envolvido com o hotel Saint Peter — que ofereceu emprego a José Dirceu — comprou parte da TVA, da "Abril".
Já pensaram nisso? José Dirceu compra a “Veja” para torná-la uma publicação esquerdista!
Por falar em ironia, o blogueiro Mello desafiou a “Globo” a ir fundo não apenas no Panamá, mas também nas ilhas Virgens Britânicas, onde uma certa “Globo Overseas” comprou os direitos de transmissão das copas de 2002 e 2006 usando uma "empresa de fachada". A palavra não é minha, é da Receita Federal.
O que a “Globo” está tentando fazer no caso de Dirceu equivale ao Mello pedir que William Bonner seja punido por eventual sonegação fiscal dos empregadores dele, os irmãos Marinho!
Quarta-feira, a “Globo” mobilizou três pessoas para fazer valer sua tese de que o escândalo diz respeito ao preso José Dirceu: Álvaro Dias e “ministros” do Supremo Tribunal Federal. Nem Gilmar Mendes, nem Marco Aurélio Mello, ouvidos, foram assim tão enfáticos. Mello, aliás, lembrou que não falava como juiz do caso. Por motivos óbvios: a decisão de permitir ou não que José Dirceu trabalhe não tem relação alguma com o fato de o hotel pertencer a um laranja ou a marcianos.
O que a “Globo” quer é vingança. É evitar que José Dirceu tenha os mesmos direitos de dezenas de milhares de outros presos que cumprem pena em regime semiaberto. Direito ao trabalho. À ressocialização.
A “Globo” não quer que a lei seja cumprida. Ou quer que ela seja cumprida seletivamente. É isso o que se esconde por trás do “jornalismo” do Ali Kamel.”
FONTE: escrito pelo jornalista Luiz Carlos Azenha em seu portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/denuncias/a-logica-torta-da-globo-no-caso-de-jose-dirceu.html).
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