sábado, 7 de dezembro de 2013

“BATALHAS NA INTERNET”, A VERDADEIRA GUERRA


BATALHAS NA INTERNET”, A VERDADEIRA GUERRA TEM LUGAR NA REDE GLOBAL 


Por Andrei Smirnov e Igor Siletsky, no “Russia Today”

A cimeira ‘Parceria Oriental’ não justificou as expectativas dos seus organizadores. Kiev não assinou o “Acordo de Associação com a EU”. Não obstante, o Ocidente continua a exercer pressão sem precedentes na Ucrânia. E, nessa guerra, as declarações dos políticos são apenas a parte visível do iceberg, pois a verdadeira guerra tem lugar na rede global.

Como é que as tecnologias modernas são empregadas na manipulação das disposições da sociedade, quais são os métodos psicológicos com que estão equipados os serviços secretos virtuais? As respostas são dadas por peritos do “Laboratório de Projetos Promissores da Rússia” numa entrevista exclusiva à “Voz da Rússia”.

O barulho em torno do “Acordo de Associação com a União Europeia” na Ucrânia é simplesmente o exemplo de “batalhas na Rede” mais próximo em termos temporais. As tecnologias da luta virtual pelas disposições da sociedade são experimentadas talvez há tanto tempo quanto existe a Internet.

Da sua eficácia, nos últimos tempos, podemos julgar pelos acontecimentos da “primavera árabe”. Com alguns cliques de um "mouse" faz-se o que, na era antes do aparecimento da “Net”, exigiria meses de trabalho árduo e conspiração. Um apelo corretamente lançado nas redes sociais pode aumentar, como uma bola de neve, e trazer para a rua milhares de manifestantes, o que aconteceu há dois anos na Tunísia, Egito e em outros países [como o Brasil].

A Internet é um instrumento que permite levar a informação até ao consumidor final. E a sua principal vantagem é a velocidade, assinala Igor Nezhdanov, dirigente do "Departamento de Guerras de Informação" no "Laboratório de Projetos Promissores":

“A informação difunde-se momentaneamente: enorme quantidade de pessoas pode lê-la logo após a sua publicação. A segunda propriedade é a ausência de fronteiras. Não é importante onde você se encontra e publica, porque ela pode ser lida por qualquer habitante do planeta. Terceira, a simplicidade da consciência das chamadas “personalidades virtuais”. Ou seja, você pode atuar na Internet escondendo-se por detrás de ilimitada quantidade de máscaras. Você pode criar a ilusão que, com o seu adversário, conversam milhares de pessoas, enquanto, na realidade, você está sozinho”.

Todas essas particularidades da Internet ajudam a levar de forma eficaz, rápida e massiva a informação até todo um auditório. E para que seja assimilada da forma que deseja a pessoa que encomenda, são utilizados métodos já verificados no tempo, continua Igor Nezhdanov:

Os métodos são os mesmos que antes se utilizavam nos meios de informação, na propaganda, na publicidade. Por exemplo, a “socialização da informação”. Isso significa que as pessoas se inclinam mais para acreditar nas palavras de outras. E as redes sociais são aquilo que realmente é necessário. Ao entrar nelas, o utilizador supõe que as pessoas se comunicam entre si, manifestam a sua opinião. E, por isso, você confia mais nessa opinião do que na opinião de fontes oficiais. 


Funciona também o “efeito do rebanho”. Quanto mais utilizadores falam da mesma coisa (na realidade, podem ser várias personagens virtuais dirigidas por uma só pessoa), mais rápido você acredita nisso. 

Existe, ainda, o chamado “efeito do primeiro amor”: as pessoas acreditam na opinião que ouvem pela primeira vez. Em conjunto, esses efeitos permitem abranger, praticamente, todas as pessoas que lhe interessam, pois o principal é que elas estejam na Internet.

Resumindo, quem utiliza com maior eficácia essas particularidades da rede global, em conjugação com as particularidades da psicologia humana, vence na guerra da informação. É para ele mais fácil manipular todo o "seu auditório", empurrando-o para algumas ações ou para não atuarem.

Em geral, essas tecnologias são bem conhecidas e estão bem estudadas; há muito que são empregadas no Ocidente. É verdade que, no fundamental, são do conhecimento de especialistas. Mas, infelizmente, a maioria dos usuários da Internet nem desconfia que um vídeo, à primeira vista inocente, forma neles determinada disposição, afirma Igor Nezhdanov, um homônimo do nosso perito anterior, especialista em diagnóstico psíquico:

O lançamento de vírus é um dos métodos mais simples. Podem ser vídeos curiosos, anedotas, pequenos textos, que, por si sós, são interessantes, originais e emocionais. Mas, ao mesmo tempo, podem conter uma informação que se pretende levar a um ou outro “emitente”. Na maior parte das vezes, claro que é o interesse comercial de empresas que utilizam isso.

Em alguns casos, trata-se de jogos políticos, uma tentativa de criar uma predefinição política na sociedade. Há tecnologias baseadas em algumas figuras influentes na Internet. Pode ser um blogger com milhares de seguidores que influi realmente na disposição das pessoas. Há formas para isso. Por exemplo, quando utilizam o lançamento massivo com a participação de contas “mortas”. Por exemplo, para cobrir de muitos comentários qualquer figura”.

É difícil encontrar no mundo uma pessoa que se sinta bem ao tomar consciência do seguinte: a sua forma de pensar é um conjunto de chavões impostos por alguém. Para não nos vermos perante essa desagradável revelação, devemos seguir recomendações simples.

Não se deixar levar pelo “efeito do primeiro amor”, procurar confirmações de qualquer informação que mereçam confiança. A análise sensata da situação nunca, até hoje, fez mal a alguém. E não vale a pena responder ao primeiro apelo e correr para barricadas virtuais, porque há sempre como reserva mais um minuto para pensar.”

FONTE: escrito por Andrei Smirnov e Igor Siletsky, na “Voz da Rússia”. Publicado no site “DefesaNet”   (http://www.defesanet.com.br/cyberwar/noticia/13286/%E2%80%9CBatalhas-na-Internet%E2%80%9D--a-verdadeira-guerra-tem-lugar-na-rede-global/).

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